sexta-feira, dezembro 15, 2006
segunda-feira, dezembro 11, 2006
quarta-feira, dezembro 06, 2006
sábado, dezembro 02, 2006
uma garota que não se importava que sua saia levantasse com o vento. e pernas de camponesa, quase violentas. vi daqui, digitando essas inutilidades. porque são, não? oscar niemeyer, do alto dos seus 90 e tantos anos, foi entrevistado recentemente pela milionésima vez e llhe perguntaram: Mestre, qual é a coisa mais importante do mundo? e ele respondeu, na lata: a mulher, sem dúvida nenhuma.
sexta-feira, dezembro 01, 2006
where´s my mind? perguntavam os pixies.
sinto que a minha está retornando, aos poucos. ainda desconfiada de que vai de fato poder ir para qualquer direção, depois de um ano tão produtivo, mas tão em linha reta. o primeiro bom sinal é talvez que cansei de ler bobagem. quando estava trabalhando insanamente, era só o q ue conseguia ler. e dê-lhe james bond, nero wolfe, romances policiais, de terror... nesses primeiros dias de férias li the supremacy bourne e me dei conta de que estava cansado de que me distraíssem de mim mesmo. sabe quando, 600 páginas depois, você se dá conta de que nenhuma idéia nova cruzou seu cérebro? scary.
a primeira leitura significativa de volta está sendo everything is illuminated, de jonathan safran foer, que é tudo que o hype prometia e mais. ao contrário dos pocket books habituais, onde 100 páginas não faziam diferença, cada parágrafo me encanta, me faz rir insanamente e na linha seguinte volta, como uma serpente, com coisas novas que não estavam antes em meu cérebro. como todo grande livro, não é exatamente um livro. é uma caixa de maravilhas, uma loja do oriente com cimitarras, caixas de música, esqueletos dançantes e cobras ensinadas. Jonathan safran foer é demoniacamente talentoso.
ah sim, e voltei a desenhar. em uma noite fiz uma meia dúzia de aguadas que me lembraram que estou vivo. o tempo está determinado que eu não tenha chance de ir à praia, mas também há de acontecer em breve. e mais postais virão. por enquanto, c´est tout.
sinto que a minha está retornando, aos poucos. ainda desconfiada de que vai de fato poder ir para qualquer direção, depois de um ano tão produtivo, mas tão em linha reta. o primeiro bom sinal é talvez que cansei de ler bobagem. quando estava trabalhando insanamente, era só o q ue conseguia ler. e dê-lhe james bond, nero wolfe, romances policiais, de terror... nesses primeiros dias de férias li the supremacy bourne e me dei conta de que estava cansado de que me distraíssem de mim mesmo. sabe quando, 600 páginas depois, você se dá conta de que nenhuma idéia nova cruzou seu cérebro? scary.
a primeira leitura significativa de volta está sendo everything is illuminated, de jonathan safran foer, que é tudo que o hype prometia e mais. ao contrário dos pocket books habituais, onde 100 páginas não faziam diferença, cada parágrafo me encanta, me faz rir insanamente e na linha seguinte volta, como uma serpente, com coisas novas que não estavam antes em meu cérebro. como todo grande livro, não é exatamente um livro. é uma caixa de maravilhas, uma loja do oriente com cimitarras, caixas de música, esqueletos dançantes e cobras ensinadas. Jonathan safran foer é demoniacamente talentoso.
ah sim, e voltei a desenhar. em uma noite fiz uma meia dúzia de aguadas que me lembraram que estou vivo. o tempo está determinado que eu não tenha chance de ir à praia, mas também há de acontecer em breve. e mais postais virão. por enquanto, c´est tout.
sexta-feira, novembro 24, 2006
quinta-feira, novembro 23, 2006
6 coisas que quero fazer no sul nesse final de ano:
comer uma empada folhada gordurosa daquelas do aquários.aqui só tem do tipo massa podre.
comer nojeiras sem fim nas parrilladas. aqui não tem.
tomar cerveja patrícia. aqui não tem.
ver gabi cantar. aqui não tem.
visitar os amigos. aqui tem, mas são poucos.
ver mulher bonita. aqui, se tem, estão muito bem escondidas.
comer uma empada folhada gordurosa daquelas do aquários.aqui só tem do tipo massa podre.
comer nojeiras sem fim nas parrilladas. aqui não tem.
tomar cerveja patrícia. aqui não tem.
ver gabi cantar. aqui não tem.
visitar os amigos. aqui tem, mas são poucos.
ver mulher bonita. aqui, se tem, estão muito bem escondidas.
então. acabando o furacão. parecia que nunca. fizemos uns 15 livros esse ano e a maior parte concentrada nesses últimos 3 meses. onde 12, 14 horas por dia, finais de semana, feriados... ainda que (quase sempre) feliz. grandes trabalhos. e agora, felizmente, gloriosamente, vêm as férias. nunca pareceram tão merecidas. ao sul, si? rever os amigos, queridos, oh saudade de todos. e na volta, trabalharei mais por mim. ano que vem começam de fato meus livros, minha vida de desenhista. 2006 foi muito bom. e 2007 vai ser melhor. se houvesse um deus, eu estaria agradecendo a ele. como não há, ao menos para mim, agradeço ao caos: como dizia benedetti - gracias por el fuego.
terça-feira, novembro 07, 2006
que chocante - minutos inteiros de inatividade. você olha ao redor, espantado: algo deve estar errado. como é que não há nada para se fazer ( ou duas ou três coisas) exatamente nesse minuto? uau. parece que nossa avalanche livresca chegou a um fim. ou a uma pausa, melhor. um respiro. produzimos um monte de livros para o natal. é hora de vê-los sair da gráfica, beijar os parentes (e por supuesto presenteá-los com nossas criações) e começar tudo de novo. vamos criar livros para março abril maio. minha alegria? os próximos vão ser desenhados. sim. os próximos vão ser realmente culpa minha. detalhes virão. agora é apontar o lápis.
segunda-feira, outubro 02, 2006
morte aos hippies. I mean, really. sábado estava na cinelândia saindo do cinema, vi o cartaz: badi assad. teatro rival. a uma quadra de onde estava, em meia hora. perfeito, uh? badi é a irmã- world- music dos irmãos assad, também boa violonista, também com uma carreira internacional, mas, you know, com um pezinho no hippie, um certo tom maionese que infectava os discos. mas pensei, inocentemente: hey, ao vivo, ela deve tocar muito, não? ok.
o show se chamava wonderland e começa com fumaça e uma voz em off que parece de algum ator de teatro infantil que fumou um baseado. algo tipo "benvindo a wonderlaaaand, um lugar onde tuuuudo é estraaaanho..." imagine, isso lido com essas entonações revoltantes que o mau teatro tem. depois ela veio e não melhorou muito. descalça (tudo bem, betânia também), dançava com o violão (hmmm).. e explicava cada música com a mesma voz de atriz de teatro infantil. dio. digamos que vi uns 30% do show e fui embora, amaldiçoando woodstock.
o show se chamava wonderland e começa com fumaça e uma voz em off que parece de algum ator de teatro infantil que fumou um baseado. algo tipo "benvindo a wonderlaaaand, um lugar onde tuuuudo é estraaaanho..." imagine, isso lido com essas entonações revoltantes que o mau teatro tem. depois ela veio e não melhorou muito. descalça (tudo bem, betânia também), dançava com o violão (hmmm).. e explicava cada música com a mesma voz de atriz de teatro infantil. dio. digamos que vi uns 30% do show e fui embora, amaldiçoando woodstock.
quinta-feira, setembro 28, 2006
eu sempre achei que nesse mundo em que vivemos, tempo é a última luxúria. se você está ganhando uma fortuna e não tem tempo pra gastá-la, é uma forma estranha de sucesso que você escolheu, buddie.
eu definitivamente não estou ganhando uma fortuna, mas quando você está trabalhando 14 horas por dia, realmente tempo livre tem o sabor que um feriado nas bahamas teria para os simple-minded.
uma manhã, não mais. mas o tempo não é elástico, não é relativo? Três ou quatro horas tomando sol, lendo, ouvindo massive attack nos fones me fazem sentir humano de novo. ou: benvindo ao planeta dos macacos.
e o que estou lendo tem me mantido são no resto do tempo. o nome dele é bond, james bond. comprei um volume preto de capa dura que parece a bíblia, mas que contém cinco aventuras do espião que ainda é o homem mais cool do universo. (casino royale, live and let die, diamonds are forever, from russia with love and goldfinger) sensacional. totalmente satisfatório. seu entretenimento perfeito, lean, mean, sexy and very, very cool. shaken, not stirred.
eu definitivamente não estou ganhando uma fortuna, mas quando você está trabalhando 14 horas por dia, realmente tempo livre tem o sabor que um feriado nas bahamas teria para os simple-minded.
uma manhã, não mais. mas o tempo não é elástico, não é relativo? Três ou quatro horas tomando sol, lendo, ouvindo massive attack nos fones me fazem sentir humano de novo. ou: benvindo ao planeta dos macacos.
e o que estou lendo tem me mantido são no resto do tempo. o nome dele é bond, james bond. comprei um volume preto de capa dura que parece a bíblia, mas que contém cinco aventuras do espião que ainda é o homem mais cool do universo. (casino royale, live and let die, diamonds are forever, from russia with love and goldfinger) sensacional. totalmente satisfatório. seu entretenimento perfeito, lean, mean, sexy and very, very cool. shaken, not stirred.
terça-feira, setembro 26, 2006
cartas de um país distante (ou: lugar chamado trabalho)
trabalhadores do mundo, uni-vos. e mandem fotos do resultado. vídeos, se a coisa for realmente boa.
eu aqui, trabalhador, semanas de 30 dias cada, me fazendo oco de tanto pagemakear, uma avalanche de livros. uma vaga lembrança de que desenhava, escrevia coisas, era uma espécie de ser humano. pretendo voltar a ser. às vezes vejo um gato na rua ou em uma dessas janelas donde se quedan tan soberbos ou vejo uma cena qualquer desses filminhos que a rua nos oferece non-stop, big brother full-time e lembro que existem histórias a ser contadas. enquanto meu nanquim chinês seca em silêncio, muito estoicamente, dentro do vidro.
trabalhadores do mundo, uni-vos. e mandem fotos do resultado. vídeos, se a coisa for realmente boa.
eu aqui, trabalhador, semanas de 30 dias cada, me fazendo oco de tanto pagemakear, uma avalanche de livros. uma vaga lembrança de que desenhava, escrevia coisas, era uma espécie de ser humano. pretendo voltar a ser. às vezes vejo um gato na rua ou em uma dessas janelas donde se quedan tan soberbos ou vejo uma cena qualquer desses filminhos que a rua nos oferece non-stop, big brother full-time e lembro que existem histórias a ser contadas. enquanto meu nanquim chinês seca em silêncio, muito estoicamente, dentro do vidro.
terça-feira, setembro 19, 2006
o que poderia ser pior do que o mundo de caras? um mundo caras-cult. grande evento em homenagem a millôr, livraria argumento no leblon, um lugar onde todo mundo ou tem dinheiro ou é "alguém" ou é lindo ou todas as alternativas acima. sábio é o tio millôr de não ir. cenas cômicas: isadora ribeiro posando com um livro dele na mão. seria melhor se ela fingisse ler com o livro de cabeça para baixo, mas assessores de imprensa estão aí pra isso. de resto, um clima nervoso, fútil, irritante. uno tem ganas, really, de empacotar as coisas e voltar correndo para algum buraco no sul.
sexta-feira, setembro 08, 2006
parou de chover, voltou o sol, acabei mais dois livros que foram devidamente para a gráfica e amanhã chega minha bella distante. é motivo suficiente para se estar feliz? suponho que sim.
e ontem encontrei o espírito de santa teresa. como os tempos andam bicudos, ele dirigia um táxi. e me contou tudo. de como cresceu em santa (quando o perfil ainda era de malandros, em vez de, ugh, alternativos), de como fumou maconha com rita lee ("pô, o baseado dela era muito bom") e me deu dicas muito detalhadas de como se comportar durante um achaque da polícia. suas últimas palavras quando eu descia do carro: "Não dá mole pra Kojak".
e ontem encontrei o espírito de santa teresa. como os tempos andam bicudos, ele dirigia um táxi. e me contou tudo. de como cresceu em santa (quando o perfil ainda era de malandros, em vez de, ugh, alternativos), de como fumou maconha com rita lee ("pô, o baseado dela era muito bom") e me deu dicas muito detalhadas de como se comportar durante um achaque da polícia. suas últimas palavras quando eu descia do carro: "Não dá mole pra Kojak".
quinta-feira, agosto 31, 2006
eu sei, eu sei. deserto. mas como diz aquele livrinho do calvin, os dias estão simplesmente lotados. uma guloseima rápida, então:
lendo um livro muito lindo chamado The Perfect Stranger, de P. Kavanagh. Um parágrafo ficou na minha cabeça, a ponto de eu fazer uma tradução livre de memória aqui, mais uma transcriação:
" As meninas da turma avançada montaram um balé e eu assistia transfigurado seus pés flutuando sobre o palco. Me aproximava para ver melhor. Eu tinha oito anos e vivia num estado constante de paixão. Eu tinha loucura por uma amazona com um busto que quase estourava sua blusa. Como um adulto, me convenci que a odiava e lhe joguei uma maçã com toda a força. A acertei no olho. Esfregando um e me olhando com o outro, ela me convidou para um chá. Fiquei deliciado. Era tudo que eu queria. Parecia que, não importasse o quanto se fosse desajeitado, o amado nos compreendia."
lendo um livro muito lindo chamado The Perfect Stranger, de P. Kavanagh. Um parágrafo ficou na minha cabeça, a ponto de eu fazer uma tradução livre de memória aqui, mais uma transcriação:
" As meninas da turma avançada montaram um balé e eu assistia transfigurado seus pés flutuando sobre o palco. Me aproximava para ver melhor. Eu tinha oito anos e vivia num estado constante de paixão. Eu tinha loucura por uma amazona com um busto que quase estourava sua blusa. Como um adulto, me convenci que a odiava e lhe joguei uma maçã com toda a força. A acertei no olho. Esfregando um e me olhando com o outro, ela me convidou para um chá. Fiquei deliciado. Era tudo que eu queria. Parecia que, não importasse o quanto se fosse desajeitado, o amado nos compreendia."
quinta-feira, agosto 24, 2006
não sou charly garcia para ficar demoliendo hoteles, mas posso destruir livros.
e por falar em argentinos, erico me lembrou da existência de outro argentino genial. liniers é tudo: engraçado, tocante, grande desenhista... me fez lembrar que estou com saudade de mim. de fazer coisas que tenham saído exclusivamente de minha cabeça, quero dizer. porque estou num momento meio tradutor inter-linguagens. (grimm, cortazar, outros escritores que vem, mais o roteiro de meu amigo que vai virar uma história policial em copacabana...) adaptações são trabalhosas e maravilhosas, mas saudade da maravilhosa irresponsabilidade de ir para a página em branco com nada em mente. preciso inventar um projeto paralelo, um canto surrealista para acumular meus elefantes cor-de-rosa. meu disco solo.
e por falar em argentinos, erico me lembrou da existência de outro argentino genial. liniers é tudo: engraçado, tocante, grande desenhista... me fez lembrar que estou com saudade de mim. de fazer coisas que tenham saído exclusivamente de minha cabeça, quero dizer. porque estou num momento meio tradutor inter-linguagens. (grimm, cortazar, outros escritores que vem, mais o roteiro de meu amigo que vai virar uma história policial em copacabana...) adaptações são trabalhosas e maravilhosas, mas saudade da maravilhosa irresponsabilidade de ir para a página em branco com nada em mente. preciso inventar um projeto paralelo, um canto surrealista para acumular meus elefantes cor-de-rosa. meu disco solo.
terça-feira, agosto 22, 2006
sexta-feira, agosto 18, 2006
se concentra nos ombros, passeia ao redor, parece com o macaco que desenhei um dia cavalgando suas vítimas: se chama tensão.
mas como? ontem não tinha sorte?
sim, hoje tenho azar. não é o outro lado da mesma moeda? que gira e gira sem parar?
