se a beleza é o encontro fortuito de uma máquina de escrever e um guarda-chuva em cima de uma mesa de operações, como queriam os surrealistas (ou algo assim, não lembro os termos exatos) e os surrealistas são praticamente nossos avôs, porque devíamos nos agarrar a uma idéia de beleza gauguiniana, do paraíso perdido? de uma beleza pura? se você pensa bem, claro, nunca houve uma beleza pura, nem quando o mundo era jovem e não estávamos aqui. a entropia, essa nossa amiga, está agindo desde sempre e há caos e corrupção cozinhando mesmo no oásis mais idílico. o que vemos hoje é só um ponto mais avançado da fervura, por assim dizer. ou talvez seja o fundo da panela, quem pode saber? depois a própria panela se vai, o fogão, a cozinha e o que fica pode ser belo à sua maneira. só que nada fica, tudo está em transformação. é uma questão de abraçar o processo. nossas rugas estão a caminho, se não chegaram ainda e não há nada que se possa fazer a respeito, baby.
isso tudo por um comentário inocente de dani, que viu meu desenho do rio e falou que no desenho, o rio até parecia bonito.
isso e talvez john updike gastando páginas e páginas numa tentativa meio fútil de sublimar seu desconforto com Houellebecq, que lhe mostra um mundo novo que ele não quer ver. parágrafos como esse
But how honest, really, is a world picture that excludes the pleasures of parenting, the comforts of communal belonging, the exercise of daily curiosity, and the widely met moral responsibility to make the best of each stage of life, including the last?
mostram um updike envelhecido, pedindo valores que Houellebecq não tem ou não tem necessidade e/ou desejo de emular. são as agruras da mudança.
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