sexta-feira, dezembro 30, 2005

postal


postal
Originally uploaded by Odyr.
fui. o que chamam de ferias. viajar dentro de casa, ainda meu destino favorito. enfim. diz que fui por ai. beijo.

segunda-feira, dezembro 26, 2005

meu pequeno deslocamento geográfico foi muito bem sucedido. escapei quase ileso do papai noel. temperei e assei o peru eu mesmo. peguei sol. comi pastel de camarão na avenida do cassino. comi um pudim de sorvete que era uma coisa de outro mundo. e ontem vi bad santa, filme absolutamente hilário, com um billy bob thorton como o papai noel mais sujo, perverso e bêbado que se possa imaginar. a cena inicial, de papai noel vomitando num beco escuro é o cartão postal que mandaria para os amigos. :)

sexta-feira, dezembro 23, 2005

no inferno é natal todos os dias. é um fato. todas as músicas são natalinas, você está eternamente preso no centro da cidade comprando presentes, a televisão só passa mensagens natalinas e especiais do roberto carlos e você nunca chega a comer o peru. o inferno dá reset antes disso. ah, e pra beber, só cidra de maçã. quente.

já eu vou fugir. eu costumava simplesmente me esconder em casa e fingir que não era comigo, mas edições anteriores do suplício me mostraram que é impossível não ouvir seus vizinhos, as músicas depressivas, a falsa alegria... então vou para uma locação não-divulgada, próxima da natureza, onde papai noel não deve chegar. espero.

sorte pra todos.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

misery loves company

momus descreve seu processo de criação e boy, does it sounds familiar.

"Some days I think what I've done so far is utterly wonderful, other days I think it's rubbish. The usual pattern is for me to be completely in love with a track when I've just finished it, then, next day, to hang it beside something off David Sylvian's "Blemish" or Sufjan Stevens' "Illinois", and think how utterly crappy, trite, small and weak my work sounds. So I work on it some more, taking it somewhere more interesting, more strange, more otherworldly. Then I start a new song, determined to make the most wonderful piece of music ever, and the cycle starts all over again. Joy and despair in an endless loop."

segunda-feira, dezembro 19, 2005

manontrain


manontrain
Originally uploaded by Odyr.
halliday e rochefort,o ladrão e o poeta, no filme de leconte.
johnny halliday, velho roqueiro francês, ator por esses dias, é o ladrão com olhos de serpente que chega em uma minúscula cidade para roubar o banco. ele conhece o adorável jean rochefort, (de o marido da cabelereira), que vive uma vida pacata de professor de poeia aposentado. o encontro deles é todo feito de silêncios, gentilezas e afinidades inesperadas. man on train é um filme pequeno e enorme, imensamente charmoso, que pode aquecer um domingo. muy rico.
estamos criando um grupo de desenhistas, para amenizar o aspecto "atividade solitária" da coisa. a primeira reunião foi, digamos, uma reunião dançante, promovida por samantha. foi divertido e desenhei muito. pedacinhos aqui.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

eu tenho só uma palavra para vocês hoje:

RESSACA.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

makeover1


makeover1
Originally uploaded by Odyr.
restaurando uma foto de familia. mas o incrivel e como me sinto golpista. como o acaso cria coisas lindas nessas fotos. e me da um pesar de apagar essas coisas. aqui uns zoom nuns pedacinhos.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

meu novo clip favorito de meu novo artista favorito foi filmado em vídeo, em pleno trailer park, ao custo de provavelmente zero libras. darren hayman já nasceu clássico para mim. com sua cara de cachorro de rua, seu miniviolão, a voz no limite de estar desafinada e as letras geniais, he´s the man. my favorite loser. e você pode ver sua cara feia e ouvi-lo.

caravan´s song. the definite trailer park song. vídeo em mpg. coisa de 20MEG. "Trevor drinks when he cans/ in the wednesdays with his mom / free nights of bingo/ and she says: son you´ve should be getting laid instead of playing bingo with me."

crissy m. faz o vídeo anterior parecer uma superprodução. darren e seu cachorro, cantando sobre uma porn star. "a sticky tummy doesn´t seem so funny/.."

quinta-feira, dezembro 08, 2005

como ando com pouco assunto, tem sido interessante usar os posts para comentar os comments. respondendo a augusto, minha defesa do amado não era exatemente uma ode a ele como escritor, mas uma resposta à, digamos, leviandade de fran e w,, chamando um escritor incrivelmente prolífico de preguiçoso. pra mim faz parte de um preconceito cultural muito comum contra o norte do país em geral, muito encontrado em são paulo e aqui no sul.

sobre o jorge amado: na minha fase adolescente onívoro, li tudo dele. não exatamente por devoção, mas porque meu pai gostava muito de "obras completas". ele comprava, eu lia. assim li as obras completas do garcia marquez, da agatha christie e do jorge amado, entre outros, sem fazer juízos de valor na época. se tivesse letrinhas, tava bom pra mim. lembro de ler sidney sheldon e sartre, truman capote e emilio salgari... foi uma formação pra lá de eclética.

obviamente eu não prestava muita atenção em estilo na época. e lembro bem sim, de me entusiasmar com as putarias do jorge amado, assim como henry miller, que, nessas primeiras leituras era uma espécie de forum da ele&ela pra mim.

eu teria que reler o tio jorge pra ver o que acho hoje, mas na minha lembrança ele era um escritor mais colorido e mais saboroso que nosso érico, que sempre achei meio insosso. sem sal, frio, acadêmico. jorge tinha as cores da bahia, os temperos, as malícias, o falar do povo. não é guimarães rosa, mas acho que ainda hoje gostaria. a ver.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

dia meio cheio aqui, então tenho que ser rápido, mas fran e wilbur: francamente. já pra sala da diretora!

chamar jorge amado de preguiçoso é recorrer ao clichê do baiano de forma completamente...preguiçosa. embora hoje em dia eu não tenha um amor muito grande pela obra do tio jorge, o homem publicou quase quarenta romances. e que não foram cuspidos na máquina. há um motif, uma linguagem e um retrato muito rico do brasil ou pelo menos de uma parte dele. e o que ele advoga é exatamente o contrário da preguiça, ou seja: que fulano não sente sobre os louros de um livro escrito, mas que se prove escritor. trabalhando. muito. como é que isso pode ser preguiçoso e irresponsável?

terça-feira, dezembro 06, 2005

quando surgiu há algum tempo no brasil a idéia de regulamentar a profissão de escritor, jorge amado, um dos nossos escritores mais prolíficos, foi contra: ninguém é escritor todo o tempo. só é escritor quando escreve.