é tudo parte da mesma coisa, os ventos da mudança, que chegam como o lobo soprando a casa dos porquinhos. muda o que vou fazer, como vou fazer, o quanto, o onde, o com quem quero estar, aonde vou morar, tudo.
não estou aqui me pondo críptico, mas também não são esses os diários de minha vida em detalhes. são comunicados, fragmentados, interceptados por essa rádio pirata que vocês ouvem. a questão é abraçar a mudança.
mas fumo demais, não durmo bem, bebo um tanto, não consigo desenhar e se sente a gravidade agindo como nunca. viver, um negócio complicado.
mas como? ontem não tinha sorte?
sim, hoje tenho azar. não é o outro lado da mesma moeda? que gira e gira sem parar?
é tudo parte da mesma coisa, os ventos da mudança, que chegam como o lobo soprando a casa dos porquinhos. muda o que vou fazer, como vou fazer, o quanto, o onde, o com quem quero estar, aonde vou morar, tudo.
não estou aqui me pondo críptico, mas também não são esses os diários de minha vida em detalhes. são comunicados, fragmentados, interceptados por essa rádio pirata que vocês ouvem. a questão é abraçar a mudança.
mas fumo demais, não durmo bem, bebo um tanto, não consigo desenhar e se sente a gravidade agindo como nunca. viver, um negócio complicado.
terça-feira, agosto 15, 2006
quando um professor do rio levou um grupo de respeitosos jovens para visitar millôr em seu estúdio, pediu ao mestre um conselho, uma palavra de sabedoria para essas almas esperançosas. ele me contou que quase arrancou os cabelos que não tinha mais, mas lembrou a tempo que tinha um conselho importante para dar a eles:
- tenham sorte.
eu não acredito em nada, por supuesto deus nenhum podia se importar comigo e desprezar milhões morrendo na áfrica ou no oriente médio, e os detalhes do que acontece agora não importam muito, então digamos só que estou tendo uma quantidade ridícula de sorte.
- tenham sorte.
eu não acredito em nada, por supuesto deus nenhum podia se importar comigo e desprezar milhões morrendo na áfrica ou no oriente médio, e os detalhes do que acontece agora não importam muito, então digamos só que estou tendo uma quantidade ridícula de sorte.
quarta-feira, agosto 09, 2006
"sem tempo para escrever" é uma frase que fica infinitamente mais linda quando alguém sabe escrever. caso de alex de campi, já citada aqui, mas nunca elogiada o suficiente. faço minhas as palavras dela. e recomendo.
I have wanted to write to you of so many things, gentle stranger. Of dog dreams. Of misty mornings and the queerly perfect solitude of Wigmore Street at dawn. Of moments caught, of time sculpted onto digital tape. But instead I leave you only with half-formed thoughts about clouds and an already out-of-date image. I'm too busy for much else. I still have the daydreams, but there's not the time to write them down. More, anon.
I have wanted to write to you of so many things, gentle stranger. Of dog dreams. Of misty mornings and the queerly perfect solitude of Wigmore Street at dawn. Of moments caught, of time sculpted onto digital tape. But instead I leave you only with half-formed thoughts about clouds and an already out-of-date image. I'm too busy for much else. I still have the daydreams, but there's not the time to write them down. More, anon.
Piada do dia: fui ver um filme japonês violento e comento com um amigo.
Meu amigo: - Mas a violência é gratuita?
Eu - Não, a entrada custa 16 reais.
Pano rápido.
Chama-se Consumido Pelo Ódio e boy, pôe consumido e pôe ódio nisso. É Takeshi Kitano, meu ator cult japonês, o que me faz ir sem nem ler a resenha. Kitano, ou Beat Takeshi, como o conhecem no Japão é ator, diretor, roteirista, pintor, humorista, tem um programa na tv japonesa... o homem é renascentista. Seus filmes tem uma mistura de violência seca e não coreografada com um humor inesperado e um lirismo sobre tudo. Sonatine, Hana-bi, Brother, Zatoichi... todos grandes filmes. Nesse ele está só como ator e ele é mau. Maaaaaau. Uma força da natureza, como diz a resenha que li depois. Um pai abusivo. Aliás pai, esposo, vizinho, chefe... abusivo com qualquer ser humano que cruze seu caminho. Duro assimilar esse papel com um ator pelo qual você tem grande carinho. Kitano teve um derrame há muitos anos atrás, então ele é literalmente um ator de um rosto só. Nada se move naquela máscara kabuki. Mas o corpo.. ele anda como um urso nesse filme. Violento, imprevisível, seco, quase completamente sem sentimentos.
Enfim. Vou tentar esquecer que vi. E não recomendo. Particularmente se você quer manter a imagem que já tem do Yakuza com um senso de humor.
(Claro, se eu fosse uma pessoa séria, escreveria uma pequena tese sobre como a violência gratuita e gráfica é entretenimento e a violência contextualizada não e blah blah blah. A sorte de vocês é que não sou sério.)
Meu amigo: - Mas a violência é gratuita?
Eu - Não, a entrada custa 16 reais.
Pano rápido.
Chama-se Consumido Pelo Ódio e boy, pôe consumido e pôe ódio nisso. É Takeshi Kitano, meu ator cult japonês, o que me faz ir sem nem ler a resenha. Kitano, ou Beat Takeshi, como o conhecem no Japão é ator, diretor, roteirista, pintor, humorista, tem um programa na tv japonesa... o homem é renascentista. Seus filmes tem uma mistura de violência seca e não coreografada com um humor inesperado e um lirismo sobre tudo. Sonatine, Hana-bi, Brother, Zatoichi... todos grandes filmes. Nesse ele está só como ator e ele é mau. Maaaaaau. Uma força da natureza, como diz a resenha que li depois. Um pai abusivo. Aliás pai, esposo, vizinho, chefe... abusivo com qualquer ser humano que cruze seu caminho. Duro assimilar esse papel com um ator pelo qual você tem grande carinho. Kitano teve um derrame há muitos anos atrás, então ele é literalmente um ator de um rosto só. Nada se move naquela máscara kabuki. Mas o corpo.. ele anda como um urso nesse filme. Violento, imprevisível, seco, quase completamente sem sentimentos.
Enfim. Vou tentar esquecer que vi. E não recomendo. Particularmente se você quer manter a imagem que já tem do Yakuza com um senso de humor.
(Claro, se eu fosse uma pessoa séria, escreveria uma pequena tese sobre como a violência gratuita e gráfica é entretenimento e a violência contextualizada não e blah blah blah. A sorte de vocês é que não sou sério.)
sexta-feira, agosto 04, 2006
uma coisa que voltou nesses dias frios e meu bom amigo augusto pode martelar minha cabeça indefinidamente pela obviedade, mas é - que bebida civilizatória é o vinho.
augusto, que é altamente civilizado nesse aspecto, bebe vinho o ano todo, adaptando o vinho ao clima, à comida, ao estado de espírito e, se bobear, à pressão atmosférica. mas eu, selvagem, tinha abandonado por completo desde minha chegada aqui. esses dias de frio estimularam uma volta, e lá estava ele. em um almoço, a lembrança de como ele se harmoniza com a comida, em vez de chocar-se com ela. e de como cria bem estar, ao invés do torpor (ou euforia) da cerveja. depois uma garrafa argentina me acompanhou por umas duas noites. hoje o sol retorna, mas estou pronto para voltar à cerveja? acho que não. matter of fact, I´m thinking champagne. Indeed.
UPDATE: nosso boletim especial informa que nosso herói foi afastado de planos gloriosos de champagne e conversações inteligentes com ele mesmo em prol de cerveja em uma mesa totalmente ocupada por membros da editora, em estado variados de embriaguez. discutimos em detalhes nossa dominação do mundo, quase perdemos as provas do livro de millôr, mas fora isso estamos todos bem.
augusto, que é altamente civilizado nesse aspecto, bebe vinho o ano todo, adaptando o vinho ao clima, à comida, ao estado de espírito e, se bobear, à pressão atmosférica. mas eu, selvagem, tinha abandonado por completo desde minha chegada aqui. esses dias de frio estimularam uma volta, e lá estava ele. em um almoço, a lembrança de como ele se harmoniza com a comida, em vez de chocar-se com ela. e de como cria bem estar, ao invés do torpor (ou euforia) da cerveja. depois uma garrafa argentina me acompanhou por umas duas noites. hoje o sol retorna, mas estou pronto para voltar à cerveja? acho que não. matter of fact, I´m thinking champagne. Indeed.
UPDATE: nosso boletim especial informa que nosso herói foi afastado de planos gloriosos de champagne e conversações inteligentes com ele mesmo em prol de cerveja em uma mesa totalmente ocupada por membros da editora, em estado variados de embriaguez. discutimos em detalhes nossa dominação do mundo, quase perdemos as provas do livro de millôr, mas fora isso estamos todos bem.
quarta-feira, agosto 02, 2006
é verdade que diana krall vem nos envergonhando há algum tempo, gravando discos de natal, cantando besame mucho para as massas, mas o casamento com elvis costello fez toda a diferença. obviamente ter em casa um dos maiores compositores contemporâneos, da grande escola cole porter forçou a loira a pensar um pouco. e the girl in the other room mostra que ela ainda não está embalsamada. grandes canções. vinha ouvindo departure bay no ônibus, a chuva caindo, um filme passando... aquelas coisas. elvis, you´re the king.
terça-feira, agosto 01, 2006
domingo, julho 30, 2006
que cidade é essa? que estação é essa? é realmente inverno no rio. milagre, epifania. por um dia, ou dois. o céu cinza, o dia frio, o que seria um dia ameno no inverno do sul.
não sou exatamente o caminhante, mas com um tema, com o inverno como cenário e meu ipod de pobre, percorro as ruas. há um prazer cão em pôr as mãos no bolso e andar fazendo uma cara discretamente infeliz.
não sou exatamente o caminhante, mas com um tema, com o inverno como cenário e meu ipod de pobre, percorro as ruas. há um prazer cão em pôr as mãos no bolso e andar fazendo uma cara discretamente infeliz.
sábado, julho 29, 2006
writing to j.:
o dia se pôe quase buenosaireano aqui. uno lembra de novo que piazzolla existe. embora esteja ouvindo pet shop boys, santa contradição, batman. so much confusion when autumn comes around / what to do about october / how to smile behind the frown? / its hard to settle down. should I revise or rewrite my october simphony / change the dedication from revolution to revelation?
o dia se pôe quase buenosaireano aqui. uno lembra de novo que piazzolla existe. embora esteja ouvindo pet shop boys, santa contradição, batman. so much confusion when autumn comes around / what to do about october / how to smile behind the frown? / its hard to settle down. should I revise or rewrite my october simphony / change the dedication from revolution to revelation?
sexta-feira, julho 28, 2006
quarta-feira, julho 26, 2006
vivo com uma panamenha, desde ontem. mas ela diz que vive com outro. de fato, na primeira linha, ela diz: "soy panamenha y hace rato que vivo com Bix." bueno, um triângulo, então.
ela vive no conto de cortazar, o segundo do livro, e ontem comecei o processo de dar um rosto a ela. Bix já tem um, as fotos mostram e era bem feinho, coitado. mas tocava. ah, sim. ele vive nos anos 20, então, google I love you.
assim que panamenha. mas fazê-la demasiado étnica ia ser estranho. queria só que ela fosse, digamos, vagamente latina. o cabelo preto, aquele nariz importado da espanha que se vê muito nas mulheres de porto alegre... lembrei de alguém de quem tenho visto muitas fotos. assim, renatita, se você prometer não mover nenhum processo, nem mandar índios da floresta me amaldiçoar ou espada quebrada usar seu kung fu contra mim, ela vai se parecer um pouco com você.
ela vive no conto de cortazar, o segundo do livro, e ontem comecei o processo de dar um rosto a ela. Bix já tem um, as fotos mostram e era bem feinho, coitado. mas tocava. ah, sim. ele vive nos anos 20, então, google I love you.
assim que panamenha. mas fazê-la demasiado étnica ia ser estranho. queria só que ela fosse, digamos, vagamente latina. o cabelo preto, aquele nariz importado da espanha que se vê muito nas mulheres de porto alegre... lembrei de alguém de quem tenho visto muitas fotos. assim, renatita, se você prometer não mover nenhum processo, nem mandar índios da floresta me amaldiçoar ou espada quebrada usar seu kung fu contra mim, ela vai se parecer um pouco com você.
segunda-feira, julho 24, 2006
um dos círculos do inferno tem que ser reservado pra gente sem imaginação ou senso de humor. que combinação devastadora, oh deus. eles vão ficar lá, dizendo: mas você não era um anjo? cadê sua asas? esse fogo não devia estar um pouquinho mais pra esquerda? esse tridente não está um pouco torto?
periga o demônio perder a paciência com eles e mandá-los de volta para a terra. já sei! é por isso que eles estão aí por toda parte: nem o demônio aguenta. mesmo para apreciar a danação eterna você precisa de um pouco de imaginação.
(sim, o motivo disso e a categoria para arquivar é problemas-no-trabalho.)
periga o demônio perder a paciência com eles e mandá-los de volta para a terra. já sei! é por isso que eles estão aí por toda parte: nem o demônio aguenta. mesmo para apreciar a danação eterna você precisa de um pouco de imaginação.
(sim, o motivo disso e a categoria para arquivar é problemas-no-trabalho.)
nada de novo no front? ah, que expressão odiosa. milhões de coisas acontecem sempre, todo o tempo, por supuesto. células morrem! sinapses! seu fígado e cérebro envelhecem mais um dia! o drama da existência! mas no meu front, se você estivesse observando, não pareceria muito. um final de semana em relativa calma e sem que um mínimo pedaço de papel fosse sacrificado com meus rabiscos. livros policiais, que nada pode ser tão entertaining, uma ida ao cinema para ver o trepidante e terrivelmente divertido piratas do caribe e muito tempo olhando para as paredes e para o cenário do rio. entenda-se como higiene mental. hoje volto para a escravidão escolhida, bola de ferro lustrada e tudo me esperando ao lado da mesa de desenho.
sexta-feira, julho 21, 2006
quinta-feira, julho 20, 2006
o que teria acontecido se eu tivesse realmente começado a chorar e rasgar livros na livraria? adianta alguma coisa se perguntar sobre os grandes gestos não-realizados? em vez disso, segui vagando, bebendo mais, levando o desespero para passear. uma coisa eu posso dizer: ele é um companheiro fiel. depois que ele chega, custa a lhe deixar.
nesse momento, oh admirável mundo novo, oh cena japonesa de nosso futuro agora, um corredor iluminado de pessoas se comunicando em seu cubículos, pessoas sérias ou rindo ou emocionadas, olhando para um monitor, a luz azulada sobre elas. bêbado no cybercafé. bukowski desaprovaria, but so what? oh solidão iluminada das grandes cidades. dinheiro no bolso, você pode pegar um táxi, ir para quaquer lugar, lembrei de um outro tempo em outra cidade, em uma situação parecida, eu gastava obscenamente em restaurantes e quase parava estranhas na rua, perguntando se elas não queriam ir ao japonês comigo. oh beauty, oh modern life, oh alegrias contemporâneas.
tudo isso porque acabei uma história, me dei um dia de folga e descobri que não sabia o que fazer comigo. o tio ensina, amiguinhos: só o trabalho salva.
nesse momento, oh admirável mundo novo, oh cena japonesa de nosso futuro agora, um corredor iluminado de pessoas se comunicando em seu cubículos, pessoas sérias ou rindo ou emocionadas, olhando para um monitor, a luz azulada sobre elas. bêbado no cybercafé. bukowski desaprovaria, but so what? oh solidão iluminada das grandes cidades. dinheiro no bolso, você pode pegar um táxi, ir para quaquer lugar, lembrei de um outro tempo em outra cidade, em uma situação parecida, eu gastava obscenamente em restaurantes e quase parava estranhas na rua, perguntando se elas não queriam ir ao japonês comigo. oh beauty, oh modern life, oh alegrias contemporâneas.
