na hora do almoço, dez minutos de ulisses
nenhum outro jeito a não ser esse, enrolando devagar o resultado. as sementes na mão, o crunch crunch de quando se mastiga, ritmado ao caminhar. pessoas por todos os cantos do seu campo de visão. a ausência de desejo, impressionante. só na banca, claro, com as mulheres impossíveis. um seio se projeta em uma arquitetura inacreditável. se ela se curvar o mundo gira. minha cabeça gira olhando para aquele eixo. me dê uma alavanca e moverei o mundo. eu tenho a alavanca, está bem aqui, penso em dizer. mas da banca, impressa, ela não me ouve. a outra é distraída, a próxima nem pagando, aquela quem sabe, aquela muito jovem, aquela hmmm. arquivo X, segunda temporada. revistas com abdômens perfeitos perguntando se você é bom de cama. sol. sombra. cheiro de comida. supermercado. super, no sul. mercado, aqui. a rua, essa constante de carros em flecha sobre o asfalto. uma fonte no meio do caminho, você quer ser um menino de rua para pular nela. ali compro filmes, ali gasto bebendo, aqui pego meu dinheiro e nessa sombra descanso. no parque lage a sombra é sólida, úmida, sussurrante. os ônibus passam aqui e queria estar do outro lado do muro, ouvindo o mofo do parque. eventualmente você tem que ir trabalhar, mas até lá dá pra escrever um pedacinho de ulisses.
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