é uma visão incrivelmente severa e, com minha vocação ao chicote nas costas, concordo. então por esses dias não tenho sido um quadrinista. mas coisas estão cozinhando no fogo lento e escondido. há uma vontade. e como diz o psicopata de sexy beast, where there´s a will, there´s a way.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

não é exatamente o link mais trepidante, mas se o leitor incansável quiser gastar 15 segundos olhando para uma imagem interessante, a grande alex de campi está escrevendo uma série que vai sair pelos humanóides associados, com um artista muito talentoso que está colocando todo tipo de citação visual no trabalho. ali pelo segundo post do blog dela você vai ver um esboço absurdo de Luigi di Giammarino que é um mix de referências visuais absurdas. wilbur deve apreciar a cena de multidão e talvez augusto e dani se divirtam vendo dali entre outros ali. num primeiro olhar vi magritte, vermeer, renoir e talvez um bosch. uma espécie de onde está wally mais fino.

e sobre a magreza de posts no blog, vocês adivinharam: a vida se pôs interessante de novo.

segunda-feira, novembro 28, 2005

fernando pessoa dizia que se deve escrever o poema a frio, longe da emoção, nunca dentro dela. hoje me ocorreu pensar que a crítica de cinema devia ter o mesmo aproach. ou dizendo de outra forma: escrever sobre os filmes que ficam.

com mais ou menos noventa por cento dos filmes, ao cruzar a porta do cinema eles já estão metade esquecidos e até o fim da pizza o que fica é uma sensação agradável e vaga, de ter andado na montanha russa ou no trem fantasma. como um sonho, que se esfarrapa ao acordar. aliás, sonho é uma das metáforas mais recorrentes para o cinema. e assim como filmes, poucos sonhos ficam.

já faz mais de uma semana que assisti sexy beast e o filme continua me fazendo companhia. as cenas se refazem e há o desejo de voltar a habitar aquele espaço, o que é outra característica de um grande filme: um grande filme é um lugar, com suas regras próprias, um ambiente, um clima, uma espaço nque pode ser revisitado.

gal é um gangster inglês retirado dos negócios, vivendo na na ensolarada espanha com sua amada deedee quando a merda atinge o ventilador. business calls e o homem que traz a mensagem é business em pessoa. ben kingsley é o chefe que vem buscá-lo para um trabalho e não aceita um não como resposta. nunca um psicopata foi tão odioso, nunca tanta ameaça esteve contida em tãos poucos gestos, na simples presença de um ser. don, o personagem de ben kingsley tem a capacidade de estragar o dia, a semana, o mês, com sua simples presença. ele é o mal personificado ou talvez simplesmenten a encarnação do ódio.

esse foi o primeiro filme de jonathan glazer, que depois fez o criticado reencarnação, com nicole kidman, que agora quero muito ver. a técnica e a visão dele são muito impressionantes. e o filme é um mundo muito bruto, vivo e quente, que você quer voltar e experimentar de novo. um diamante cheio de arestas com uma história de amor escondida nele, em meio a um festival de ódio.

sexta-feira, novembro 25, 2005

como é que hollywood não ia comprar essa história? jovem, educada, filha de atores, bela o suficiente para ter trabalhado como modelo, domino escolhe como profissão ser bounty hunter. sim, caçadora de recompensas. com um rifle serrado como arma de escolha. e uma coleção de facas no quarto.

domino harvey morreu meses atrás, de overdose, pouco antes da estréia do filme de tony scott. um final hollywoodiano para uma vida idem.
quem tem as ex que tenho não precisa de terapeuta. :)

muito bom o insight de fran. uma criança que finge ser adulto e odeia adultos que parecem crianças. hmmm.

igual, o prazo da história para a infância é 2 de dezembro, acho que não vai rolar. ficamos só no debate teórico. :)

quinta-feira, novembro 24, 2005

estava achando curioso ninguém comentar a história. felizmente bitisa se deu ao trabalho e sem nenhum constrangimento de não gostar. é o tipo de coisa que prefito mil vezes a um "bacana" genérico. ela disse coisas como "O fato é que eu não vi ali nada de infância. Nem no texto (obviamente, aí), mas nem no desenho. As crianças não têm nada de criança, têm cara de velhos com roupitchas e brinqueditchos de crianças. A não ser que o teu propósito fosse dizer que a infância não existe... mas acontece que existe. E se não era esse propósito, era algum outro? E se não era nenhum, não faz sentido. Pra mim não fez sentido ver aqueles velhinhos brincando de carrinho vestidos de criancinhas discutindo existencialismo."

obviamente crianças não discutem camus, era uma gag, mas talvez o mais curioso pra mim foi ela achar que eles nem se parecem com crianças. engraçado como essas coisas não estão claras pra gente.

mas a verdade é que nunca desenho crianças. e talvez não tenha mesmo uma representação visual para elas. e meu universo em geral é sempre adulto. aliás, uma coisa que me enche de horror é um adulto se comportando como criança.

vou pensar a respeito.
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EDIT

como já expliquei, meu sistema de comentários deixa todo mundo comentar, menos eu.

na verdade, teoricamente os meninos tem razão. mas augusto entendeu o espírito da coisa. boys will always be boys. :)

terça-feira, novembro 22, 2005

o próximo número dessa revista de minas gerais é sobre a infância. como você faz uma história sobre infância se você não lembra a sua? não sei ainda. mas ontem saiu uma espécie de aquecimento, uma gag, um agrado pro leitores que só tem me ouvido resmungar. aqui. kids.

e, fran: não sei. mas eu desconfio desses que acham tudo muito fácil. quase todo mundo que faz alguma coisa que vale a pena se chicoteia. tirando carlinhos brown, que faz música até dormindo, o resto de nós tem que ralar mesmo.

segunda-feira, novembro 21, 2005

eu já falei que tenho às vezes a ilusão infantil de que minha vida seria mais fácil se eu simplesmente escrevesse. o que obviamente é ridículo, porque, em vez de me atormentar com meu desenho, eu me atormentaria com minha escrita.

mas, como já disse antes, a portabilidade da escrita me encanta. o desenho tem um... cenário que é mais duro de conjurar. com a escrita, só sua mente tem que estar afiada. com o desenho, os lápis tem que estar afiados, sua mão, firme e relaxada ao mesmo tempo e uma espécie de visão gráfica tem que estar instalada. essa visão é difícil de explicar para quem não desenha, mas é uma capacidade ou disposição de enxergar o que você vai desenhar, antes de. uma gestalt no papel, uma visão de conjunto e de detalhe. sem falar que os papéis se acumulam, a tinta vira, os lápis quebram... como diz dave sim, você tem que ser seu roadie, seu contraregra todo o tempo. sem perder esse estado puro de visão. não é fácil.

o desejo de escrever se intensifica quando leio alguém como alex de campi, que escreve co uma elegância absurda, uma cor, um tom únicos.

talvez também porque vi swimming pool esse final de semana, um filme que além de ter a beleza de ruína grega de charlotte rampling e os peitos hipnóticos de ludmille savigner, tem todo o mistério e agraça da escrita. belo, belo filme.

e nesse meio tempo, tudo que escrevo são explicações de porque não desenho. lindo, uh?

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edit: vou responder os comentários por aqui, já que o sistema de comments não me ama mais.

estou frequentando esse blog de quadrinistas em crise, que é uma espécie de Procastinadores Anônimos. :) aúltima coisa que ouvi de interessante ali foi a de um cara que se determinou 15 minutos obrigatórios de produção todo dia, chova pedra ou cachorros. claro, 15 minutos é ridículo, mas a idéia de se obrigar todo dia a estar ali faz sentido pra mim. lembro que funcionava bem quando eu tinha o improvisation society. vou tentar algo nesse sentido.

sexta-feira, novembro 18, 2005

respondendo mais em detalhe o comentário de jorge no post abaixo: não sei, não sei, não sei. acho muito bem quando kochalka escreve craft is the enemy, mas mesmo que wilbur por exemplo ache que kochalka não desenhe nada, eu acho que é um trabalho completamente resolvido. esse é um cara usando plenamente os recursos que tem. em nenhum momento você tem a impressão de que ele está tentando algo e falhando. talvez eu não tenha chegado a essa síntese. isso não é em absoluto uma chamada por elogios. sei que desenho melhor do que alguns e pior do que outros e sempre vão existir os dois, mas. algo falha ali. há uma tentativa e uma falha. ou pelo menos é o que vejo.

existe toda uma estética, claro, ou um discurso da beleza da imperfeição, de abraçar o erro. são questões. preciso pensar sobre elas, preciso arrancar mais meus cabelos sobre a mesa de desenho.

quinta-feira, novembro 17, 2005

como é aquela sequência? o álcool leva ao sexo, que leva ao casamento, que leva ao álcool? no momento estou naquela transição entre o sexo e o casamento. e é um bom momento. não para os donos de bar, que sentem minha falta na caixa registradora. mas meu fígado agradece.