tudo isso porque acabei uma história, me dei um dia de folga e descobri que não sabia o que fazer comigo. o tio ensina, amiguinhos: só o trabalho salva.
quarta-feira, julho 19, 2006
eu não vou ao FLIP, mas cortazar vai. essa historinha psicografada vai sair em uma revista que vai circular por lá e faz uma espécie de propaganda descarada de meu livrinho.
terça-feira, julho 18, 2006
Não é que eu tenha deixado de existir ou de ter idéias. o cérebro parece estar no mesmo lugar, mas durante o dia ele está a serviço da editora e durante a noite, a serviço dos quadrinhos. Não sobra muito. All work and no play makes jack a dull lay? I hope not.
mas o certo é que a obra (leia-se em maiúsculas) tem lá suas demandas.
mas o certo é que a obra (leia-se em maiúsculas) tem lá suas demandas.
quarta-feira, julho 12, 2006
estamos procurando um estagiário para a editora e estou sofrendo o óbvio: a chatice dos currículos. preciso me controlar para não cair dormindo no segundo parágrafo. tudo é escrito por algum robô limitadíssimo que recita dados em BASIC. sexo:masculino estado civil: solteiro ( e eu com isso?) . isso sem falar de ficar sabendo que fulano fez o primeiro grau na escola coelhinho sabido ou que fez um curso para ser bombeiro.
então quando o sexto ou sétimo currículo chegou (mas parecia o milésimo), ele tinha um arquivo atachado mas só uma linha no corpo do texto:
Você quer respostas para suas perguntas? Ou você sabe muito e quer compartilhar seu conhecimento?
por um décimo de segundo, fiquei excitado. meu deus, alguém com imaginação. um ser humano.
no décimo seguinte, li o resto da frase: Experimente o Yahoo! Respostas!
ok, de volta aos currículos.
então quando o sexto ou sétimo currículo chegou (mas parecia o milésimo), ele tinha um arquivo atachado mas só uma linha no corpo do texto:
Você quer respostas para suas perguntas? Ou você sabe muito e quer compartilhar seu conhecimento?
por um décimo de segundo, fiquei excitado. meu deus, alguém com imaginação. um ser humano.
no décimo seguinte, li o resto da frase: Experimente o Yahoo! Respostas!
ok, de volta aos currículos.
descobri como a musa soaria se estivesse nesse mundo: patricia barber. ela está sussurrando agora em meu ouvido: I could eat your words. no, patricia, I could eat yours.
syllogistically speaking, if a is you and b is me, logical proposition ´ll lead us to c. psychologically speaking, if the student can´t teach, the teacher can learn, lets leave the thinking to me.
Poets need a holiday, professors need adulation / You can talk and talk the night away / with no case for moderation / I drink remorse like a Cabernet, Champagne with indecision / I could eat your words
syllogistically speaking, if a is you and b is me, logical proposition ´ll lead us to c. psychologically speaking, if the student can´t teach, the teacher can learn, lets leave the thinking to me.
Poets need a holiday, professors need adulation / You can talk and talk the night away / with no case for moderation / I drink remorse like a Cabernet, Champagne with indecision / I could eat your words
não tenho nem mais meu gato, pobre klimt que ficou no sul, para testemunhar minhas aflições, mas foram dois dias de aflição intensa e de uma quantidade obscena de papel gasta até que, no terceiro dia, duggu van resolvesse se manifestar. mas ele está entre nós.
ele é o personagem do primeiro conto de cortazar. que agora vai.
ele é o personagem do primeiro conto de cortazar. que agora vai.
domingo, julho 09, 2006
do décimo quarto andar os carros são como playmobills em um autorama, mas em um momento que me debruço na janela, um carro pára e uma garota em nada parecida com um playmobill senta triunfantemente no capô do carro, uma starlet-por-um-minuto. abre os braços como agradecendo os fotógrafos que a rodeiam e se cannes fosse ali. em uma compensação possível, uma amiga desce correndo do carro e a fotografa em seu momento de glória sob o céu do rio. os carros de trás parecem ser dirigidos por homens, que não se importam assim terrivelmente de serem parados em um domingo por uma garota com um top mínimo e muito entusiasmo. ela volta ao carro, não sem dar um ciao de agradecimento aos fãs e sumir no trânsito.
um desses momentos supremamente silly e sweet ao mesmo tempo. você não pode deixar de apreciar e olhar com carinho uma humanidade que é tão vã em sua mortalidade. como borboletas que batem asas com tanta tranquilidade em um espaço de vida tão curto. e não é fato que ao inventar a máquina xeróx, um prodígio de possibilidades de democratização da comunicação, a primeira idéia que nos ocorreu foi: - hey, vamos sentar aqui e xerocar nossa bunda?
we are silly, its a fact. and its ok.
and we´re all stars now, baby, parecia que ela estava dizendo.
um desses momentos supremamente silly e sweet ao mesmo tempo. você não pode deixar de apreciar e olhar com carinho uma humanidade que é tão vã em sua mortalidade. como borboletas que batem asas com tanta tranquilidade em um espaço de vida tão curto. e não é fato que ao inventar a máquina xeróx, um prodígio de possibilidades de democratização da comunicação, a primeira idéia que nos ocorreu foi: - hey, vamos sentar aqui e xerocar nossa bunda?
we are silly, its a fact. and its ok.
and we´re all stars now, baby, parecia que ela estava dizendo.
sábado, julho 08, 2006
ouvi a voz de julio hoje. uma espécie de sociedade patafísica cortazariana informal se reuniu. futuros conspiradores, companheiros de projeto. um tradutor e uma biógrafa de tio julio. que se manifestou em objetos que eram passados com volúpia - um CD onde lê coisas, a voz de barítono, o gigante gentil. fotos. uma edição negra de rayuela. entre lulas, pimentas, cogumelos e cerveja evocamos o mestre. evoé.
e temos fotos para provar.
e temos fotos para provar.
sexta-feira, julho 07, 2006
pára tudo. não vou mais desenhar mulher pelada. pelo menos por agora. em vez disso vou desenhar mortos ilustres. e estou feliz com a troca. por quê? porque enfim vai sair meu projeto do livro dos escritores. o primeiro de uma série. quadrinhos sobre escritores e quadrinizações de obras. o primeiro é o cortazar e não podia haver um melhor. as mulheres peladas vão sair um pouquinho depois, mais para o fim do ano. com esse são 3 livros em que meu nome vai estar presente esse ano. se melhorar estraga.
claro, diz o insatisfeito, podia haver também o amor, esse fantasma elusivo. mas aí também como diz minha editora, depois de publicar o primeiro livro, eu vou ficar instantâneamente mais bonito. :)
só vendo pra crer.
mas 2006 está sendo um grande ano.
claro, diz o insatisfeito, podia haver também o amor, esse fantasma elusivo. mas aí também como diz minha editora, depois de publicar o primeiro livro, eu vou ficar instantâneamente mais bonito. :)
só vendo pra crer.
mas 2006 está sendo um grande ano.
terça-feira, julho 04, 2006
coisas assim, confesso, me dão um aperto de saudade do sul. só falta o vitor cantando deixei a velhaaaa querênciaaaaa. aí eu me rasgo. :)
segunda-feira, julho 03, 2006
respirando entre dois projetos. entre dos aguas, como disse paco(que rico título). a respiração é longa (em intenção, mas breve em tempo), porque o próximo é longo. esse que acabei agora foi, digamos, 400 metros com obstáculos. o próximo é uma maratona.
a fábula foi difícil pelos elementos que envolveu, a pesquisa que tive que fazer, as coisas que tive que aprender a desenhar (ou enganar). mas eram 8 páginas. um curta-metragem. o próximo pode chegar a 200, certamente meu primeiro longa. com toda a ansiedade que isso traz. mas vai ser menos... travado. não preciso parar e pensar - era assim que um conde da era medieval se vestiria?
não, esse se passa nesse mundo, nesse tempo e estou vivendo na cidade onde ele se passa. já é alguma coisa.
se trata de enxergar e visualizar (conjurar) os personagens, dominar o cenário e enfim, movê-los ali. ou melhor dizendo, soltá-los e ver o que eles fazem. com um roteiro escrito por outra pessoa, eles não estão livres para fazerem tudo que querem, mas eles sempre nos surpreendem fazendo algo que não esperávamos. nesse sentido é muito como cinema. as coisas não saem exatamente como você espera, os atores tem idéias próprias, chove quando devia fazer sol e isso é bom. é o que mantém o interesse.
sábado fui a "locação": copacabana. que é, mais do que o cenário, praticamente um personagem dessa história. o autor do roteiro mora em copa e a idéia era fotografar referências visuais e ver coisas. os dois alienados se esqueceram do jogo, se é possível acreditar nisso. acabamos não saindo, adiando as fotos e conversamos por horas, enquanto o brasil perdia, longe dali. estranho, insensível talvez. mas juro que não foi culpa minha. :)
a fábula foi difícil pelos elementos que envolveu, a pesquisa que tive que fazer, as coisas que tive que aprender a desenhar (ou enganar). mas eram 8 páginas. um curta-metragem. o próximo pode chegar a 200, certamente meu primeiro longa. com toda a ansiedade que isso traz. mas vai ser menos... travado. não preciso parar e pensar - era assim que um conde da era medieval se vestiria?
não, esse se passa nesse mundo, nesse tempo e estou vivendo na cidade onde ele se passa. já é alguma coisa.
se trata de enxergar e visualizar (conjurar) os personagens, dominar o cenário e enfim, movê-los ali. ou melhor dizendo, soltá-los e ver o que eles fazem. com um roteiro escrito por outra pessoa, eles não estão livres para fazerem tudo que querem, mas eles sempre nos surpreendem fazendo algo que não esperávamos. nesse sentido é muito como cinema. as coisas não saem exatamente como você espera, os atores tem idéias próprias, chove quando devia fazer sol e isso é bom. é o que mantém o interesse.
sábado fui a "locação": copacabana. que é, mais do que o cenário, praticamente um personagem dessa história. o autor do roteiro mora em copa e a idéia era fotografar referências visuais e ver coisas. os dois alienados se esqueceram do jogo, se é possível acreditar nisso. acabamos não saindo, adiando as fotos e conversamos por horas, enquanto o brasil perdia, longe dali. estranho, insensível talvez. mas juro que não foi culpa minha. :)
sexta-feira, junho 30, 2006
como quase todo mundo, eu acho que a poesia morreu e teve um enterro muito lindo em que ninguém foi, mas angie é pop. ela dá a volta, ela não passa nem perto do cemitério, embora fale com os poetas mortos. ela é ana cristina césar com um controle remoto na mão, com a mesma finesse mas mais humor. i´m a fan.
meu bem, vou comprar a varig é tudo que sempre quis meu bem, vou comprar a varig e salvar este país
meu bem, vou comprar a varig é tudo que sempre quis meu bem, vou comprar a varig e salvar este país
have you forgotten the face of your father?
numa certa saga medieval que estou lendo, essa é a maior ofensa que se pode dizer. o atingido baixaria a cabeça compungido e diria sim, eu esqueci o rosto de meu pai. ou puxaria a espada. significa que se esqueceu a honra, a dignidade, os bons exemplos, em última instância se esqueceu quem se é. muito lindo isso.
o desespero, um dos sete perpétuos, é um visitante inesperado, como se sabe. ontem ele veio e sentou ao meu lado enquanto eu jantava sozinho. e as coisas andaram como andam quando ele vem, a nuvem negra sobre tudo, as coisas terríveis que ele diz. hoje o sol veio, literal e metaforicamente e acordei lembrando do rosto do meu pai, sabendo exatamente quem sou. e há um conforto em saber que não há outra coisa que você possa ser.
numa certa saga medieval que estou lendo, essa é a maior ofensa que se pode dizer. o atingido baixaria a cabeça compungido e diria sim, eu esqueci o rosto de meu pai. ou puxaria a espada. significa que se esqueceu a honra, a dignidade, os bons exemplos, em última instância se esqueceu quem se é. muito lindo isso.
o desespero, um dos sete perpétuos, é um visitante inesperado, como se sabe. ontem ele veio e sentou ao meu lado enquanto eu jantava sozinho. e as coisas andaram como andam quando ele vem, a nuvem negra sobre tudo, as coisas terríveis que ele diz. hoje o sol veio, literal e metaforicamente e acordei lembrando do rosto do meu pai, sabendo exatamente quem sou. e há um conforto em saber que não há outra coisa que você possa ser.
segunda-feira, junho 26, 2006
displacement. o passarinho que passou por aqui comentava em seu próprio blog-ninho do seu estar fora de lugar. tell me about it, oh passarinho. estrangeiro. tentava ontem explicar muito toscamente ao telefone, (oh instrumento do demônio) essa delicada noção para uma dama em particular. (ocorre que quando pego o telefone toda minha articulação se vai. parece aquela sensação eterna dos sonhos: tentar andar e não conseguir. minha fala se esfacela.)
o que tentava explicar? que, por mais que tenha me mudado (e boy, me mudei muito) sou um animal territorial. profundamente territorial.
hoje meu território é pequeníssimo, como um cigano que carregasse um baú com seus pertences. não são os objetos, por supuesto, mas a carga deles, a lembrança, uma idéia de pertencer. lembrei de Dali, que andava com um medalhão com sua própria foto no peito, "para que todos soubessem que ele era Dali". meus lápis e pincéis representam a pátria, sem dúvida. estão sempre desenhando uma suposta bandeira. dentro de uma caixa, estão os poucos cds que trouxe, com os hinos desse país em movimento.meus livros se quedaram no sul, mas os que fui comprando são um espelho em miniatura de todas as bibliotecas que já montei. a medida que os nomes começam a se repetir, o colecionista sorri. estão dentro do guarda-roupa, o que é um lugar estranho, mas dá uma cara de conhecimento secreto a eles. e acrescenta carinho. toda minha vida portátil. a moveable feast, como dizia tio hemingway. minha paris levada junto ao peito.
e ainda não me explico. todo esse canto não é sobre a pátria perdida, que nunca houve uma. não é sobre um lugar. não é sobre objetos. o que quero dizer é que é fácil esquecer quem você é. passarinho tem razão: as pessoas que cresceram e vivem na mesma cidade tem uma apreciação mais tranquila da sua identidade. claro que eles sabem quem são. não estão aí os amigos, vizinhos, credores e amantes para confirmar? não está ali a padaria, aqui meu quarto, ali o café?
aqui somos mudas de árvore tentando sobreviver ao transplante, sem saber se parece(re)mos com o que éramos, sem saber se somos os mesmos, sem saber. e as explicações sobre quem afinal somos se vêem complicadas e cheias de galhos como essa.
o que tentava explicar? que, por mais que tenha me mudado (e boy, me mudei muito) sou um animal territorial. profundamente territorial.
hoje meu território é pequeníssimo, como um cigano que carregasse um baú com seus pertences. não são os objetos, por supuesto, mas a carga deles, a lembrança, uma idéia de pertencer. lembrei de Dali, que andava com um medalhão com sua própria foto no peito, "para que todos soubessem que ele era Dali". meus lápis e pincéis representam a pátria, sem dúvida. estão sempre desenhando uma suposta bandeira. dentro de uma caixa, estão os poucos cds que trouxe, com os hinos desse país em movimento.meus livros se quedaram no sul, mas os que fui comprando são um espelho em miniatura de todas as bibliotecas que já montei. a medida que os nomes começam a se repetir, o colecionista sorri. estão dentro do guarda-roupa, o que é um lugar estranho, mas dá uma cara de conhecimento secreto a eles. e acrescenta carinho. toda minha vida portátil. a moveable feast, como dizia tio hemingway. minha paris levada junto ao peito.
e ainda não me explico. todo esse canto não é sobre a pátria perdida, que nunca houve uma. não é sobre um lugar. não é sobre objetos. o que quero dizer é que é fácil esquecer quem você é. passarinho tem razão: as pessoas que cresceram e vivem na mesma cidade tem uma apreciação mais tranquila da sua identidade. claro que eles sabem quem são. não estão aí os amigos, vizinhos, credores e amantes para confirmar? não está ali a padaria, aqui meu quarto, ali o café?
aqui somos mudas de árvore tentando sobreviver ao transplante, sem saber se parece(re)mos com o que éramos, sem saber se somos os mesmos, sem saber. e as explicações sobre quem afinal somos se vêem complicadas e cheias de galhos como essa.
quinta-feira, junho 22, 2006
e depois desse sermão da montanha, eu tenho que subir no púlpito também e dizer: ele está certo, brothers. estou enfim realizando as coisas que queria realizar e nada, nada se compara a isso que ele descreve como the hapiness to serve your own good opinion. sim, eu tenho um emprego e um paychek, mas tenho saído dele reto para casa e para a pequena mesa onde desenho. e a sensação no final do dia (da noite, na verdade) ao guardar as folhas e saber que você está, no more excuses, no more delay; realmente fazendo o que deveria fazer, não tem preço, como diz o mastercard.
eu não voltei exatamente e acho que os comentários ainda estão desativados depois de minha última incursão aqui, mas só vim colar esse texto que é um daqueles que devia estar impresso em nosso cérebro. alex de campi encontrou e eu aqui reproduzo, with awe.
