sexta-feira, março 31, 2006

woodstock na estação fantasma

a estrada não estava vazia ontem. a parada onde pego meu segundo ônibus para ir para casa, uma espécie de estação de trem fantasma toda grafitada, estava repleta de pessoas de branco. todos iam "para a igreja". a igreja do santo daime, que fica no caminho de casa. embora os relatos digam que vá todo tipo de gente, a presença neo-hippie era avassaladora. a clássica princesinha-hippie-do-calcanhar-sujo e seu(s) parceiro(s). com a dominância do branco sobre a indefectível bata indiana. pelo que me lembro de meu brevíssimo estágio em woodstockland, a sensação mais confortante era a de pertencer. a algo. a mesma coisa que deve sentir alguém da tribo dos-de-preto ou dos carecas do subúrbio, tanto faz. mas a facilidade de, através de um dress code nada informal, identificar um semelhante. tão fácil, não? lembro que foi essa a perda que senti quando desisti de usar o uniforme. eu teria que usar outras ferramentas para achar interlocutores. eu tinha abandonado as facilidades da tribo.

nesses dias, eu tento muito ser invisível. mas eu lembro do conforto de pertencer.

Um comentário:

A disse...

Com todo respeito e ciente de que tua postagem é de Março de 2006. Sou Daimista, frequento semanalmente a igreja mas minha vida não é de hippie, sou doutor em Engenharia Mecânica e assim como eu ha muitos irmãos assim na igreja, só que esses vão de carro!!! Puro preconceito seu!