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meu sistema de comentários é incrivelmente caprichoso. some, volta... agora todo mundo consegue comentar, menos eu. então, não é antipatia se não tenho participado dos debates, folks.

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se ver publicado é tremendamente importante em termos de enxergar seu trabalho. essa semana chegou uma outra revista em que publiquei, a grafitti, de minas gerais. o que ela tem de diferente com relação as outras que me acolheram é o formato. ela não é nem mini como a mosh, nem formato americano, mas é o tamanho de uma revista de banca, aqueles 21 X 29 ou algo assim. resultado: achei meu trabalho incrivelmente grosseiro. crise intensa. me senti um elefante na fabular loja de cristais. man. quando você acha que está moderadamente satisfeitto com seu trabalho...

vou lá rever tudo e já volto.

quarta-feira, novembro 16, 2005

com a chegada abrupta de algo que se parece com o verão, não consegui fazer mais ontem do que estender a mão até o drive de dvd e trocar o disco por outro disco. assim, animatrix, o apanhador de sonhos e um filme genérico com denzel washington estão um tanto misturados no meu cérebro. mas deu pra perceber, mesmo no torpor do dia, que o apanhador de sonhos é muito, muito ruim. de maneira geral, filmes que envolvem gosmas do espaço não me interessam muito.

o livro de mesmo nome, de stephen king é, como quase todo o trabalho dele, muito subestimado e muito bom. ainda que se perca no final. o que é um problema de boa parte do trabalho dele. ele começa em pequena escala, cria personagens adoráveis, cria um clima e aí decide: now we need something BIG. a monster. no, BIGGER. 10 monsters. no, BIGGGGER. hmmm...
por isso meus favoritos são os livros dele em que ele reduz a escala. como carrie ou o iluminado ou as quatro histórias de diferent seasons.

nunca li ele traduzido e imagino que algo se perca, porque uma das coisas que ele tem é um ouvido maravilhoso para a língua, uma fluência incrível, uma capacidade de escrever livros que se lêem praticamente sozinhos sem utilizar truques velhos como a maior parte dos bestsellers. os personagens são ricos em textura, engraçados e nada genéricos. não é alta literatura, mas é prosa popular de alta qualidade

aí você vê um imbecil como o dan brown, que não tem capacidade pra varrer o chão do estúdio de king, ganhar o mundo com uma escrita incrivelmente ordinária, com personagens tão bidimensionais que chegam a ser transparentes, com uma fórmula idêntica para cada livro... mas como fala de DaVinci, do Louvre... "ah, isso deve ser bom.".

sexta-feira, novembro 11, 2005

bah, babies.
honestamente, o apelo me escapa. eu sei, eu sei: o mantra paterno, a senha da sociedade secreta: "quando chegar sua vez..." ok. vamos esperar e ver. aliás, podem ficar esperando. :)

inesquecível aquele episódio de seinfeld em que eles debocham incansavelmente da obsessão parental: "you must come here and see the baby. GOTTA SEE THE BABY." hmmpfff.

agora, em menos de uma semana, dois amigos completamente insuspeitos se renderam à babymania: james e law vão ser pais. oh boy.

então em homenagem a eles, nada mais apropriado do que esse link: babyreview. hey, se você pode criticar livros, discos ou filmes, porque não babies?

pérolas: um critica as habilidades artísticas de um: To wit: Joshua?s "drawings" are abhorrent. Trite and precious, he lacks discipline, craft, or even, dare I say, talent. His brutish scrawling, uninspired sense of color, and crude, blunt strokes represent the very height of self-indulgence. Plainly, he sucks.

outro a perfomance em geral do baby: Occasionally, she attempts to impress with bits she obviously feels are interesting (but aren?t) ? and invariably fails. The grabbing the foot routine is so done, and to follow it up with the fist in the mouth gag is completely derivative of more entertaining babies.
Como é sexta-feira, algumas pérolas do Modern Drunkard Magazine.


YOU KNOW YOU´RE A DRUNKARD WHEN...

Interventions have become so frequent that you just leave the folding chairs set up in your living room.

You know how to say "Where are my pants" in seven languages.

TV beer ads have started addressing you by name.

You´re always shaking hands, even when theres no one else around.

Your wardrobe is divided into Summer, Winter andThings You Woke Up Wearing. The third category includes a number of thongs.


you freak out when you wake up in your own bed.

quarta-feira, novembro 09, 2005

a melhor coisa do primeiro encontro é que ele acaba. e com sorte você vai para o segundo.

não vou dizer que tive o pior primeiro encontro (imagino que a competição seja dura), mas gostaria de concorrer na categoria melhor ligação do dia seguinte. na verdade, eu odeio telefone, mas quando estou inspirado, boy, I can be good. vocês ficariam orgulhosos, buddies.
verdade que em algum momento a ligação envolveu dizer "não sou o maníaco da praça" e "existem pessoas piores no mundo", mas uhnnn, fora de contexto não dá pra explicar muito.

não é uma surpresa pra ninguém que naquele teste "que diretor filmaria sua vida" o meu seja o woody allen, uh?

terça-feira, novembro 08, 2005

ah, os tempos modernos. ninguém tem mais tempo para ler um livro. imagine, todas aquelas palavras juntas, sem figurinhas... mas espere! seus problemas se acabaram-se! graças ao sensacional bookaminute você pode ler os clássicos em...um minuto. um trabalho de gênio. um exemplo: adeus às armas, de hemingway. hell, 20 segundos são o suficiente. talvez o meu favorito seja o hobbit, que na minha modesta opinião achou aqui sua melhor forma. mas divirta-se.
eu sempre digo: nada me surpreenderia mais do que qualquer medida de sucesso. mas em algum momento eu vou ter que me deixar publicar. as possibilidades estão literalmente me rondando. algum terror no fundo da alma me impede. já surgiram algumas possibilidades esse ano. mais uma agora. e a musa, que continua saindo na mosh, tem recebido críticas muito boas. tanto que ontem me animei e comecei o quarto capítulo. onde enfim algo de bom acontece na vida dela. :) não sem tempo.

que tal se eu deixasse acontecer na minha, uh?

segunda-feira, novembro 07, 2005

a love song for bobby long sugere alguns dos lugares para onde o amor pelos livros podem te levar. nesse caso, um canto escuro bukowskiano. os livros estão por toda parte no filme e há uma graça em identificá-los. me tocou ver nas mãos de scarlet johansson a mesma exata edição que tenho de the heart is a lonely hunter. além disso, você pode ver new orleans em toda sua graça decadente antes do apocalipse e uma atuação realmente inspirada de john travolta, fazendo um papel que não de john travolta. muito rico, amigos.
aparentemente o inferno tem sede rotativa. sábado,por exemplo, era uma festa anos 80 em um clube.

na minha cabeça ingênua, uma festa anos 80 poderia tocar smiths, the cure, echo and the bunnymen... não parecia mal. porto alegre tem uma assim, por exemplo, que é muito simpática. é o tipo de nostalgia que não me causa alergia.