"You will encounter in your travels folks of your own age who chose the institutional path, who became the arts administrators rather than the actors, the casting agents rather than the writers. These folks chose to serve an institutional authority in exchange for a paycheck, and these folks are going to be with you for the rest of your life, and you actors and writers and people who come up off the street, who live without certainty day to day and year to year are going to have to bear with being called children by these institutional types; you will, as Shakespeare tells us, endure 'the spurns that patient merit of the unworthy takes'.
"It is not childish to live with uncertainty, to devote oneself to a craft rather than a career, to an idea rather than an institution. It's courageous and requires a courage of the order that the institutionally co-opted are ill equipped to perceive [...]
"Art is an expression of joy and awe. It is not an attempt to share one's virtues and accomplishments with the audience, but an act of selfless spirit. Our effect is not for us to know. It is not in our control. Only our intention is under our control. As we strive to make our intentions pure, devoid of the desire to manipulate, and clear, directed to a concrete, easily stated end, our performances become pure and clear.
"Eleven o'clock always comes. In the meantime, may you know the happiness of working to serve your own good opinion. Invent nothing, deny nothing, speak up, stand up, stay out of school.
"From David Mamet's marvellously idealistic True and False: Heresy & Common Sense for the Actor.
"You will encounter in your travels folks of your own age who chose the institutional path, who became the arts administrators rather than the actors, the casting agents rather than the writers. These folks chose to serve an institutional authority in exchange for a paycheck, and these folks are going to be with you for the rest of your life, and you actors and writers and people who come up off the street, who live without certainty day to day and year to year are going to have to bear with being called children by these institutional types; you will, as Shakespeare tells us, endure 'the spurns that patient merit of the unworthy takes'.
"It is not childish to live with uncertainty, to devote oneself to a craft rather than a career, to an idea rather than an institution. It's courageous and requires a courage of the order that the institutionally co-opted are ill equipped to perceive [...]
"Art is an expression of joy and awe. It is not an attempt to share one's virtues and accomplishments with the audience, but an act of selfless spirit. Our effect is not for us to know. It is not in our control. Only our intention is under our control. As we strive to make our intentions pure, devoid of the desire to manipulate, and clear, directed to a concrete, easily stated end, our performances become pure and clear.
"Eleven o'clock always comes. In the meantime, may you know the happiness of working to serve your own good opinion. Invent nothing, deny nothing, speak up, stand up, stay out of school.
"From David Mamet's marvellously idealistic True and False: Heresy & Common Sense for the Actor.
terça-feira, maio 23, 2006
quantas vezes eu já suicidei esse blog? várias, não é? pois é. tá lá o corpo estendido no chão. de novo. como todo o suicídio, o bilhete busca causar culpa em quem fica. vocês podiam estar lendo em silêncio, mas meu ego, coitado, não aguentou.
mas ao contrário do que chamam de vida real, um dia esse blog pode levantar da cova de novo. nunca se sabe.
nesse meio tempo, quem quiser notícias, vai ter que digitar letrinhas. quid pro quo. o email continua sendo odyr@hotmail.com
até.
mas ao contrário do que chamam de vida real, um dia esse blog pode levantar da cova de novo. nunca se sabe.
nesse meio tempo, quem quiser notícias, vai ter que digitar letrinhas. quid pro quo. o email continua sendo odyr@hotmail.com
até.
segunda-feira, maio 22, 2006
sábado, o centro cultural carioca estava em festa e era um dia de diversões 0800 como disse uma amiga: de graça. na rua, grafiteiros, teatro, circo e o cordão do boitatá, que é a coisa mais linda. e difícil de descrever. um grupo pequeno, algo como um regional, tocam coisas muito antigas entre sopros e cordas com uma graça muito leve, que pega as pessoas aos poucos. ver o povo todo na rua dançando ciranda me tocou de várias maneiras. fico sempre feliz de ver as pessoas se divertindo mas me bate uma nostalgia impossível, uma tristeza européia do paraíso perdido: tem uma alegria e um abandono ali que nunca vão ser meus. mas sorrio como posso, fumo mais um cigarro. e me apaixono pela moça que canta. ela toca cavaquinho, puxa os cantos com uma sutileza... você quase reluta em dizer que ela é a cantora do grupo, não há um centro fulgurante nela, mas à sua maneira, olhando pro lado, sorrindo tão discretamente, ela ganha a todos. ou pelo menos a mim. são canções obscuras algumas, outras nada, mas todas tem o lustro do passado, uma capacidade de ser quase atávicas, de soar como se sempre tivessem existido e você só está agora lembrando delas. por isso a alegria e dança das pessoas parece tão autêntica, tão despreocupada. são os cantos da tribo, de um brasil que esquece o celular por uns momentos. muy rico.
sexta-feira, maio 19, 2006
lançamento de livro de victor burton numa livraria do leblon, eu um poço de inconveniência como sempre, aquela inadaptação me faz tomar uma cerveja no boteco da frente antes, ouvindo os sórdidos. depois no meio dos finos tomo vinho branco, o que é uma mistura infeliz, me divirto horrores com minha chefe e flerto loucamente com a moça dos CDs, que não é mais tão moça, mas francamente é bem interessante.
ah, a outra que gostei estava flagrantemente grávida, o que nem sempre, mas geralmente quer dizer taken.
sempre o caminho mais difícil.
hoje acordei com uma ressaca muito simpática e logo ouvia rené cantando como a cada manãna...
ah, a outra que gostei estava flagrantemente grávida, o que nem sempre, mas geralmente quer dizer taken.
sempre o caminho mais difícil.
hoje acordei com uma ressaca muito simpática e logo ouvia rené cantando como a cada manãna...
quinta-feira, maio 18, 2006
há uma arte em ser invisível. eu estou fumando em frente ao trabalho, retardando o momento de entrar quando ela passa. um segundo depois eu a teria esquecido, se não tivesse feito um esforço. tudo nela busca o esquecimento.
ela passa na diagonal, pisando sem fazer barulho. o obrigado que sussurra ao porteiro não é mais do que o movimento dos lábios e não interrompe seu andar. um boné sem aba praticamente lhe cobre os olhos. a roupa é neutra a ponto de desaparecer. consigo guardar uma calça de abrigo preta. posso supor entre 50 a 60 anos, mas o rosto não mostra. o nariz tem um perfil helênico, um detalhe mínimo de beleza que não pode ser escondido. eu acredito que ela mora sozinha e em silêncio. a sacola de compras deve trazer comida para o gato, mas não traz jornais. onde estão as informações que importam para ela? no passado? há uma foto no centro da sala que resume toda a história? ou ela foi um passo além e se livrou de tudo? o que constitui essa vida?
se você falasse com ela no elevador, eu suponho que receberia um sorriso elegante como resposta, que não se deixa confundir com arrogância.
enfim. greta garbo passa e eu tenho que ir trabalhar. com a lembrança da mulher invisível e de outros que, como ela, vivem em silêncio em prédios antigos, desconhecidos dos vizinhos, cumprindo algum desígnio ou destino traçado que nos escapa. que talvez só nos seja revelado se por algum motivo se tornar o nosso.
ela passa na diagonal, pisando sem fazer barulho. o obrigado que sussurra ao porteiro não é mais do que o movimento dos lábios e não interrompe seu andar. um boné sem aba praticamente lhe cobre os olhos. a roupa é neutra a ponto de desaparecer. consigo guardar uma calça de abrigo preta. posso supor entre 50 a 60 anos, mas o rosto não mostra. o nariz tem um perfil helênico, um detalhe mínimo de beleza que não pode ser escondido. eu acredito que ela mora sozinha e em silêncio. a sacola de compras deve trazer comida para o gato, mas não traz jornais. onde estão as informações que importam para ela? no passado? há uma foto no centro da sala que resume toda a história? ou ela foi um passo além e se livrou de tudo? o que constitui essa vida?
se você falasse com ela no elevador, eu suponho que receberia um sorriso elegante como resposta, que não se deixa confundir com arrogância.
enfim. greta garbo passa e eu tenho que ir trabalhar. com a lembrança da mulher invisível e de outros que, como ela, vivem em silêncio em prédios antigos, desconhecidos dos vizinhos, cumprindo algum desígnio ou destino traçado que nos escapa. que talvez só nos seja revelado se por algum motivo se tornar o nosso.
quarta-feira, maio 17, 2006
manchete bíblica em o globo:
no quinto dia, a vingança
polícia reage com matança em sp
32 mortos na madrugada. dentro daquela coisa indiscriminada: morreu criminoso, inocente (um cabelereiro, mira), mãe de criminoso... um comandante resumiu o espírito bíblico: eles vão morrer dentro da lei. obviamente, a lei do olho por olho.
tempos sinistros.
no quinto dia, a vingança
polícia reage com matança em sp
32 mortos na madrugada. dentro daquela coisa indiscriminada: morreu criminoso, inocente (um cabelereiro, mira), mãe de criminoso... um comandante resumiu o espírito bíblico: eles vão morrer dentro da lei. obviamente, a lei do olho por olho.
tempos sinistros.
terça-feira, maio 16, 2006
se a beleza é o encontro fortuito de uma máquina de escrever e um guarda-chuva em cima de uma mesa de operações, como queriam os surrealistas (ou algo assim, não lembro os termos exatos) e os surrealistas são praticamente nossos avôs, porque devíamos nos agarrar a uma idéia de beleza gauguiniana, do paraíso perdido? de uma beleza pura? se você pensa bem, claro, nunca houve uma beleza pura, nem quando o mundo era jovem e não estávamos aqui. a entropia, essa nossa amiga, está agindo desde sempre e há caos e corrupção cozinhando mesmo no oásis mais idílico. o que vemos hoje é só um ponto mais avançado da fervura, por assim dizer. ou talvez seja o fundo da panela, quem pode saber? depois a própria panela se vai, o fogão, a cozinha e o que fica pode ser belo à sua maneira. só que nada fica, tudo está em transformação. é uma questão de abraçar o processo. nossas rugas estão a caminho, se não chegaram ainda e não há nada que se possa fazer a respeito, baby.
isso tudo por um comentário inocente de dani, que viu meu desenho do rio e falou que no desenho, o rio até parecia bonito.
isso e talvez john updike gastando páginas e páginas numa tentativa meio fútil de sublimar seu desconforto com Houellebecq, que lhe mostra um mundo novo que ele não quer ver. parágrafos como esse
But how honest, really, is a world picture that excludes the pleasures of parenting, the comforts of communal belonging, the exercise of daily curiosity, and the widely met moral responsibility to make the best of each stage of life, including the last?
mostram um updike envelhecido, pedindo valores que Houellebecq não tem ou não tem necessidade e/ou desejo de emular. são as agruras da mudança.
isso tudo por um comentário inocente de dani, que viu meu desenho do rio e falou que no desenho, o rio até parecia bonito.
isso e talvez john updike gastando páginas e páginas numa tentativa meio fútil de sublimar seu desconforto com Houellebecq, que lhe mostra um mundo novo que ele não quer ver. parágrafos como esse
But how honest, really, is a world picture that excludes the pleasures of parenting, the comforts of communal belonging, the exercise of daily curiosity, and the widely met moral responsibility to make the best of each stage of life, including the last?
mostram um updike envelhecido, pedindo valores que Houellebecq não tem ou não tem necessidade e/ou desejo de emular. são as agruras da mudança.
segunda-feira, maio 15, 2006
meus posts vêm prontos de fábrica e são como o proverbial novelo: uma vez que vejo o fio, é só puxar. às vezes, eu só fico na dúvida qual deles é o certo. esse por exemplo, veio com três fios, então, no espírito experimental, vou mostrar os três, enquanto ainda lembro:
1) de vem quando levanto meio bêbado nessa mesa de café e resolvo defender stephen king de novo. não que ele precise de defesa. mas hoje é um desses dias.
oh boy, dizem os frequentadores.
2) se algum dia eu resolver dar conta de como passei as horas da minha vida, muitas delas nos últimos anos foram passadas dentro de um livro de stephen king.
3) como todo mundo, faço leituras que são melhor acompanhadas com aquela cara de marília gabriela: mão no queixo, olhar de inteligência. são as coisas que você quer ser pego lendo. geralmente dão trabalho. às vezes compensam, às vezes não. mas como todo mundo, tenho leituras que são, felizmente, de prazer puro. stephen king está no topo dessa lista.
ok, de qualquer um dos fios, o novelo é esse:
acredito que algum dia, ele ainda vai ganhar senão uma revisão crítica, pelo menos um olhar mais amoroso e menos viciado. como um grande escritor popular de nosso século. nesse sentido, acho que me beneficiei por ler no original. talvez eu tivesse vergonha de lê-lo em português, talvez não tivesse começado. mas posso praticamente dizer que aprendi inglês com ele. o primeiro livro inteiro que li em inglês foi dele. different seasons. lembro da primeira linha: I´m the guy who can get it. e a piada é que I couldn´t get it. eu não conseguia entender a maldita primeira linha. muitos kings depois, o navio flui tranquilo e lê-lo é como estar de férias. ele é um amigo ao qual se volta sempre e tem sempre histórias novas para contar. porque é isso que é ele é: uma máquina incrível de contar histórias. às vezes ele perde a mão, sim, (geralmente são livros da fase alcóolatra: ele confessa não lembrar de ter escrito alguns desses) às vezes ele exagera na extravagância da trama, mas no geral ele está naquela linha americana clássica de texto limpo, sem maneirismos, com um ouvido incrível para a língua e uma capacidade de dar cor a tudo: seus personagens nunca são genéricos, nunca são os mesmos. o que aliás.
o que aliás, me deixa possesso quando vejo alguém embasbacado com o código da vinci. quando vi gugu liberato andando por aí com o livro embaixo do braço e dizendo que era "fascinante" vi logo que boa coisa não era.
isso daria todo um outro post, mas basicamente a questão é: dan brown não poderia engraxar os sapatos de king. enquanto king é um escritor autêntico, honesto e de uma voz que consegue permanecer sempre fresca, brown é um artesão dos mais ordinários. alguém que leu a cartilha dos bestsellers e a seguiu à risca, pelo mínimo denominador comum: os capítulos são curtíssimos, acabam sempre num suspense de o-que-vai-acontecer-agora, os personagens são lindos, brilhantes e totalmente genéricos e o livro basicamente é uma gincana ensandecida, uma corrida sem fim nem sentido pela próxima pista.
o que acontece: obviamente o livro é ridiculamente fácil de ler (até o gugu liberato conseguiu) mas, ahã: tem um verniz. fala de cultura! da vinci! uau. isso deve ser bom. me sinto uma pessoa culta! tenho assunto para conversas!
e esse foi o gênio do cafajeste: vender um fusca velho com pintura de ferrari. coisa que king, com sua ética do interior jamais se permitiria. tentar ganhar respeito na marra com um golpe baixo desses.
em vez disso, ele continua seu trabalho: falar de pessoas comuns mas nunca genéricas (o livro bag of bones abre com essa citação que é um credo dele: perto do ser humano mais desinteressante do mundo, toda a literatura não é mais do que um saco de ossos) e dos gêneros que ele ama, embora não recebam nenhum respeito: o terror, o suspense e todos seus subgêneros. e ele vêm abrindo seu espectro cada vez mais: nos últimos anos tivemos um livro sobre a escrita (On Writing) um livro sobre os anos 60 (hearts ins atlantis) e mesmo um gênero que nunca achei que ia tolerar, mas com ele se tornou possível: a saga fantástica. the dark tower é toda uma mitologia que ele criou, ainda que (felizmente) tenha vínculos com o mundo como o conhecemos. mas como não sou king e esse post já está de um tamanho obsceno, fica pra outra hora. para o próximo capítulo. longa vida para the king. amen.
1) de vem quando levanto meio bêbado nessa mesa de café e resolvo defender stephen king de novo. não que ele precise de defesa. mas hoje é um desses dias.
oh boy, dizem os frequentadores.
2) se algum dia eu resolver dar conta de como passei as horas da minha vida, muitas delas nos últimos anos foram passadas dentro de um livro de stephen king.
3) como todo mundo, faço leituras que são melhor acompanhadas com aquela cara de marília gabriela: mão no queixo, olhar de inteligência. são as coisas que você quer ser pego lendo. geralmente dão trabalho. às vezes compensam, às vezes não. mas como todo mundo, tenho leituras que são, felizmente, de prazer puro. stephen king está no topo dessa lista.
ok, de qualquer um dos fios, o novelo é esse:
acredito que algum dia, ele ainda vai ganhar senão uma revisão crítica, pelo menos um olhar mais amoroso e menos viciado. como um grande escritor popular de nosso século. nesse sentido, acho que me beneficiei por ler no original. talvez eu tivesse vergonha de lê-lo em português, talvez não tivesse começado. mas posso praticamente dizer que aprendi inglês com ele. o primeiro livro inteiro que li em inglês foi dele. different seasons. lembro da primeira linha: I´m the guy who can get it. e a piada é que I couldn´t get it. eu não conseguia entender a maldita primeira linha. muitos kings depois, o navio flui tranquilo e lê-lo é como estar de férias. ele é um amigo ao qual se volta sempre e tem sempre histórias novas para contar. porque é isso que é ele é: uma máquina incrível de contar histórias. às vezes ele perde a mão, sim, (geralmente são livros da fase alcóolatra: ele confessa não lembrar de ter escrito alguns desses) às vezes ele exagera na extravagância da trama, mas no geral ele está naquela linha americana clássica de texto limpo, sem maneirismos, com um ouvido incrível para a língua e uma capacidade de dar cor a tudo: seus personagens nunca são genéricos, nunca são os mesmos. o que aliás.
o que aliás, me deixa possesso quando vejo alguém embasbacado com o código da vinci. quando vi gugu liberato andando por aí com o livro embaixo do braço e dizendo que era "fascinante" vi logo que boa coisa não era.
isso daria todo um outro post, mas basicamente a questão é: dan brown não poderia engraxar os sapatos de king. enquanto king é um escritor autêntico, honesto e de uma voz que consegue permanecer sempre fresca, brown é um artesão dos mais ordinários. alguém que leu a cartilha dos bestsellers e a seguiu à risca, pelo mínimo denominador comum: os capítulos são curtíssimos, acabam sempre num suspense de o-que-vai-acontecer-agora, os personagens são lindos, brilhantes e totalmente genéricos e o livro basicamente é uma gincana ensandecida, uma corrida sem fim nem sentido pela próxima pista.
o que acontece: obviamente o livro é ridiculamente fácil de ler (até o gugu liberato conseguiu) mas, ahã: tem um verniz. fala de cultura! da vinci! uau. isso deve ser bom. me sinto uma pessoa culta! tenho assunto para conversas!
e esse foi o gênio do cafajeste: vender um fusca velho com pintura de ferrari. coisa que king, com sua ética do interior jamais se permitiria. tentar ganhar respeito na marra com um golpe baixo desses.
em vez disso, ele continua seu trabalho: falar de pessoas comuns mas nunca genéricas (o livro bag of bones abre com essa citação que é um credo dele: perto do ser humano mais desinteressante do mundo, toda a literatura não é mais do que um saco de ossos) e dos gêneros que ele ama, embora não recebam nenhum respeito: o terror, o suspense e todos seus subgêneros. e ele vêm abrindo seu espectro cada vez mais: nos últimos anos tivemos um livro sobre a escrita (On Writing) um livro sobre os anos 60 (hearts ins atlantis) e mesmo um gênero que nunca achei que ia tolerar, mas com ele se tornou possível: a saga fantástica. the dark tower é toda uma mitologia que ele criou, ainda que (felizmente) tenha vínculos com o mundo como o conhecemos. mas como não sou king e esse post já está de um tamanho obsceno, fica pra outra hora. para o próximo capítulo. longa vida para the king. amen.
quinta-feira, maio 11, 2006
voltando do almoço, com um café na mão, a digestão por fazer e tempo livre: clico no botão do explorer quase sem pensar. há um milhão de blogs para ler. mas onde está o que quero?
e o que queremos em um blog? primeiro, eu acho que a existência deles prova uma coisa ótima: realmente gostamos muito de ler. não é uma arte perdida. mas o que queremos ler?
uma vida interessante narrada com humor e insight, seria uma boa definição. uma boa dose de voyeurismo. identificação. a sensação de pertencer a um clubinho.
no fundo não buscamos um blog como leitura: buscamos como buscamos pessoas. estamos perto de alguém quando o lemos. difícil imaginar um blog bem sucedido que não traga absolutamente nada da vida de quem o escreve.
pausa. uma coisa interessante que pensei enquanto fumava um cigarro na rua é que o blog se constrói todo dia. isso é uma coisa muito dele. não é como um livro, pronto, pelo qual você vá ser julgado ou em cujas costas você possa repousar. ninguém volta e lê seus posts de um mês atrás. para todos os efeitos, eles não existem mais. ninguém avalia o conjunto da obra. a menos claro que você pense que o conjunto da obra está lá, na cabeça dos seus leitores. um blog tem que se defender, se provar todo dia. como as pessoas, que buscamos.
e o que queremos em um blog? primeiro, eu acho que a existência deles prova uma coisa ótima: realmente gostamos muito de ler. não é uma arte perdida. mas o que queremos ler?
uma vida interessante narrada com humor e insight, seria uma boa definição. uma boa dose de voyeurismo. identificação. a sensação de pertencer a um clubinho.
no fundo não buscamos um blog como leitura: buscamos como buscamos pessoas. estamos perto de alguém quando o lemos. difícil imaginar um blog bem sucedido que não traga absolutamente nada da vida de quem o escreve.
pausa. uma coisa interessante que pensei enquanto fumava um cigarro na rua é que o blog se constrói todo dia. isso é uma coisa muito dele. não é como um livro, pronto, pelo qual você vá ser julgado ou em cujas costas você possa repousar. ninguém volta e lê seus posts de um mês atrás. para todos os efeitos, eles não existem mais. ninguém avalia o conjunto da obra. a menos claro que você pense que o conjunto da obra está lá, na cabeça dos seus leitores. um blog tem que se defender, se provar todo dia. como as pessoas, que buscamos.
quarta-feira, maio 10, 2006
decretei hoje o dia de fuck low carb. três ou quatro sites me confirmaram hoje o que vinha sentindo: um efeito colateral nada desprezível da dieta é o mau-hálito. segundo os gurus, é sinal de que a dieta está funcionando. sem carboidratos para queimar, seu corpo começa a queimar gorduras. mas francamente, quem quer viver com um mau hálito constante?
no final das contas, meu objetivo final não era perder peso, mas fazer uma experiência do pressuposto carboidratos-te-deixam-faminto. foram três semanas e foi interessante. sem comer massa, arroz, pão ou frutas. basicamente comi carnes, queijo e saladas.o resultado positivo é você ver que você pode pelo menos viver com menos carboidratos. (no dia em que estava deprimido e me acabei numa macarronada, senti um peso fenomenal) e que eles são uma opção ruim de snack, porque enfim, eles dão mais fome. mas eles vão voltar à dieta. benvindos.
no final das contas, meu objetivo final não era perder peso, mas fazer uma experiência do pressuposto carboidratos-te-deixam-faminto. foram três semanas e foi interessante. sem comer massa, arroz, pão ou frutas. basicamente comi carnes, queijo e saladas.o resultado positivo é você ver que você pode pelo menos viver com menos carboidratos. (no dia em que estava deprimido e me acabei numa macarronada, senti um peso fenomenal) e que eles são uma opção ruim de snack, porque enfim, eles dão mais fome. mas eles vão voltar à dieta. benvindos.
segunda-feira, maio 08, 2006
dá tempo pra um adendo rápido, com o cérebro revitalizado pela nicotina: tommy lee jones faz um tommy lee jones competente como sempre (mas com um toque sutil de delicadeza no seu rancheiro ressecado pelo sol), mas barry pepper está sensacional representando a américa infantilizada, que não quer pagar pelo que faz. uma casca vazia, uma série de ilusões partidas (a mulher dele, morando num trailer agora, diz: - nós éramos muito populares na escola, sabe?) uma combinação de dureza com falta de solidez. muito, muito bem.
moro no brasil, não sei se moro bem ou moro mal, diz o outro, o jorge. moro em botafogo agora, no limite com flamengo e de frente para a praia. de botafogo, no caso, o que não é grande vantagem. é uma praia simbólica. ninguém entra nela. mas conta como vantagem, não?
de resto, muitos cinemas ao redor. chega a ser ridículo. e aproveitei. nesse final de semana vi caché, de haneken e três enterros de e com tommy lee jones. queria ter mais tempo para escrever longamente sobres os dois.
caché é difícil mas cheio de recompensas. sem música, sem facilidades, sem glamour. juliette binoche está gorda, descuidada, usa um vestido que parece um saco de batata. irritada, desconfiada, difícil. nada de musa aqui. daniel auteil mantém como pode as aparências de uma vida francesa se desfazendo em todos os fronts. racial, intelectual, amoroso.. é uma falência múltipla dos órgãos do país. e dói em todos, inclusive em nós.
the three burials of melquiades estrada tem roteiro do diretor de amores perros e direção competentíssima de tommy lee jones. unforgiving é a palavra que me ocorre. vingança, determinação, respeito. tommy lee jones faz um americano pagar amargamente pelo que faz. o pagamento é justo. e a impressão que se tem é que ele está arrastando toda a américa com ele pelo deserto. e, claro, ele está de partir o coração como o rancheiro monossilábico de valores intactos. perplexo. but unforgiving.
de resto, muitos cinemas ao redor. chega a ser ridículo. e aproveitei. nesse final de semana vi caché, de haneken e três enterros de e com tommy lee jones. queria ter mais tempo para escrever longamente sobres os dois.
caché é difícil mas cheio de recompensas. sem música, sem facilidades, sem glamour. juliette binoche está gorda, descuidada, usa um vestido que parece um saco de batata. irritada, desconfiada, difícil. nada de musa aqui. daniel auteil mantém como pode as aparências de uma vida francesa se desfazendo em todos os fronts. racial, intelectual, amoroso.. é uma falência múltipla dos órgãos do país. e dói em todos, inclusive em nós.
the three burials of melquiades estrada tem roteiro do diretor de amores perros e direção competentíssima de tommy lee jones. unforgiving é a palavra que me ocorre. vingança, determinação, respeito. tommy lee jones faz um americano pagar amargamente pelo que faz. o pagamento é justo. e a impressão que se tem é que ele está arrastando toda a américa com ele pelo deserto. e, claro, ele está de partir o coração como o rancheiro monossilábico de valores intactos. perplexo. but unforgiving.
quarta-feira, maio 03, 2006
escrevo posts em minha cabeça, na rede, mas infelizmente até eles chegarem a essa rede aqui, se perdem. e aí o trabalho já me chama. pena que um notebook ainda esteja tão longe. mas há de chegar.
preciso muito de um estudio. não vejo a hora de novo de ter aquelas folhas brancas enormes me olhando, meus lápis insanamente apontados, lado a lado e o nanquim chinês repousando plácido sobre a mesa, como uma baleia negra.
e mundos por criar.
(lembro sempre de um filme b estranho onde alguém repetia um poema que acabava: milhas e milhas antes de dormir. na época, gravei da tv numa fita cassete e ficava ouvindo aquilo, com o estranhamento do eco da dublagem fantasmagórica: milhas e milhas antes de dormir)
preciso muito de um estudio. não vejo a hora de novo de ter aquelas folhas brancas enormes me olhando, meus lápis insanamente apontados, lado a lado e o nanquim chinês repousando plácido sobre a mesa, como uma baleia negra.
e mundos por criar.
(lembro sempre de um filme b estranho onde alguém repetia um poema que acabava: milhas e milhas antes de dormir. na época, gravei da tv numa fita cassete e ficava ouvindo aquilo, com o estranhamento do eco da dublagem fantasmagórica: milhas e milhas antes de dormir)
sexta-feira, abril 28, 2006
e para combater as tentações do fim de semana, nada como esse edificante vídeo da associação por uma juventude sem mácula. amo a lauraaaaaa....
quinta-feira, abril 27, 2006
cena no bar: um idiota de gravata (do tipo que usa celular no cinto) com uma barriga meio obscena, se pavoneia com uma mulher mais velha. não é exatamente o objeto de desejo dele, que teria a metade da idade dela. parece uma colega. da firrrma. ele tenta explicar a idéia que teve para um portal. aham. lá pelas tantas, ele lembra de mencionar que eles teriam que contratar um uébi... uébi... "designer", completa a mulher. "Isso", diz ele. Ela all business e dizendo mentalmente, como todo herói de filme de ação: "Estou velha demais pra essa merda."
quarta-feira, abril 26, 2006
"Hoje a situação está ruim até para a gente de bem. Imagine para as pessoas humildes." - Deputado Delegado Cavalcante (PSDB)
lendo essa frase arrepiante no blog de aninha, acabei comentando lá e repetindo uma coisa que tenho dito e que quero desenvolver aqui: como o rio tem essa particularidade de misturar todas as classes sociais, você convive com todas as partes da pirâmide. e só tem aumentado minha admiração por quem está na base.
não é demagogia. eu simplesmente não tinha pensado muito nisso antes. no sul, se você é classe média, basicamente você convive com a classe média. aqui, no mesmo ônibus ou supermercado ou praia ou calçada, está o cara que mora na rocinha, o médio-executivo e a madame. no caminho para a casa na montanha, onde estou cercado por pessoas mais próximas do topo da pirâmide do que da base, passo sempre pelo meio de uns bairros de subúrbio. e a diferença é flagrante: as pessoas estão na rua, conversando, rindo, convivendo de fato. no condomínio, se alguém te der oi, você se espanta. se você bater na porta dela pedindo o mínimo favor, ela vai te olhar com um horror indisfarçável e um desprezo profundo: como é que você quebrou o códido não-escrito da inviolabilidade do lar?
na rua, no mercado, você vê: as pessoas mais simples (pra usar esse eufemismo horrível) são simpáticas com todo mundo. sorriem, brincam. estão indo para trabalhos duros e casas mínimas, mas estão de bem com a vida. as "de bem" só tem simpatia pelo seu mundinho. (se simpatia é a palavra certa. é mais um interesse reprodutivo darwiniano.) e as mulheres são as piores. essas pessoas que você vê escancarando os dentes nas páginas de caras andam pela cidade com uma máscara dolorosa, um rictus no rosto, uma espécie de contração ao redor dos lábios. não é só uma ausência de sorriso, mas é realmente uma dureza no rosto apavorante.