mas ao entrar nos salões e ser recebido por uma massa de suor, perfume ruim e pessoas feias, velhas e gordas dançando menudo, o horror me paralisou. que gente era essa? em que versão dos anos 80 elas viveram? deus, elas pareciam tão felizes fazendo passos de twist (ou algo igualmente assustador), suando abundantemente, celebrando algum ideal satânico de diversão... o horror, o horror. as roupas eram tiradas de algum baile do interior profundo, as músicas eram uma versão perversa do hit parade de 30 anos atrás, os passos de dança...oh deus, permita-me esquecer aquilo. saí do clube em disparada ao som de rádiotaxi.

sexta-feira, novembro 04, 2005

deixa eu rever o que disse antes: talvez a ressaca desorganize o cérebro, mas é uma desordem interessante. encontrei uns pensamentos confusos se mexendo dentro da caixa craniana. ingênuos, mas curiosos. um desejo meio súbito de que a escrita servisse para outras coisas. não seria interessante uma pintura que falasse ou um blog que cantasse? não é mais escrita automática aqui. mais um desarranjo de idéias. uma colagem, mas suponho que haja algum sentido.

o que é a escrita? para que serve?
angélica me mandou esse link do guardian de um texto absolutamente sensacional, escrito para vender uma calça de couro no ebay. um texto perfeito, engraçado, cheio de insights. e que, de fato, vendeu a calça.

por algum desencontro de agendas, até hoje não vi a sociedade dos poetas mortos. e hoje li uma citação do filme, onde o professor pergunta no primeiro dia de aula: para que serve a linguagem? e responde: to woo women! alguém que conheço diz: os homens se apaixonam pelo que vêem, as mulheres pelo que ouvem. ou lêem, eu suponho. ainda que tenha dúvidas. em hitch, um filmeco delícia sobre um especialista em dating, ele diz das mulheres e de como elas percebem o que você diz: 60% é linguagem corporal, 30% é o tom em que é dito. você faz as contas e vê quanto sobra para o conteúdo.

uma coisa que me encanta na escrita (ver maravilhamento, posts atrás) é ser tão...portátil. não há uma arte mais modesta em recursos, me parece. um canto de mesa, um pedaço de papel, um lápis. um computador, um emprego com tempo livre. uma mente. no meu caso em particular, meus posts ou cartas se escrevem na minha cabeça sozinhos. quando sento com o teclado, tenho pelo menos o primeiro parágrafo. o resto vem.

me perguntam com frequência porque não largo esse negócio dos quadrinhos e simplesmente escrevo. eu também me pergunto, mas tenho algumas respostas. uma é aquela cruel do schultz: um cartunista é alguém que não escreve bem o suficiente para ser um escritor nem desenha bem o suficiente para ser um artista. obviamente no mundo em que vivemos essa definição envelheceu um pouco, mas ainda guarda uma verdade. além disso, há livros demais no mundo. demaaaais. além disso, tanto foi feito em literatura e tão pouco ainda em quadrinhos. além disso... tem alguém aí ainda? alô?
e que tal um petit surrealism para a sexta-feira? o cérebro não estando em plenas condições de uso, vous savez. só frases roubadas hoje, da rota diária dos blogs. um pouco de tesoura e cola, e voilà. automatismo.

I dressed up as a MySpace Whore for Halloween. Pero hay otra publicidad que me inquieta sobremanera. E teve um dia em que eu parei na frente do espelho e levei um susto tremendo. Oh look, I'm in France. Bonjour! uma vida mais mansa entre paredes descascadas, ruelas sem saida e sem nome, pernas e barcos como locomoção. coisa rara: não pára de chover. Gostei muito desse sapo francês.Of late I have mostly been crying in music-film screenings. are we wise, Daniel Browning? Or just a bit plumper and closer to our last sighs? Yes, I realise this is the most boring blog post ever. Deal with it.

quinta-feira, novembro 03, 2005

então gerard se aposenta. tem 170 filmes nas (largas) costas. fiquei sabendo disso hoje, o que é curioso, porque passei parte da tarde de ontem em sua companhia.

no que se trata de histórias de amor, obviamente ninguém bate os franceses. dia desses comentei 36, um filme francês policial sensacional. quando eles fazem filmes "de ação" os resultados são muito ricos, como os do grande besson, onde coisas explodem mas há sempre uma sutileza, uma delicadeza que os americanos não sonhariam.
mas esquecemos às vezes que eles podem ser engraçados. pois ontem monsieur depardieu e monsieur reno estavam em um pastelão sensacional. o título em português era confusão dupla, (ugh) e a capa não prometia muito, mas o filme é um sorvete. delícia pura. reno como um criminoso duro e frio e gerard como um idiota vagamente criminal, um simples de espírito que quer abrir um bistrô chamado Os Dois Amigos com esse estranho que acaba de conhecer. fun, fun, fun.

segunda-feira, outubro 31, 2005

a arte está em parecer que não há esforço, que os desenhos vieram sozinhos para a página, se arranjaram elegantemente e ficaram esperando as palavras ao seu redor. as cores sobre (ou sob) tudo são adoráveis e a história está cheia das pequenas mesquinharias do mundo literário. um folhetim chic. e é de graça. que mais você quer?
muitas coisas me espantam no mundo. de fato, uma das coisas que me fazem feliz é manter minha capacidade de me espantar com as coisas. um maravilhamento mantido da infância. (que é um dos motivos que me faz odiar as formas mais comuns de infantilização: as pessoas escolhem os aspectos errados das crianças para manter. mas enfim.)

um das tantas coisas que me espanta é saber que j.d. salinger está vivo e pode estar batendo à máquina nesse momento em que escrevo no computador. que, em sua casa em cornish, ele esteja escrevendo, como tem estado há quarenta anos. sem deixar que uma linha dessas veja a luz do dia.

quase todos sabem a lenda: salinger não dá entrevistas, não posa para fotos e não publica. seu último livro é de 1963. joyce maynard, a jovem que viveu com ele, diz que ele nunca parou de escrever. ele tem agora 86 anos. dentro de alguns anos, seus filhos, ao abrir a velha casa, vão descobrir se há um cofre cheio de originais ou cinzas de uma fogueira com sua decisão final pelo silêncio.

sexta-feira, outubro 28, 2005

o mundo pela janela. nesse projeto muito singelo e muito lindo você pode ver o que pessoas vêem de suas janelas, de vários cantos do mundo. supostamente há também o som abiente, mas meu computador está sem som, então fiquei em silêncio. nenhuma do brasil ainda. alguém se habilita?

quarta-feira, outubro 26, 2005

Mais frases roubadas. essas de antônia pellegrino, que não conhecia e que escreve bastante bem. sobre a arte do pubcrawling.

"Cada vez mais acho que trabalho porque bebo. O trabalho é uma espécie de blindagem contra o sagrado ato de lamber a calçada nossa de cada dia. "

segunda-feira, outubro 24, 2005

ok, alguma ironia aqui e não é pouca. procurando imagens na internet para fazer uma ilustração sobre os alcoólatras anônimos (oh boy. as coisas que uno faz para ganhar a vida) encontrei a revista do alcoólatra moderno e que ousa dizer seu nome: the modern drunkard magazine. puro ouro. vale a pena começar com the zen of drinking alone.
Kathryn Bigelow é uma mulher (linda) que faz filmes de homem. Você sabe, com armas e coisas explodindo. Do tipo que gosto de ver num domingo à tarde, sob o efeito de substâncias recreativas. (Podia fazer um longo parêntese aqui. Cortazar dizia que as melhores mulheres eram as que tinham tido leituras masculinas na juventude. A idéia de ter um gosto pela aventura. Mas enfim.) Gosto em particular de Near dark, um filme pouco visto, que explora bem a metáfora erótica dos vampiros num cenário moderno.