não vou dizer que eu queria morar na favela, mas realmente queria morar num lugar onde haja um pouco disso: alegria, confraternização, solidariedade, empatia, convívio. deus me livre de nossas elites. brrrr.
lendo essa frase arrepiante no blog de aninha, acabei comentando lá e repetindo uma coisa que tenho dito e que quero desenvolver aqui: como o rio tem essa particularidade de misturar todas as classes sociais, você convive com todas as partes da pirâmide. e só tem aumentado minha admiração por quem está na base.
não é demagogia. eu simplesmente não tinha pensado muito nisso antes. no sul, se você é classe média, basicamente você convive com a classe média. aqui, no mesmo ônibus ou supermercado ou praia ou calçada, está o cara que mora na rocinha, o médio-executivo e a madame. no caminho para a casa na montanha, onde estou cercado por pessoas mais próximas do topo da pirâmide do que da base, passo sempre pelo meio de uns bairros de subúrbio. e a diferença é flagrante: as pessoas estão na rua, conversando, rindo, convivendo de fato. no condomínio, se alguém te der oi, você se espanta. se você bater na porta dela pedindo o mínimo favor, ela vai te olhar com um horror indisfarçável e um desprezo profundo: como é que você quebrou o códido não-escrito da inviolabilidade do lar?
na rua, no mercado, você vê: as pessoas mais simples (pra usar esse eufemismo horrível) são simpáticas com todo mundo. sorriem, brincam. estão indo para trabalhos duros e casas mínimas, mas estão de bem com a vida. as "de bem" só tem simpatia pelo seu mundinho. (se simpatia é a palavra certa. é mais um interesse reprodutivo darwiniano.) e as mulheres são as piores. essas pessoas que você vê escancarando os dentes nas páginas de caras andam pela cidade com uma máscara dolorosa, um rictus no rosto, uma espécie de contração ao redor dos lábios. não é só uma ausência de sorriso, mas é realmente uma dureza no rosto apavorante.
não vou dizer que eu queria morar na favela, mas realmente queria morar num lugar onde haja um pouco disso: alegria, confraternização, solidariedade, empatia, convívio. deus me livre de nossas elites. brrrr.
terça-feira, abril 25, 2006
na hora do almoço, dez minutos de ulisses
nenhum outro jeito a não ser esse, enrolando devagar o resultado. as sementes na mão, o crunch crunch de quando se mastiga, ritmado ao caminhar. pessoas por todos os cantos do seu campo de visão. a ausência de desejo, impressionante. só na banca, claro, com as mulheres impossíveis. um seio se projeta em uma arquitetura inacreditável. se ela se curvar o mundo gira. minha cabeça gira olhando para aquele eixo. me dê uma alavanca e moverei o mundo. eu tenho a alavanca, está bem aqui, penso em dizer. mas da banca, impressa, ela não me ouve. a outra é distraída, a próxima nem pagando, aquela quem sabe, aquela muito jovem, aquela hmmm. arquivo X, segunda temporada. revistas com abdômens perfeitos perguntando se você é bom de cama. sol. sombra. cheiro de comida. supermercado. super, no sul. mercado, aqui. a rua, essa constante de carros em flecha sobre o asfalto. uma fonte no meio do caminho, você quer ser um menino de rua para pular nela. ali compro filmes, ali gasto bebendo, aqui pego meu dinheiro e nessa sombra descanso. no parque lage a sombra é sólida, úmida, sussurrante. os ônibus passam aqui e queria estar do outro lado do muro, ouvindo o mofo do parque. eventualmente você tem que ir trabalhar, mas até lá dá pra escrever um pedacinho de ulisses.
nenhum outro jeito a não ser esse, enrolando devagar o resultado. as sementes na mão, o crunch crunch de quando se mastiga, ritmado ao caminhar. pessoas por todos os cantos do seu campo de visão. a ausência de desejo, impressionante. só na banca, claro, com as mulheres impossíveis. um seio se projeta em uma arquitetura inacreditável. se ela se curvar o mundo gira. minha cabeça gira olhando para aquele eixo. me dê uma alavanca e moverei o mundo. eu tenho a alavanca, está bem aqui, penso em dizer. mas da banca, impressa, ela não me ouve. a outra é distraída, a próxima nem pagando, aquela quem sabe, aquela muito jovem, aquela hmmm. arquivo X, segunda temporada. revistas com abdômens perfeitos perguntando se você é bom de cama. sol. sombra. cheiro de comida. supermercado. super, no sul. mercado, aqui. a rua, essa constante de carros em flecha sobre o asfalto. uma fonte no meio do caminho, você quer ser um menino de rua para pular nela. ali compro filmes, ali gasto bebendo, aqui pego meu dinheiro e nessa sombra descanso. no parque lage a sombra é sólida, úmida, sussurrante. os ônibus passam aqui e queria estar do outro lado do muro, ouvindo o mofo do parque. eventualmente você tem que ir trabalhar, mas até lá dá pra escrever um pedacinho de ulisses.
notas esparsas em um tempo escasso:
conheci uma baixa copacabana no feriado e talvez o melhor sebo da minha vida, o baratos da ribeiro. basicamente eu queria comprar tudo que tinha ali dentro. revoltante. comprei um livro bem interessante chamado the hungry years, que é e não é sobre comida, é e não é sobre dieta e é e não é sobre o sentido da vida. o autor é um jornalista que não tem nada de auto ajuda, na verdade escreve brutalmente bem e não quer ajudar nem a ele. os relatos de obsessão dele vão da comida à heroína, então, you get the idea. mas no meio disso tem um debate grande sobre a dieta atkins, o que fez com que eu esteja no meu segundo dia sem carbohidratos. a teoria é: carbs make you hungry. você come pão ou massa e te dá fome. (seu açúcar sobe, logo desaba, logo você quer mais) logo, você come mais. como eu vivo com fome e como muito pão e muita massa, estou fazendo uma experiência. a ver o que acontece. se perder uns quilos também não vou reclamar.
ainda sobre baixa copacabana: mulheres só as profissionais. e feias como o pecado, como diziam no passado. quer dizer, hoje em dia o pecado é bem mais ajeitadinho, mas aquelas ali são do tempo que o pecado era feio mesmo. aliás, mulheres, no rio.... oh boy. nessas horas me dá saudade do sul. sinto falta de torcer o pescoço olhando para alguém que você não podia deixar de olhar, sabe como é? sinto falta também de outras coisas, mas melhor deixar assim.
conheci uma baixa copacabana no feriado e talvez o melhor sebo da minha vida, o baratos da ribeiro. basicamente eu queria comprar tudo que tinha ali dentro. revoltante. comprei um livro bem interessante chamado the hungry years, que é e não é sobre comida, é e não é sobre dieta e é e não é sobre o sentido da vida. o autor é um jornalista que não tem nada de auto ajuda, na verdade escreve brutalmente bem e não quer ajudar nem a ele. os relatos de obsessão dele vão da comida à heroína, então, you get the idea. mas no meio disso tem um debate grande sobre a dieta atkins, o que fez com que eu esteja no meu segundo dia sem carbohidratos. a teoria é: carbs make you hungry. você come pão ou massa e te dá fome. (seu açúcar sobe, logo desaba, logo você quer mais) logo, você come mais. como eu vivo com fome e como muito pão e muita massa, estou fazendo uma experiência. a ver o que acontece. se perder uns quilos também não vou reclamar.
ainda sobre baixa copacabana: mulheres só as profissionais. e feias como o pecado, como diziam no passado. quer dizer, hoje em dia o pecado é bem mais ajeitadinho, mas aquelas ali são do tempo que o pecado era feio mesmo. aliás, mulheres, no rio.... oh boy. nessas horas me dá saudade do sul. sinto falta de torcer o pescoço olhando para alguém que você não podia deixar de olhar, sabe como é? sinto falta também de outras coisas, mas melhor deixar assim.
quarta-feira, abril 19, 2006
alguém já viu? tenho trailer em um dvd e é um daqueles trailers que é uma alegria em si só: já vi muitas vezes. uplifting é a palavra. fico de bom humor a cada vez. parece um daqueles filmes maravilhosos sobre nada em particular. e nicolas cage não é exatamente um ator: é uma personalidade. alguém que você gosta de ver na tela, fazendo qualquer coisa. faz você pensar sobre isso. o cinema está cheio disso: pessoas que você está pagando para que elas existam.
segunda-feira, abril 17, 2006
então no feriado andei por toda santa teresa. meus joelhos sentiram, mas a alma agradeceu. não consigo imaginar um bairro que possa me encantar mais ou que ganhe na categoria charme. não no brasil, pelo menos. os franceses que moram aqui falam que lembra montmartre. e, claro, ninguém bate a frança em charme.
na hipótese remota que algum dos meus viajados leitores não conheça, santa teresa é um desses redutos de linda decadência, um ponto antes endinheirado, posteriormente favelizado ao redor e subsequentemente desvalorizado e invadido por artistas. alguns diriam hippies. bom, tem dos dois. mas o certo é que é de uma beleza absurda. os desníveis do solo, as ladeiras extremas criam uma impressão estranhíssima de que aqueles prédios rebuscados e semi-castelos se projetam no ar, para cima e para baixo ao mesmo tempo. aliás, em cima e em baixo são altamente relativos ali. meio difícil de explicar, mas maravilhoso de ver. subi todo o bairro, cruzamos uma procissão católica, vimos uma baiana vendendo acarajé, uma velhinha tocando choro, uma quantidade absurda de turistas bebendo nos bares podres de charme e por fim um hotel que era praticamente uma fortaleza medieval. aqueles muros gigantescos de pedra, as alturas, as escadas e a vista impressionante do final de tarde, os morros majestosos e as luzes da favela se acendendo aos poucos. eu me mudaria para ali hoje, agora, mas ainda não foi dessa vez.
na hipótese remota que algum dos meus viajados leitores não conheça, santa teresa é um desses redutos de linda decadência, um ponto antes endinheirado, posteriormente favelizado ao redor e subsequentemente desvalorizado e invadido por artistas. alguns diriam hippies. bom, tem dos dois. mas o certo é que é de uma beleza absurda. os desníveis do solo, as ladeiras extremas criam uma impressão estranhíssima de que aqueles prédios rebuscados e semi-castelos se projetam no ar, para cima e para baixo ao mesmo tempo. aliás, em cima e em baixo são altamente relativos ali. meio difícil de explicar, mas maravilhoso de ver. subi todo o bairro, cruzamos uma procissão católica, vimos uma baiana vendendo acarajé, uma velhinha tocando choro, uma quantidade absurda de turistas bebendo nos bares podres de charme e por fim um hotel que era praticamente uma fortaleza medieval. aqueles muros gigantescos de pedra, as alturas, as escadas e a vista impressionante do final de tarde, os morros majestosos e as luzes da favela se acendendo aos poucos. eu me mudaria para ali hoje, agora, mas ainda não foi dessa vez.
terça-feira, abril 11, 2006
a simple plan não é nada simples. é o que acontece quando a pior natureza do homem vem à tona. talvez seja a única e o resto seja perfumaria. ou simplesmente o que surge quando os básicos estão envolvidos - sobrevivência, procriação, prosperidade. é fácil ser civilizado na fila do teatro.
mas sam raimi, que nos acostumamos a ter como um nerd inofensivo, mostra esse lado negro, ou simplesmente básico em todo seu esplendor-horror. agiríamos diferente? no lo sé. com alguns milhões de dólares entre nós, o homem das cavernas retorna.
mas sam raimi, que nos acostumamos a ter como um nerd inofensivo, mostra esse lado negro, ou simplesmente básico em todo seu esplendor-horror. agiríamos diferente? no lo sé. com alguns milhões de dólares entre nós, o homem das cavernas retorna.
sexta-feira, abril 07, 2006
quinta-feira, abril 06, 2006
Aliás, por falar em celebrity, eu sou completamente cúmplice da estupidificação midiática que nos assola. Eu adoro bobagem. E das bobagens da televisão, uma que eu adoro acima de todas é American Idol. Acho que Simon é uma das criaturas pop mais engraçadas com sua virulência fleumática, sua maldade blasé implacável e acho que ele está certíssimo com frequência. Ontem vi a estréia de Ídolo, no SBT e acho que vai ser igualmente hilário. Apesar dos dois apresentadores revoltantemente estúpidos, os jurados são ótimos. Se não fosse por mais nada, já valia ver Carlos Eduardo Miranda falar com aquele portoalegrês impagável: "Velhiiiinho, tu pode agradar essas fãs de subpagode, mas tá muito ruim. Deixa de ser careta, veeelho." Aliás, é uma festa de sotaques. A jurada nordestina, além de ser cute as hell, é um primor: "Flor, cê não canta, né?"
Hoje, 10:15 tem mais e vale ver a humanidade se submeter ao ridículo de novo e, quem sabe, alguém que canta de verdade aparecer no meio daquele circo.
Hoje, 10:15 tem mais e vale ver a humanidade se submeter ao ridículo de novo e, quem sabe, alguém que canta de verdade aparecer no meio daquele circo.
terça-feira, abril 04, 2006
o ônibus errado de novo. damn. desci na frente da rocinha. tranquilo. como diz o popular na entrevista, na favela tem mais trabalhador do que bandido. o problema é outro. e não dei dez passos, pá: polícia. fazendo o quê aqui? vem de onde? vai pra onde? faz o quê? deixa eu ver sua bolsa. tem flagrante? tinha nada. e dei sorte, muita sorte. não só por não ter nada, mas por ter pego uma dupla tranquila. o joelho deu aquela baqueada discreta, mas fora isso e uma inspeção minuciosa da minha bolsa (comentário dele: pô, mas você fuma pra caralho, uh?), fui liberado. primeiro atraque da minha vida, acreditem. acho que sempre tive cara de bom moço. mas cabeludo, razoavelmente bem vestido, na frente da rocinha, ia estar fazendo o quê?
o pior é o momento da inevitabilidade, tão bem descrito no cinema. você está andando e vê eles chegando. por um momento pode não ser com você, mas daí é. e depois que começa, claro, você nunca sabe como vai acabar. lição aprendida: não erre o ônibus, mané!
o pior é o momento da inevitabilidade, tão bem descrito no cinema. você está andando e vê eles chegando. por um momento pode não ser com você, mas daí é. e depois que começa, claro, você nunca sabe como vai acabar. lição aprendida: não erre o ônibus, mané!
segunda-feira, abril 03, 2006
chove no rio. as pessoas apressam o passo, o dia fecha, eu prolongo o almoço e fumo mais um pouco. sanduíche de pernil com abacaxi é um achado. o pernil quente, o abacaxi gelado...os sucos que se misturam... e a cidade de repente cinzenta. subi santa teresa no sábado e vaguei pelo centro no domingo. desenhei muito os prédios antigos. dia desses ponho no ar. nada mais complicado que isso. enquanto mudo de casa como de roupa, não dá pra começar nada. mesmo na festa, olhava tudo de longe. minha vida aqui é só uma preview ainda. mas o filme vai ser bom.
ah, sim, a notícia da década: voltou a coca-cola da garrafa clássica aos supermercados. se tem um objeto de design mais bonito que aquele, não sei.
ah, sim, a notícia da década: voltou a coca-cola da garrafa clássica aos supermercados. se tem um objeto de design mais bonito que aquele, não sei.
sexta-feira, março 31, 2006
woodstock na estação fantasma
a estrada não estava vazia ontem. a parada onde pego meu segundo ônibus para ir para casa, uma espécie de estação de trem fantasma toda grafitada, estava repleta de pessoas de branco. todos iam "para a igreja". a igreja do santo daime, que fica no caminho de casa. embora os relatos digam que vá todo tipo de gente, a presença neo-hippie era avassaladora. a clássica princesinha-hippie-do-calcanhar-sujo e seu(s) parceiro(s). com a dominância do branco sobre a indefectível bata indiana. pelo que me lembro de meu brevíssimo estágio em woodstockland, a sensação mais confortante era a de pertencer. a algo. a mesma coisa que deve sentir alguém da tribo dos-de-preto ou dos carecas do subúrbio, tanto faz. mas a facilidade de, através de um dress code nada informal, identificar um semelhante. tão fácil, não? lembro que foi essa a perda que senti quando desisti de usar o uniforme. eu teria que usar outras ferramentas para achar interlocutores. eu tinha abandonado as facilidades da tribo.