O Peso da Água transferi para a sessão noturna. Nada explode aqui, a não ser a tensão sexual e interpessoal dos envolvidos. Um mundo de coisas acontece sem serem ditas. Sean Penn ainda está para fazer um filme ruim e Catherine McCormack tem vaguezas no olhar que me lembraram muito de uma Charlotte Rampling mais jovem.

Enfim. Antes que eu amontoe mais clichês de pseudo crítico - me gustó.

quinta-feira, outubro 20, 2005

um quase verão. sol, um ar que nos envolve a todos. parecemos todos mais perto uns dos outros. os sentidos mais ativos. uma (das muitas) coisas que amo nas mulheres é que elas cheiram melhor do que nós. não é uma equação tão simples como mulher + perfume. uma outra presença se cria.

frase pra mim já clássica de um filme: paul newman é um ex detetive que nunca se recuperou do seu passado com uma mulher (susan sarandon). ele diz que sabe da presença dela na cena do crime pelo perfume dela. ela argumenta que muitas mulheres usam aquele perfume. a resposta, um primor de cool: - smells different on you.
um tanto estupidamente, achei que podia usar a lua cheia para fazer uma conexão. concretizar uma conexão. acabei puxando o plug, numa noite cheia de desentendimentos, ciúme e álcool.
curiosamente, acordei muito aliviado no outro dia. maybe wiser.

terça-feira, outubro 18, 2005

36 é o nome de um filme policial francês sensacional, com daniel autueil e gerard depardieu. o equivalente francês daquele fogo contra fogo, com de niro e al pacino. mas com o charme do velho mundo. belo filme. e me fez desenhar muito. uma das graças do dvd é a pausa infinita. então, um set de desenhos no flickr dos dois narigudos adoráveis.

sexta-feira, outubro 14, 2005

sempre curioso ver como o mundo nos vê. nesse caso, um ser humano em particular.

caetano veloso por momus.

curioso ler os comentário também. por algum motivo, momus está convencido de que caetano está usando uma peruca na capa de araça azul. até vitor ramil entra na conversa.
essa é a primavera fajuta da delicadeza.

coisa de angélica, que ainda não deu as caras, mas continua com grandes frases.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Finalmente algo de que vale a pena falar.

Calvin and Hobbes' is probably one of the last great American comic strips.

é verdade. há uma grandeza ali, uma qualidade atemporal, um pincel exuberante e personagens que você pode amar pelo resto da sua vida. não há nada parecido nos jornais, não apareceu nada do mesmo valor no vácuo entre peanuts e calvin e com a miniaturização e mediocrização das tiras de jornal, talvez nunca mais apareça.

érico mandou o link dessa bela matéria do washington post.

érico, você sabe, possui em sua casa o recém lançado The Complete Calvin and Hobbes. você pode ver no site dele as fotos do livro. não, da caixa com três livros. com TODO o calvin.
você pode ficar, como eu, imaginando uma maneira de invadir sua casa à noite.
continuo sem nada para dizer aqui, então vou só comentar que achei um blog bacana e que o nome dele podia ser meu motto: booksmart, streetstupid.

quarta-feira, outubro 05, 2005

um passeio até a mesa de desenho ontem. relutante, cheio de dúvidas. teimando. muito aflito. fran disse bem: uma semana sem criar nada é uma semana perdida. e se não sou isso, em minha loucura pessoal não sou nada. ainda longe, muito longe de conseguir me atribuir valor sem o trabalho. it´s a long and winding road.

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angélica tem um blog muito lindo. tome um chá com ela no bar de um hotel de quinta.

segunda-feira, outubro 03, 2005

pubcrawling é um dos esportes ingleses por excelência que se espalhou pelo mundo, como o futebol. consiste basicamente sem sair bebendo pela noite, de pub em pub, ou no nosso caso de bar em bar até que uma das duas alternativas se apresente: acabem os bares para ir ou acabe sua capacidade de permanecer vertical. claro, existe também a terceira via, muito simpática que é encontrar alguém para ficar na horizontal.

como todo esporte, tem um custo no seu corpo. as zonas de impacto seriam o fígado, o cérebro e ocasionalmente ferimentos leves que você não sabe como aconteceram. e custos em geral: no seu bolso, no seu valor de mercado, etc, etc. como já foi debatido aqui nesse espaço público de auto-imolação, por todos esses motivos, ando tentando limitar minha prática desse esporte. mas um outro problema surge: sua vida fica inexoravelmente chata. de repente, sua situação de funcionário parece evidente: de casa para o trabalho, do trabalho pra casa. passagem pelo supermercado, ida ao cinema. sem surpresas. sem acontecimentos. você acorda sem ressaca, ainda com dinheiro no bolso, mas com a inequívoca sensação de que nada acontece em sua vida.

porque evidentemente há um componente de aventura em sair à noite. um grupo de adultos desconhecidos reunidos em lugares onde se vende droga legalizada, com a ocasional distração da música, mas o indisfarçável objetivo de contato. acontecimentos. química. una o elemento A com o elemento B (e às vezes o C também) e veja o que acontece. desastre, drama, comédia, porn, mas raramente o tédio. os impulsos primitivos estão em alta, há um desafio constante de superação. digamos que é difícil achar um substituto para isso. por mais que eu ame os livros, filmes, o desenho ou minha casa. todos parecem substitutos para a vida em si. e se a vida é a arte do encontro, como dizia o poeta, o que pode ser mais sintomático da vida do que essa busca pelo encontro?

cartas à redação.
esse longo, sensacional perfil de houellebecq visitando os estados unidos me lembrou as viagens de camus pelo mundo: o que se espera de um escritor francês, os clichês que ele perpetua e uma até uma certa semelhança física com o autor de a peste. abaixo, alguns houellebcquismos:

At a certain point,? he continued, ?I decided to write [about] the world as if nobody had ever written [about] the world. Which is in a sense true, because there were no computer programmers 30 years ago, and it changes the way you see the world. Joyce didn?t have a television, for example. He couldn?t speak of life with television.?

What remains with the reader is its portrayal of First World loneliness ? the loneliness of someone who, like the book?s narrator (also named Michel), has 128 television channels but no real friends. ?For the West, I do not feel hatred. At most I feel a great contempt,? he says near the end of the book. ?I know only that every single one of us reeks of selfishness, masochism, and death. We have created a system in which it has simply become impossible to live, and what?s more, we continue to export it.?
a folha publicou no seu Mais de domingo um abc de michel houellebecq, onde descobri que compartilhamos o mesmo aniversário. não me surpreendeu tanto assim. há uma visão de mundo compartilhada. no D de depressão, ele argumenta que é inevitável que existam cada vez mais pessoas deprimidas no mundo, já que nosso desejo é cada vez maior e a concorrência também. mas ao mesmo tempo, muito da lucidez e do humor do mundo vem dos deprimidos. com frequência, diz ele, os deprimidos são engraçados. não é uma idéia estranha pra mim. :)

já falei e digo de novo: partículas elementares, seu segundo livro, é um livro importante. fala de sexo e física quântica, do fracasso das utopias e mais um número de temas que nos perseguem pelas ruas dias após dia. ainda não me encontrei com um exemplar do primeiro romance e o terceiro acaba de sair na frança. resumindo, há o frisson de ver nascer uma voz única e significativa nesse mundo saturado.

sexta-feira, setembro 30, 2005

a paz de espírito é incrivelmente frágil, you know? uma visão de relance de alguns milímetros de uma calcinha vermelha me levaram pra casa completamente perturbado. visões que se imprimem na sua retina por um longo tempo. o desejo, essa besta...

quarta-feira, setembro 28, 2005

aparentemene, dos visitantes do café só eu tenho paciência para ler o momus. então aqui, um pouco de copiar colar de um texto bem mais longo dele, mas bem interessante sobre como limitações auto-impostas podem ser ser interssantes para a criatividade.

como explicação, deixa eu dizer o seguinte: posso entediar alguns leitores ocasionalmente, mas entre outras coisas esse blog é um caderno, onde anoto coisas que não quero perder. então posso falar sozinho de vez em quando.

a quem interessar, então:

an experiment on Peacock inspired by Kurt Schwitters, who used to set himself the challenge of, for instance, making a collage based only on materials he found rummaging through his wife's wastepaper basket. Jones' experiment asked Peacock to tell stories using random and unrelated words while lying in a brain scanner. His hypothesis (later proven by the brain scans and subjective judgements of the stories) was that Peacock would produce more creative stories, and use his brain more actively, when given more random, less related words to work with.