nesses dias, eu tento muito ser invisível. mas eu lembro do conforto de pertencer.
a estrada não estava vazia ontem. a parada onde pego meu segundo ônibus para ir para casa, uma espécie de estação de trem fantasma toda grafitada, estava repleta de pessoas de branco. todos iam "para a igreja". a igreja do santo daime, que fica no caminho de casa. embora os relatos digam que vá todo tipo de gente, a presença neo-hippie era avassaladora. a clássica princesinha-hippie-do-calcanhar-sujo e seu(s) parceiro(s). com a dominância do branco sobre a indefectível bata indiana. pelo que me lembro de meu brevíssimo estágio em woodstockland, a sensação mais confortante era a de pertencer. a algo. a mesma coisa que deve sentir alguém da tribo dos-de-preto ou dos carecas do subúrbio, tanto faz. mas a facilidade de, através de um dress code nada informal, identificar um semelhante. tão fácil, não? lembro que foi essa a perda que senti quando desisti de usar o uniforme. eu teria que usar outras ferramentas para achar interlocutores. eu tinha abandonado as facilidades da tribo.
nesses dias, eu tento muito ser invisível. mas eu lembro do conforto de pertencer.
quinta-feira, março 30, 2006
como disse gabi, a sabedoria da borboleta foi foda. e como disse m., blame it on the sun. hoje, enfim, um filme cinza cobre a cidade e me encontro mais sóbrio. de fato, a sabedoria da borboleta parece um nome ótimo para um livro de auto-ajuda. "como resolver sua depressão, problemas de peso, fumo e alcoolismo com a sabedoria da borboleta."
jorge, vou enfim ler a pior banda do mundo. recuperada em porto alegre, guardada na mudança, lembrei dela hoje. deve ser esse clima europeu que retorna.
sábado vou conhecer santa teresa. segue o avanço lento sobre a cidade, com passos de caranguejo: de lado.
jorge, vou enfim ler a pior banda do mundo. recuperada em porto alegre, guardada na mudança, lembrei dela hoje. deve ser esse clima europeu que retorna.
sábado vou conhecer santa teresa. segue o avanço lento sobre a cidade, com passos de caranguejo: de lado.
segunda-feira, março 27, 2006
o artista em crise, pág 622
cada cigarro fumado no pátio tenta ser um reset. nossa mente produtiva precisa de vírgula. sou capaz de sentar e fazer trinta capas em meia hora, mas daí também não sei mais se sou moby dick ou paulo coelho. ou algo assim. você fica fumando, atordoado pelas imagens que você mesmo escolheu e pensa: que foi mesmo que eu esqueci? qual era o meu projeto? não o gráfico, que esse está em andamento, mas o outro, aquele da sombra do coração.
e às vezes você não lembra.
cada cigarro fumado no pátio tenta ser um reset. nossa mente produtiva precisa de vírgula. sou capaz de sentar e fazer trinta capas em meia hora, mas daí também não sei mais se sou moby dick ou paulo coelho. ou algo assim. você fica fumando, atordoado pelas imagens que você mesmo escolheu e pensa: que foi mesmo que eu esqueci? qual era o meu projeto? não o gráfico, que esse está em andamento, mas o outro, aquele da sombra do coração.
e às vezes você não lembra.
primeira praia. depois, ontem, as águas de março. torrenciais. e hoje, uma borboleta incrivelmente azul escapou do jardim lage e cruzou meu caminho. atravessou a calçada, foi pro trânsito e quase vi ela se espatifando contra um ônibus, mas sabiamente no último minuto ela cruzou de volta para a sombra pesada do parque. azul, azul. e o parque aquela coisa: a sombra verde de onde o sol não entra, úmida. os muros verdes de limo. lembra você que um outro mundo existe, indo pro trabalho.
quinta-feira, março 23, 2006
oi coração/ não dá pra falar muito não/espera passar o avião/assim que o inverno passar/ eu acho que vou me mudar. sair do meu exílio bucólico nas montanhas. conto quando e se. ontem rodei por ipanema e achei a cara do bomfim. mas vou pra lapa. vi a praia hoje, às 6 e meia da manhã. descobri que quase ninguém fuma aqui. uno se sente mais e mais proscrito com essa droga. descobri que um modesto sanduíche na verdade vira uma epopéia de pernil. não dá pra reclamar. acordei em copacabana, princesinha do mar, onde os plebeus dormem na praia e os bons súditos caminham, bronzeados. e vi um castelo de areia gótico da minha altura. e um nordestino dizia: se bate o coração, tô passando a mão. baby bye bye.
quarta-feira, março 22, 2006
terça-feira, março 21, 2006
cartas cariocas 1
direto das areias escaldantes. ou pelo menos eu imagino que elas sejam, quando passam pela janela do ônibus. e montanhas. não passa um minuto sem que uma montanha deslize silenciosa entre um prédio e outro. mas isso todo mundo sabe, não? aliás, minha teoria sempre foi de que o conhecimento terceirizado nos deixava todos insensíveis à experiencia real, mas posso estar errado. clichês se confirmam: não é tão quente, os cariocas realmente dão informações com uma simpatia brasileira e uma calma tibetana... atravessar ruas é um esporte radical. ou um jogo de paciência.
já tomei uma meia dúzia de chopes, peguei uns 8 ou 9 ônibus... ainda longe de ser um especialista. mas me sinto mais habilitado na categoria sobrevivência urbana. um reality show pessoal.
já falei das montanhas? elas estão lá, por toda parte, verdes, imensas. enquanto os passageiros dormem, o túnel passa e eu passarinho. o resto, depois, eu suponho.
EDIT: eu devia explicar melhor, eu sei. mas o tempo é meio roubado ainda. e os meios... quando estou balançando na rede, de frente para a floresta da tijuca à noite, coisas melhores me ocorrem, mas aquele notebook não chegou ainda. um dia chega. um diário noturno, digitado da rede sairia melhor, eu suponho.
um bichinho meio marsupial deslizou ontem pelo fio da luz enquanto eu pensava. curioso estar tão perto da natureza. a cidade é uma invasão enorme no meio desse paraíso tropical.
ainda sem relógio, em meu retiro longínquo, durmo cedo e acordo com a luz invadindo a janela. depois desço para c idade e começa o curso de sobrevivência urbana. mas é gentil, não é brutal esse percurso. a beleza das suburbanas, as moças que parecem índias, mesmo o calor é gentil, não é aquele paredão de infeno do verão do sul. já no segundo dia o desenho da cidade parece querer fazer sentido, você entende que se move de lá pra cá, que se almoça no escritório, que uma vida existe e é uma questão de aprender não o sotaque, mas a prosódia, se entendo bem a palavra. o ritmo. claro, não existe uma vida aqui, mas vidas. muitas. a tolerância nos faz deslizar entre elas. e como dizia lenine, gentileza é fundamental.
(lendo olga e vendo a cidade também com os olhos alemães dela, a bela armada protegendo o cavaleiro da esperança pelas ruas do rio. e é possível que eu atravesse de ônibus, com o livro na mão, uma rua que ela cruzou.)
direto das areias escaldantes. ou pelo menos eu imagino que elas sejam, quando passam pela janela do ônibus. e montanhas. não passa um minuto sem que uma montanha deslize silenciosa entre um prédio e outro. mas isso todo mundo sabe, não? aliás, minha teoria sempre foi de que o conhecimento terceirizado nos deixava todos insensíveis à experiencia real, mas posso estar errado. clichês se confirmam: não é tão quente, os cariocas realmente dão informações com uma simpatia brasileira e uma calma tibetana... atravessar ruas é um esporte radical. ou um jogo de paciência.
já tomei uma meia dúzia de chopes, peguei uns 8 ou 9 ônibus... ainda longe de ser um especialista. mas me sinto mais habilitado na categoria sobrevivência urbana. um reality show pessoal.
já falei das montanhas? elas estão lá, por toda parte, verdes, imensas. enquanto os passageiros dormem, o túnel passa e eu passarinho. o resto, depois, eu suponho.
EDIT: eu devia explicar melhor, eu sei. mas o tempo é meio roubado ainda. e os meios... quando estou balançando na rede, de frente para a floresta da tijuca à noite, coisas melhores me ocorrem, mas aquele notebook não chegou ainda. um dia chega. um diário noturno, digitado da rede sairia melhor, eu suponho.
um bichinho meio marsupial deslizou ontem pelo fio da luz enquanto eu pensava. curioso estar tão perto da natureza. a cidade é uma invasão enorme no meio desse paraíso tropical.
ainda sem relógio, em meu retiro longínquo, durmo cedo e acordo com a luz invadindo a janela. depois desço para c idade e começa o curso de sobrevivência urbana. mas é gentil, não é brutal esse percurso. a beleza das suburbanas, as moças que parecem índias, mesmo o calor é gentil, não é aquele paredão de infeno do verão do sul. já no segundo dia o desenho da cidade parece querer fazer sentido, você entende que se move de lá pra cá, que se almoça no escritório, que uma vida existe e é uma questão de aprender não o sotaque, mas a prosódia, se entendo bem a palavra. o ritmo. claro, não existe uma vida aqui, mas vidas. muitas. a tolerância nos faz deslizar entre elas. e como dizia lenine, gentileza é fundamental.
(lendo olga e vendo a cidade também com os olhos alemães dela, a bela armada protegendo o cavaleiro da esperança pelas ruas do rio. e é possível que eu atravesse de ônibus, com o livro na mão, uma rua que ela cruzou.)
sexta-feira, março 17, 2006
quarta-feira, março 01, 2006
o que me lembra daquele conto clássico de borges, onde o borges velho encontra seu eu jovem. o que eu faria se encontrasse meu jovem eu? é inútil, não? o que você pode dizer que evite toda a miséria futura, os embarações, os equívocos lamentáveis?
suspeito que se você o encontrasse ainda criança, ficaria seriamente tentado a torcer aquele pescocinho e abreviar as coisas.
suspeito que se você o encontrasse ainda criança, ficaria seriamente tentado a torcer aquele pescocinho e abreviar as coisas.
a pior coisa da mudança? ter que abrir aquela caixa apavorante chamada "personal stuff". essa é sua vida. oh boy. o horror, o horror de ler o que você escrevia aos 18 anos. cadernos e cadernos. que você vem arrastando há anos. desenhos. cartas. diários. fotos.com minhas próprias coisas ainda consegui ser bem impiedoso, mas o que fazer com uma carta da sua irmã de quando ela tinha 10 anos? ahhhhh. dilacerante. o afeto, a ingenuidade, a infância perdida... no meio daquela poeira, suado e impaciente, fiquei a um passo de ter minhas glândulas lacrimais ativadas. deve ser a poeira.
você pôe a carta de volta na caixa e programa a bomba para explodir de novo em dois ou três anos, na sua próxima mudança.
você pôe a carta de volta na caixa e programa a bomba para explodir de novo em dois ou três anos, na sua próxima mudança.
terça-feira, fevereiro 28, 2006
sobrevivendo a mais um carnaval. hoje de manhã a visão da minha rua era a de um daqueles filmes de apocalipse zumbi: not a soul. nem uma alma à vista. se bem que minha rua não é bem o caso. já nesse estado chamado trânsito. na casa de outrem, por assim dizer. ontem ou anteontem escrevi:
Não é uma palavra linda, exílio?
Eu ia dizer que o meu começou hoje, quando saí de uma casa que não é a minha e fui jantar em um restaurante odioso, com um livro, completamente alheio aos estranhos e à música ruim, mas então pensei: começa meu exílio, acaba, continua? Onde é casa? Último dia no emprego, objetos vendidos, outros encaixotados, uma data de partida se aproximando. Mas eu vivo em mim. Essa é minha casa. Vou estar sempre em casa e fora dela.
Não é uma palavra linda, exílio?
Eu ia dizer que o meu começou hoje, quando saí de uma casa que não é a minha e fui jantar em um restaurante odioso, com um livro, completamente alheio aos estranhos e à música ruim, mas então pensei: começa meu exílio, acaba, continua? Onde é casa? Último dia no emprego, objetos vendidos, outros encaixotados, uma data de partida se aproximando. Mas eu vivo em mim. Essa é minha casa. Vou estar sempre em casa e fora dela.
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
se alguém escrevia para o odyr@diariopopular.com , seria bom começar a escrever para odyr@hotmail.com . se quiser resposta. minha última âncora vai ser levantada. a casa já foi. foi com uma alegria... como é bom desmontar casa. querer mesmo eu queria bater a porta e sair. mas em nome dos bons costumes cedi a casa, empacotei livros, vendi quase tudo, rasguei papéis... essa vida de cigano. se você não viu perdas e danos com juliette binoche enfiando seu estilete amoroso em todos os corpos, você devia pular para o próximo parágrafo, mas realmente amo aquele final em que o lorde irons vive em algum lugar que parece indiano, comprando sua comida dia a dia, sem livros, com o mínimo de casa possível. e uma foto absolutamente gigantesca dela na parede. como ele, nunca conseguimos largar tudo.
If you had no name / If you had no history / If you have no books / If you had no family
If it were only you / Naked on the grass / Who would you be then?
(Philip Glass / Suzanne Vega)
If you had no name / If you had no history / If you have no books / If you had no family
If it were only you / Naked on the grass / Who would you be then?
(Philip Glass / Suzanne Vega)
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
anotações desconexas:
bom ver as pessoas se falando aqui de novo. devem ser as férias acabando.
ontem fiquei seriamente perturbado por un instante, ajustando um relógio de parede para o horário de verão. no celular, o ajuste é praticamente uma operação mental. mas fazer os ponteiros de um relógio analógico andar para trás...hmmm...perturbador. superman syndrome.
gabi tem podcasts. ontem baixei e ouvi um podcast feliz, acho que o 7. muito bom. e o inglês de gabi não cessa de me surpreender. era a locutora de uma rádio californiana. às vezes eu acho que vivo demais em outro país, mas gabi já está lá mesmo.
explicar a piada é dureza, uh, angie?
esse negócio da dorothy parker me fez pensar uma obviedade, mas enfim: poemas funcionam bem na internet, não? são breves. são do tamanho da atenção de um internauta médio. um livro de poemas é um novelo a ser desenrolado ao longo do tempo. acho que eles existem muito bem como coisinhas únicas, flutuando na internet.
welcome back, bitisa. back to the matrix.
ah, sim: quer perder o sono? faça como eu - leia sobre computadores quânticos tarde na noite na wikipedia. melhor que café ou pó. as sinapses se acumulam.
Edit: sam tem camisetas. boy, como eu admiro gente que faz. aproveite e olhe o site dela, que é bem bacana. quando eu crescer quero ter metade da organização dela.
bom ver as pessoas se falando aqui de novo. devem ser as férias acabando.
ontem fiquei seriamente perturbado por un instante, ajustando um relógio de parede para o horário de verão. no celular, o ajuste é praticamente uma operação mental. mas fazer os ponteiros de um relógio analógico andar para trás...hmmm...perturbador. superman syndrome.
gabi tem podcasts. ontem baixei e ouvi um podcast feliz, acho que o 7. muito bom. e o inglês de gabi não cessa de me surpreender. era a locutora de uma rádio californiana. às vezes eu acho que vivo demais em outro país, mas gabi já está lá mesmo.
explicar a piada é dureza, uh, angie?
esse negócio da dorothy parker me fez pensar uma obviedade, mas enfim: poemas funcionam bem na internet, não? são breves. são do tamanho da atenção de um internauta médio. um livro de poemas é um novelo a ser desenrolado ao longo do tempo. acho que eles existem muito bem como coisinhas únicas, flutuando na internet.
welcome back, bitisa. back to the matrix.
ah, sim: quer perder o sono? faça como eu - leia sobre computadores quânticos tarde na noite na wikipedia. melhor que café ou pó. as sinapses se acumulam.