...

The experiment got me thinking about the importance of limitation, of making self-imposed rules which restrict that awful "anything is possible" feeling we get confronted by a blank sheet of paper (or a blank CD). Without limitation, it's easy to sink into what Brian Eno calls "the mire of options", or to fall into other people's styles, or the dominant formulas of the day.

...

When I'm planning an album I tend to do something I call "signature specification", which could also be seen as a voluntary restriction of my own freedom. They're just guidelines, and of course you end up rebelling against them and breaking them, but they construct a sort of plank walkway across the "mire of options". They focus your thoughts. And if they're weird and random enough, I believe they make your work more creative.

terça-feira, setembro 27, 2005

ok, postando algo útil em vez de mais egoshow: wilbur já tinha comentado sobre o blog scientific artist, do grande paul rivoche. o blog realmente é incrível. rivoche é um artista com uma base incrível de desenho, um professional publicado que acha tempo para dividir seu conhecimento técnico online. cada post é uma aula. grátis. a coisa toda é de uma generosidade que me deixa sem palavras.

e o outro dia descobri que ele não tem não um, mas três blogs. três. isso se não falta eu descobrir algum mais. ou seja, além do seu trabalho como quadrinista e ilustrador, ele acha tempo para produzir e publicar desenhos em três blogs. e, como eu deixei dito em um comentário, o que ele faz por diversão a maior parte de nós ficaria feliz de ter como trabalho. tem aí um amor pelo desenho que é uma coisa que me deixa tocado. e que preciso reencontrar. porque aposto que paul rivoche não chega em casa bêbado às 6 da manhã três vezes por semana. (você vê, é um dia de auto-imolação)

então, organizando: the scientific artist, com dicas, redsketch, exatamente o que o nome diz e rocketfiction, com desenhos antigos e sci-fi, se entendi o critério. enjoy.
papo de publicitário: se eu fosse um produto, está na hora de fazer um reposicionamento de marca. digamos que eu andava em promoção. já estava assim no balaio. pague um, leve meia dúzia.
a frase do dia é: com licença que vou ali me reinventar e já volto.

claro, se fosse fácil assim.

mas. gotta.

segunda-feira, setembro 26, 2005

wow. a realidade é reaaaalmente mais estranha do que a ficção.

Armed and dangerous - Flipper the firing dolphin let loose by Katrina

by Mark Townsend HoustonSunday September 25, 2005 The Observer

It may be the oddest tale to emerge from the aftermath of Hurricane Katrina. Armed dolphins, trained by the US military to shoot terrorists and pinpoint spies underwater, may be missing in the Gulf of Mexico.

Experts who have studied the US navy's cetacean training exercises claim the 36 mammals could be carrying 'toxic dart' guns. Divers and surfers risk attack, they claim, from a species considered to be among the planet's smartest. The US navy admits it has been training dolphins for military purposes, but has refused to confirm that any are missing.

Dolphins have been trained in attack-and-kill missions since the Cold War. The US Atlantic bottlenose dolphins have apparently been taught to shoot terrorists attacking military vessels. Their coastal compound was breached during the storm, sweeping them out to sea. But those who have studied the controversial use of dolphins in the US defence programme claim it is vital they are caught quickly.
meu olhar ainda bêbado de ressaca leu de relance no banner da página: solidão de notebooks.

ah??

saldão!

mas era uma frase boa, uh?

sexta-feira, setembro 23, 2005

say goodbye


redaçao
Originally uploaded by Odyr.
o povo da redacao, que se despede de uma colega, vanessa (com flores) que vai para poa.
a mensagem de hoje é trazida por nosso patrocinador, iggy pop, a dirty old man. é sexta feira e estamos todos meio alterados, como eu dizia em um email para um bela estranha. é a tensão de antes da chuva. venta. faz calor. é sexta feira. vocês entenderam a mensagem, não? sem mais, as palavras de iggy para hoje:

She sat on the pavement / As I pulled in the drive / Wearing leopard skin velvet And shiny black eyes/ She had curls like Delilah And a smile like the sun / She held my poor corpse Like she'd never be done / And the caption in my mind said "This is the one" / But I'm strong and I'm disciplined And I avoided her for years / 'Till one night, as usual With my heart full of tears / A hand touched my back And she was standing right there / Then I felt the luxury of herI / felt the luxury of herI / felt the luxury of her / I felt the luxury / Whispering Whispering

quinta-feira, setembro 22, 2005

mas as lembranças são boas. ela tinha um rosto tão intenso e às 7 da manhã fiz cogumelos para ela e comemos no pátio, ouvindo música e vendo o dia nascer. a beautiful stranger. a beautiful life.
deixa eu ver: gastei em uma noite o dinheiro que estava previsto para uma semana, cheguei em casa às 7 da manhã e levantei às 10 e meia para acordar uma alma perdida que acolhi. é dura a vida do homem solteiro.

quarta-feira, setembro 21, 2005

cut3


cut3
Originally uploaded by Odyr.
mais um pedacinho. esse e o classico chefe-do-terno-roxo.

cut1


cut1
Originally uploaded by Odyr.
como a historia foi encomendada, so uns pedacinhos das tiras. essa do cozinheiro em particular eu gostei, do personagem e do gestual dele.
a história se repete como farsa, todo mundo sabe. mas não precisava, eu acho.

numa festa ontem que manchava a palavra jam, um grupo enorme de wannabe artists se esfregavam no palco cobertos de tinta, faziam caras e bocas, ensaiavam cenas eróticas com macarrão ou com uma escada. patético.
ah sim, tinha uma flauta, claro e artesões cantando. ai meu deus.

a voz da tolerância diz que as pessoas tem que passar por isso. mas por quê? não basta que gerações anteriores tenham passado por esse mico? já era ruim da primeira vez. reprisado então... será que uma geração nova não pode cometer erros novos, pelo menos?