Edit: sam tem camisetas. boy, como eu admiro gente que faz. aproveite e olhe o site dela, que é bem bacana. quando eu crescer quero ter metade da organização dela.
terça-feira, fevereiro 21, 2006
ahh, nada como uma dorothy parker para nos colocar em nosso devido lugar.
Bohemia
Authors and actors and artists and such Never know nothing, and never know much.
Sculptors and singers and those of their kidney Tell their affairs from Seattle to Sydney.
Playwrights and poets and such horses' necks Start off from anywhere, end up at sex.
Diarists, critics, and similar roe Never say nothing, and never say no.
People Who Do Things exceed my endurance; God, for a man that solicits insurance!
Bohemia
Authors and actors and artists and such Never know nothing, and never know much.
Sculptors and singers and those of their kidney Tell their affairs from Seattle to Sydney.
Playwrights and poets and such horses' necks Start off from anywhere, end up at sex.
Diarists, critics, and similar roe Never say nothing, and never say no.
People Who Do Things exceed my endurance; God, for a man that solicits insurance!
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
eu sei que, como seriado ou novela esse aqui anda meio tedioso, mas hey, a new season is coming! novos personagens! novo cenário! tudo novo, menos o protagonista, que não deve mudar muito. a partir do final de março, o seriado deve se chamar lost in rio. a habitual melancolia projetada contra um cenário tropical. balas perdidas! dificuldade de tradução! ou algo assim.
até o final de fevereiro atendemos ainda nesse endereço, depois viramos algo como o judeu errante. uns dias na casa da progenitora, uns dias vagando em porto alegre, uns dias se instalando no rio... boletins periódicos, eu suponho.
veio em boa hora, se vcs querem saber. meu exílio aqui foi bem sucedido, produzi muito, me reencontrei com um grupo grande de humanos... mas estava na hora de voltar a poduzir trabalho de qualidade na área gráfica. vou ser diretor de arte de uma editora iniciante, mas bem simpática por lá. vou ficar mais perto de alguns quadrinistas que conheço..enfim. vou tirar a poeira do cérebro. vai ser bom.
até o final de fevereiro atendemos ainda nesse endereço, depois viramos algo como o judeu errante. uns dias na casa da progenitora, uns dias vagando em porto alegre, uns dias se instalando no rio... boletins periódicos, eu suponho.
veio em boa hora, se vcs querem saber. meu exílio aqui foi bem sucedido, produzi muito, me reencontrei com um grupo grande de humanos... mas estava na hora de voltar a poduzir trabalho de qualidade na área gráfica. vou ser diretor de arte de uma editora iniciante, mas bem simpática por lá. vou ficar mais perto de alguns quadrinistas que conheço..enfim. vou tirar a poeira do cérebro. vai ser bom.
nesses tempos de internet, tudo é possível, inclusive apresentar duas pessoas virtualmente. duas pessoas que escrevem, publicam na internet e em breve em livros. são duas aves completamente diferentes em suas escritas, mas eu achava que as duas deviam se conhecer. então, phrann, meet angie. angie, meet phrann.
sexta-feira, fevereiro 17, 2006
um trecho que supostamente é de auden (não se sabe de nada nesses google days) reforça o que escrevi um tempo atrás sobre o ser escritor quando (e só quando) se escreve:
"Aos olhos dos outros, um homem é poeta se escreveu um bom poema. A seus próprios, só é poeta no momento em que faz a última revisão de um novo poema. Um momento antes, era apenas um poeta em potencial, um momento depois, é um homem que parou de escrever poesia, talvez para sempre."
"Aos olhos dos outros, um homem é poeta se escreveu um bom poema. A seus próprios, só é poeta no momento em que faz a última revisão de um novo poema. Um momento antes, era apenas um poeta em potencial, um momento depois, é um homem que parou de escrever poesia, talvez para sempre."
à esquerda, você tem jonathan Ive, inglês, designer da apple. desde o imac ele (e sua equipe) vem criando produtos maravilhosos: o ipod, o Icube, o Imini... todos com a mesma simplicidade absoluta de desenho, um atenção sensual à forma, ao mesmo tempo em absoluta conexão com a funcionalidade e, em última instância, objetos de desejo absolutos.
a microsoft, por outro lado não tem realmente nada a dizer nessa área. basicamente eles são uma empresa de software, que sofre de uma falta terminal de charme, do seu criador aos produtos. num esforço aflito, talvez movidos pelo desejo de ter um objeto, ao menos um cool para chamar de seu, eles chamam philippe starck, francês, enfant terrible do design e jogam uma quantidade obscena de dinheiro na direção dele. e o que ele faz? ele cria um mouse. lamentavelmente feio. sem nenhuma relação com qualquer outro produto da empresa.
obviamente isso diz bastante sobre cada uma delas.
a microsoft, por outro lado não tem realmente nada a dizer nessa área. basicamente eles são uma empresa de software, que sofre de uma falta terminal de charme, do seu criador aos produtos. num esforço aflito, talvez movidos pelo desejo de ter um objeto, ao menos um cool para chamar de seu, eles chamam philippe starck, francês, enfant terrible do design e jogam uma quantidade obscena de dinheiro na direção dele. e o que ele faz? ele cria um mouse. lamentavelmente feio. sem nenhuma relação com qualquer outro produto da empresa.
obviamente isso diz bastante sobre cada uma delas.
terça-feira, fevereiro 14, 2006
concurso de ilustração da folha. animado com a idéia. no final de semana me sento para escolher os desenhos. impressionante: nessas horas eu remexo caixas e caixas e não consigo achar meia dúzia de desenhos decentes para mandar. entre centenas de desenhos.
tem aquela frase do dave sim, que dizia que devíamos ficar em algum lugar entre ser nosso maior fã e nosso pior crítico. vocês sabem exatamente onde me situo, hã? o inimigo está no espelho.
mas enfim. mandei. pelo menos tem a alegria de saber que o laerte é um dos jurados e vai estar olhando para seu trabalho.
tem aquela frase do dave sim, que dizia que devíamos ficar em algum lugar entre ser nosso maior fã e nosso pior crítico. vocês sabem exatamente onde me situo, hã? o inimigo está no espelho.
mas enfim. mandei. pelo menos tem a alegria de saber que o laerte é um dos jurados e vai estar olhando para seu trabalho.
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
eu tenho uma admiração irracional por steve jobs. nasi, grande localizador de coisas interessantes, aponta para um artigo que sugere que a disney, ao comprar a pixar, pode estar motivada do mesmo sentimento. ou pelo menos da visão de que ter jobs no grupo é smart business.
encontrei essa palestra dele online que justifica um pouco minha admiração.
Your work is going to fill a large part of your life, and the only way to be truly satisfied is to do what you believe is great work. And the only way to do great work is to love what you do.
não é uma declaração brutalmente original, mas é o tipo de coisa de que precisamos nos lembrar com frequência. aliás, podia estar estampado em letras enormes na parede de cada escritório, fábrica, atelier...
encontrei essa palestra dele online que justifica um pouco minha admiração.
Your work is going to fill a large part of your life, and the only way to be truly satisfied is to do what you believe is great work. And the only way to do great work is to love what you do.
não é uma declaração brutalmente original, mas é o tipo de coisa de que precisamos nos lembrar com frequência. aliás, podia estar estampado em letras enormes na parede de cada escritório, fábrica, atelier...
quinta-feira, fevereiro 09, 2006
random quote of the day:
bored to tears at work, basically. so, the blog is no good. but wait, what thinking people have to say today?
anything simple enough to be understandable will not be complicated enough to behave intelligently, while anything complicated enough to behave intelligently will not be simple enough to understand.
George Dyson
bored to tears at work, basically. so, the blog is no good. but wait, what thinking people have to say today?
anything simple enough to be understandable will not be complicated enough to behave intelligently, while anything complicated enough to behave intelligently will not be simple enough to understand.
George Dyson
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
do citado blog de rudy rucker:
This week?s pictures are from the hills of Los Gatos and the Wilder Ranch beaches in Santa Cruz. The connection with my texts is oblique, aleatory, surreal. The meaning-seeking human brain can connect anything to anything. Proof: Every time you watch TV with the sound off, and with a CD playing music, there is a perfect fit between image and audio tracks. Even if you?re straight.
This week?s pictures are from the hills of Los Gatos and the Wilder Ranch beaches in Santa Cruz. The connection with my texts is oblique, aleatory, surreal. The meaning-seeking human brain can connect anything to anything. Proof: Every time you watch TV with the sound off, and with a CD playing music, there is a perfect fit between image and audio tracks. Even if you?re straight.
segunda-feira, fevereiro 06, 2006
segunda-feira, janeiro 30, 2006
link, link, links. é um mundo maravilhoso. lendo o sempre interessante blog de erico, um comentário de aninha me fez ir atrás e descobrir qual seria esse novo filme do grande michel gondry. que será sobre um livro de rudy recker, que ganhou minha admiração instantânea. uma dessas mentes poderosas e livres que encantam. um escritor que queria ser filósofo, virou matemático, cientista, escritor e porque não, filósofo. os livros parecem maravilhosos e entraram na minha lista de um-dia-encontrar. você pode ler trechos online ou acompanhar seu blog, que me pareceu uma forma diária de provocação intelectual. com delícia. e se uma cachoeira fosse um processador natural, cheia de RAM e precisando só de um operador? a
maneira como esses conceitos maravilhosos estão espalhados ao longo das experiências cotidianas dele é uma coisa linda. esquiando, andando pela cidade ou tomando café, ele está pensando, conectando, provocando, perturbando. jogando pedrinhas no lago no nosso cérebro. very good. que acorde o monstro do lago.
edit: afinal, o que é ciência, uh? quando eu era jovem, jamais pensei que fosse me interessar por ciência. ciência era o inimigo, a matemática, a física, as exatas. hoje vejo que eu simplesmente tinha professores ruins. que a ciência pode ser e é imaginativa, criativa, filosófica, especulativa... e que de exato tem muito pouco. embora o trabalho formiga de operadores que testam hipóteses, fazem e refazem experimentos, comparam resultados ainda exista, claro, o que me encanta é o trabalho dos visionários, provocadores, as cigarras da ciência. o pouco, pouquíssimo que consigo alcançar me tira o sono, me enche de idéias, aumenta meu encanto com o mundo. afinal, foi quase ontem que entendi a entropia e agora forço meus neurônios a tentar entender a quarta dimensão. culpa de um visionário dos anos 40, robert heinlein, que tem um conto sobre um arquiteto que faz uma casa como um tesseract. enfim. me aguente, cérebro meu.
maneira como esses conceitos maravilhosos estão espalhados ao longo das experiências cotidianas dele é uma coisa linda. esquiando, andando pela cidade ou tomando café, ele está pensando, conectando, provocando, perturbando. jogando pedrinhas no lago no nosso cérebro. very good. que acorde o monstro do lago.
edit: afinal, o que é ciência, uh? quando eu era jovem, jamais pensei que fosse me interessar por ciência. ciência era o inimigo, a matemática, a física, as exatas. hoje vejo que eu simplesmente tinha professores ruins. que a ciência pode ser e é imaginativa, criativa, filosófica, especulativa... e que de exato tem muito pouco. embora o trabalho formiga de operadores que testam hipóteses, fazem e refazem experimentos, comparam resultados ainda exista, claro, o que me encanta é o trabalho dos visionários, provocadores, as cigarras da ciência. o pouco, pouquíssimo que consigo alcançar me tira o sono, me enche de idéias, aumenta meu encanto com o mundo. afinal, foi quase ontem que entendi a entropia e agora forço meus neurônios a tentar entender a quarta dimensão. culpa de um visionário dos anos 40, robert heinlein, que tem um conto sobre um arquiteto que faz uma casa como um tesseract. enfim. me aguente, cérebro meu.
quinta-feira, janeiro 26, 2006
so, seriously, what I have I done with my free time? not much, I´ve gotta say.
a experiência já devia ter me ensinado, mas esses grande blocos de tempo subitamente disponiveis não são o melhor momento para deslanchar seu trabalho. acostumado a vender seu tempo por dinheiro há tantos anos, você se sente desorientado e desmotivado. basicamente eu li muitíssimo, tomei muitos banhos de banheira e vi uma quantidade obscena de filmes ruins.
ruim, claro, é incrivelmente relativo. os que achei bons podem parecer lixo cultural para outros. por exemplo b13 ou distrito13, o tipo de coisa que deve passar despercebido na locadora para o apreciador de filmes cabeça. a premissa: no futuro próximo, a situação nos subúrbios franceses é tão ruim que a frança cria um muro para separá-los da paris dos turistas. o filme tem num canto a discreta assinatura de luc besson como produtor, o que foi mais que suficiente pra mim. e que alegrias, folks. david belle estréia aqui e as coisas que ele faz.... ele vem a ser o criador do parkour, uma arte/esporte que é uma forma radical de uso do espaço, de deslocamento e de alegria para os olhos. algo como o que o demolidor fazia nos quadrinhos. meus olhos infantis riam sozinhos vendo david pulando, correndo e fazendo coisas maravilhosamente impossíveis.
na mesma categoria, vi ong bak, outra estréia, dessa vez do tailandês tony jaa, mais um aspirante ao cargo de bruce lee. apesar da feiúra inerente do muay thai, tony faz coisas muito ricas no espaço. e não embaraça nunca como ator. e o filme tem uma graça, uma autencidade local muito gratificante. tanto que escolhi tirar as legendas e ver o filme todo em tailandês. e entendi tudo. :)
como você vê, consumo cultural incrivelmente elevado. as usual.
a experiência já devia ter me ensinado, mas esses grande blocos de tempo subitamente disponiveis não são o melhor momento para deslanchar seu trabalho. acostumado a vender seu tempo por dinheiro há tantos anos, você se sente desorientado e desmotivado. basicamente eu li muitíssimo, tomei muitos banhos de banheira e vi uma quantidade obscena de filmes ruins.
ruim, claro, é incrivelmente relativo. os que achei bons podem parecer lixo cultural para outros. por exemplo b13 ou distrito13, o tipo de coisa que deve passar despercebido na locadora para o apreciador de filmes cabeça. a premissa: no futuro próximo, a situação nos subúrbios franceses é tão ruim que a frança cria um muro para separá-los da paris dos turistas. o filme tem num canto a discreta assinatura de luc besson como produtor, o que foi mais que suficiente pra mim. e que alegrias, folks. david belle estréia aqui e as coisas que ele faz.... ele vem a ser o criador do parkour, uma arte/esporte que é uma forma radical de uso do espaço, de deslocamento e de alegria para os olhos. algo como o que o demolidor fazia nos quadrinhos. meus olhos infantis riam sozinhos vendo david pulando, correndo e fazendo coisas maravilhosamente impossíveis.
na mesma categoria, vi ong bak, outra estréia, dessa vez do tailandês tony jaa, mais um aspirante ao cargo de bruce lee. apesar da feiúra inerente do muay thai, tony faz coisas muito ricas no espaço. e não embaraça nunca como ator. e o filme tem uma graça, uma autencidade local muito gratificante. tanto que escolhi tirar as legendas e ver o filme todo em tailandês. e entendi tudo. :)
como você vê, consumo cultural incrivelmente elevado. as usual.
segunda-feira, janeiro 09, 2006
sim, férias, people. continuam. e sem internet. hoje foi o primeiro dia em uma semana que entrei online, oh matrix, trinity dizendo: I´m in. and out. que fiz na primeira semana? vi uma quantidade obscena de filmes, bebi um tanto, comi um tanto, ...ahhn, sim, um tanto também. ah, sim, comprei livros. dois do philip k. dick, finalmente. e mais uns 4 ou 5. estamos dando conta deles. mas a partir de hoje, o plano é trabalhar. veremos. ok. operador, me tire daqui agora. out of the matrix again. zzzzzzp.
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