(e antes que alguém pergunte, não, eu nunca me esfreguei com macarrão ou tinta enquanto alguém tocava flauta. mas era uma performance muito popular nos meus green days. e já era reprise na época.)
contrastando com toda essa conversa de ócio criativo abaixo, os últimos dias foram cheios, cheios. passei o final de semana fazendo umas tiras sobre business. a primeira vez que fiz quadrinhos por encomenda. e foi bem bom. é sempre um exercício, tentar achar a movimentação exata dessas pessoas, o tipo de cabelo, as roupas... o resultado ficou bem. posto aqui uns pedaços depois.

e hoje acabava o prazo (mínimo) que recebi para fazer um projeto gráfico para porto alegre, de uma revista que me parece bem interessante e que não devo comentar no momento. como acabei as tiras na segunda, tive que sentar e fazer o projeto grafico ontem. em um dia. tipo: sem pensar. you wanna know what? ficou do caralho.

se o figurão do design citado no outro post me ouve falar, tem um enfarte, mas meu aproach para direção de arte ou projeto gráfico é compleeeetamente intuitivo. basicamente eu visualizo a revista que queria ler. e faço, em ordem. a capa, depois o índice, depois as matérias...como se estivesse abrindo a revista. absurdo, mas funciona. venho enganando as pessoas assim faz tempo. :)

sexta-feira, setembro 16, 2005

depois fui jantar com as organizadoras e com os outros palestrantes, um deles um big shot do design, sócio de uma empresa dessas quem tem sede em meia dúzia de cidades, montes de funcionários, contas milionárias. foi engraçado contar pra ele meu downsizing, a maneira como me recolhi aqui em pelotas, as escolhas. ele era um homem muito inteligente e entendeu bem.
não sou ingênuo a ponto de achar que ele inveja minha liberdade, mas digamos que ele entendeu a escolha, de uma vida sem reuniões, sem stress, sem agenda, relógio e sem dinheiro. hoje, em uma manhã que passei cozinhando, fumando e ouvindo música com amigos, erguemos uma taça de vinho a isso.
então para um auditório cheio de jovens estudantes de design e artes, fiz minha estréia como palestrante ontem. contei minhas aventuras e principalmente desventuras no mundo do design, ilustração e qualquer coisa no meio. um certo terror de pegar um microfone e falar para aquelas caras estranhas, mas nada como um pouco de auto-imolação e comédia às próprias custas. tive meu momento stand-up comedy-woody allen e foi bem divertido. pra mim e aparentemente para eles, que riram bastante. foi bem divertido.

quinta-feira, setembro 15, 2005

The heart is a bloom / Shoots up through the stony ground / There's no room No space to rent in this town/ You're on the road / But you've got no destination / You're in the mud / In the maze of her imagination/

não é exatamente a beautiful day, mas isso estava na minha cabeça enquanto eu andava, um tanto sem rumo hoje, vagamente indo almoçar, fumando, levando minha ressaca para a rua. a noite não foi muito gentil comigo. pelas 5 da manhã coisas aconteciam e pareciam uma repetição ruim, a história como farsa, etc. uma mulher que consegue de fato iluminar o espaço onde chega, o que é uma coisa linda de se ver, e no entanto. no entanto.

como um fantasma conhecido. e que consegue miraculosamente se renovar a cada encontro. e lhe fazer esquecer cada decepção. amazing. repórteres contam que steve jobs tem isso e chamam de reality-distorsion-field.


um casaco londres anos 70, uma camisa branca, o cabelo voando sobre tudo, uma aparição. feromônios. um corpo conhecido mas inesgotável. um mundo. uma ausência palpável na cama hoje de manhã. o espaço onde ela estaria. na rua, em um outdoor de celular, uma mulher finge abraçar a vida, o celular promete um mundo de liberdade e realização, as fantasias quase eróticas da publicidade. You're out of luck / And the reason that you had to care / The traffic is stuck / And you're not moving anywhere /

terça-feira, setembro 13, 2005

sobre o post abaixo, me ocorreu acrescentar: vinte anos no pop são uma vida, mas na vida mesmo, que é um pouco mais lenta do que o pop, uma geração é uma medida impressionante. na página social da ZH hoje, vi uma jovem socialite em vestido de festa, com os braços praticamente cobertos por tatuagem. uma geração atrás, ela seria uma freak. hoje ela está na coluna social. uma geração atrás, só marinheiros tinham esse tanto de tatuagem.

uma geração atrás também, eu seria um pai de família já meio gasto porém respeitável, com uns três ou quatro filhos, em vez do solteiro irresponsável que sou. e etc. you see what I mean.
desde que assinei bad signal, a newsletter de warren ellis, eu tenho a certeza de que sempre vou ter ao menos alguma mensagem no email, porque esse bastardo escreve loucamente. do pub, geralmente. e com insights como esse, onde falando de uma cena de CSI descreve todo um procedimento da mídia, toda uma operação que o pop executa:

I saw a re-runfrom last season recently, and there'sa two-minute sequence of WilliamPetersen sluicing blood off a body on a metal tray put to "Sfevn-G-Englar" by Sigur Ros. That's all it is. Slowed down visuals of waterwashing blood off brushed steel. Twenty years ago, that would've been an art film. Now it's a musical interlude in a major USnetwork show. Mainstream culture eats its young to gain its strength,like a cannibal warrior, and the intent of the fringe becomes the tool of the mainstream.

sexta-feira, setembro 09, 2005

considerando que não celebro aniversários, nunca fui a um batizado ou a um funeral e sou incapaz de dizer meus pêsames, parabéns ou coisas do gênero, é curioso que eu goste de casamentos.

mas gosto. há uma sensação curiosa de liberdade, há a sensação de estar em algum tipo de teatro invisível, com figurinos e muitos atores, há um vouyerismo, há uma celebração. melhor ainda se passar bem longe de uma igreja.

amanhã vou a um. bem longe de uma igreja. em uma charqueada. pessoas de que gosto resolveram tornar oficial uma união já bem sucedida há anos. e vamos então erguer nossas taças, fazer brindes e ficar agradavelmente embriagados e, quem sabe, sutilmente emocionados.
ontem achei o caminho de volta até a mesa de desenho, então vocês podem desconsiderar todo o post anterior. :)

estava agora escrevendo para bitisa e comentando que chega a ser ridículo a diferença que faz. ela me encontrou de tarde com um humor de pão dormido. de noite, depois de começar uma história nova, eu me sentia, como dizem os americanos, like a million dollars. like a fucking million dollars.
em breve, mais um capítulo of my charmed life. vocês que me aguentem. vocês, que me aguentam.

quinta-feira, setembro 08, 2005

o autor até onde sei do termo popiário definiu bem: quando o popiário vai bem, a vida vai mal. e vice versa. se não mal, pelo menos em baixa.

exatamente o caso aqui. vida em baixa, popiário em alta. consumo como droga. como dizia fran em um dos comments. nós, garotas em tpm... :)

porque precisamos de vida. na falta dessa, simulacros. a criação, por mais que seja sublimação, é mais do que um substituto para a vida. afinal, a palavra é criação. mas o consumo é exatamente isso: um substituto pobre. quer dizer, uma caixa de episódios de sex & the city contém uma vida muito, muito mais glamourosa do que a sua, mas aí entra aquela citação tão exata que o tio stephen king usou em um dos seus livros: perto do ser humano mais desinteressante desse mundo, toda a obra de shakespeare não é mais do que um saco de ossos. a bag of bones.

terça-feira, setembro 06, 2005

é por isso que amo alex de campi:

04:12 pm - This Just In: Bush Declares War on Antarctica

In last night's State of the Union address, US president Bush sought to combat his plummeting approval ratings by announcing that Antarctica has been added to the now four-nation Axis of Evil along with Iraq, North Korea and Iran. "Our intelligence briefings have shown that Hurricane Katrina is clearly linked to Global Warming, and the ringleaders of Global Warming are Antarctic glaciers."

leia o resto aqui.

segunda-feira, setembro 05, 2005

Garland: Well you and I must be in the minority because apparently there?s a section of our citizenry out there that thinks, uh, because of the law that says that the federal government can?t come in unless requested by the proper people that everything that has been going on up until this point has been done as good as it can possibly be.

Nagin: Really?

Garland: I know you don?t feel that way

Nagin: Well, did the tsunami victims request? Did they go through a formal process to request? Uh, you know, did Iraq, did the Iraqi people request that we go in there? Did they ask us to go in there? What is more important?
Now you mean to tell me that a place where most of your oil is coming through, a place that is so unique - when you mention New Orleans everywhere around the world everybody?s eyes light up - you mean to tell me that a place where you probably have thousands of people that have died and thousands more that are dying everyday that we can?t figure out a way to authorize the resources that we need?

transcrição de uma entrevista de nagin, o prefeito de new orleans.
pra desiludir de vez quem acredita no meu gosto, vi swat esse final de semana, com enorme prazer. nada como ir à locadora tendo que agradar só o animal que vive em você e nada mais. basicamente, estou como uma criança escolhendo só o que não presta na locadora. são alguns anos de demanda reprimida. por motivos mais ou menos triviais praticamente nunca tive um aparelho qualquer de reproduzir filmes só para mim. então, i´m being selfish and dumb.

mas enfim, vi também algo mais elevado. dogma do amor (its all about love) é do mesmo diretor de festa de família, um filme brutal vindo do movimento dogma. aparentemente, ele também tinha uma demanda reprimida, então o filme vai contra tudo que o dogma prega: em locações (e que locações: itália, polônia, suíça, áfrica...) tecnologia, tempo, luz, tudo. mas é um belo filme, com uma visão de futuro muito bem administrada no nosso presente, uma história de amor muito real e estranhezas pipocando, como the flying ugandans. e claire danes.

também, por algum motivo que me escapa, olhei muito para a parede, fui até a janela, suspirei e voltei. repita 100 vezes. esperando algo que não sei o quê. mas esperando. mais demanda reprimida.

sexta-feira, setembro 02, 2005

venta em satolep. e parece que o vento nos leva a todos. não é katrina, mas é nosso pequeno ciclone. há uma sensação de que não se controla nada, de que andamos às cegas, em nossos relacionamentos e escolhas assim como nas ruas. como de fato andamos.

e a ilusão ou tentativa de controle é que fode tudo. podemos fazer escolhas, mas como elas se desenrolam não depende só de nós. quando você tenta conduzir a onda...


e de repente new orleans parece o iraque. com tanto lugar naquele país pra katrina destruir....

quinta-feira, setembro 01, 2005

nunca foi a intenção desse blog ficar só comentando meu consumo cultural, um popiário, como diz meu amigo érico, mas preciso dizer: odiei sin city.

quadrinhos e cinema tem uma relação passional e mal resolvida. nasceram quase juntos, um bebe do outro, mas os encontros não costuma ser felizes. as primeiras adaptações de filmes a partir dos quadrinhos foram risíveis e a sequência de desastres não é curta. robert rodriguez achou que tinha encontrado o caminho mais curto: nada de adaptação. transposição. literal. os quadrinhos na tela.

como ele fez a essas alturas acho que todo mundo já sabe: atores contra o fundo verde, a reprodução exata de cada enquadramento, iluminação, tudo, recriadas no computador.

bom, minha questão é: pra quê? se a história funcionava perfeitamente em quadrinhos.

e pior: não deu certo. pra mim, pelo menos, claro.

todo aquele exagero e simplificação que funcionam nos quadrinhos, a caricatura, os atalhos de linguagem ficam grotescos na tela. os atores se movem como bonecos, falam como clichês,a história passa a jato... (um desses teóricos dizia o seguinte: que o leitor acrescenta tempo entre um quadro e outro e é por isso que as histórias em quadrinhos podem ser tão rápidas. mas o cinema tem outro tempo. as coisas tem que se desenrolar, você não pode parar e olhar o quadrinho anterior ou olhar pro lado. então quando marv dizia cansado: essa guerra em que estou... a guerra tinha começado 5 minutos atrás! era ridículo. )

curiosamente, bitisa e luiza que viram comigo e não conhecem os quadrinhos, gostaram. então pode ser ranzincice minha. mas eu realmente não vejo futuro nenhum para esse tipo de transposição literal. você tem que ter algum motivo pra fazer uma releitura. algum ganho. eu preferia ver o marv em silêncio.

quarta-feira, agosto 31, 2005

Audrey


Audrey
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twin peaks em imagens. fiz umas capturas de tela. wilbur tem razão. lynch é um pintor trabalhando em filmes. um crítico dizia isso em um dos extras: ele inventa histórias que caibam (mais ou menos) nas imagens que lhe ocorrem. é um processo ao contrário. talvez por isso funcione tanto. porque passa por cima do raciocínio dele mesmo.

cena ótima que o littleman from another place conta em um dos extras: que já na sala de edição, lynch, junto com a montadora olha para uma cena e diz: ah, vai ver que é isso que eu queria dizer.

The Bookhouse Boys


The Bookhouse Boys
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Shelly


Shelly
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welcome to twin peaks


welcome to twin peaks
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segunda-feira, agosto 29, 2005

chove em satolep. hoje escrevi num email: a chuva primeiro perturba, depois concentra.

chovia também onde passei o fim de semana: twin peaks. faziam muitos anos, quantos? 15? 20?

a cidade continua a mesma, cheia de maquinações, segredos, rosquinhas e a presença do mal pairando por sobre tudo, vagando pelas florestas. ninguém representa o mal como david lynch. seja uma sinaleira piscando sozinha na noite, um cigarro que é acendido, um passarinho em um galho... o desconforto está em tudo. não há onde se esconder.

nessas horas você vê como esses filmes de terror de dar pulo na cadeira são bobos. ou simplesmente terapêuticos. você leva uns sustos e se sente aliviado depois. em twin peaks não há alívio. há uma presença constante, há uma lembrança de como a humanidade pode ser perversa e uma insinuação de que nem tudo vem dos humanos, mas que formas mais amplas e não-personificadas de maldade existem. e interagem conosco.

ao mesmo tempo é muito engraçado, claro. o agente cooper é impagável, uma criança gênio, que tem todas as respostas e ao mesmo tempo uma capacidade de maravilhamento com as coisas mais simples que só uma criança tem. e usa métodos adivinhatórios do tibet para resolver o caso.

sei que apaguei a luz e custeeei a dormir.

sexta-feira, agosto 26, 2005

minha cabeça parece um vidro de compota chacoalhando. coisas de quem se perde pela noite. então isso é o máximo que articulo digitar. não esperem grandes insights de uma mente em ressaca profunda. hoje é dia e noite de detox.

terça-feira, agosto 23, 2005


charm
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so, to amuse and entertain my friends e dar razão à bitisa, mais um capítulo of my charmed life. esse pelo menos é engraçado. acho.

segunda-feira, agosto 22, 2005

charlie kaufman is a freaking genius. eu posso estar atrasado em chegar a essa conclusão, mas enfim. primeiro vi quero ser john malkovich, que é engraçado e quase brilhante, mas parecia mais uma esquisitice bacana do que qualquer outra coisa. aí vi adaptação. e disse uhhh. what a fucking script. e nesse final de semana, estreando (enfim também) a alegria de ter DVD em casa, vi eternal sunshine of the spotless mind. duplo uhhhhh.

no spoilers here. pra quem não viu ainda, melhor não saber nada. eu não tinha lido nem o resumo mais mínimo e foi infinitamente melhor assim. meu queixo foi caindo mais a cada momento.

francamente, só me ocorrem superlativos. é um dos filmes mais lindos que já vi. ok, lindo é cheesy, mas foda-se. é. fiquei o final de semana gravitando ao redor. vi o começo, vi o filme todo, vi mais pedaços... e fui enfiando mais o dedo na ferida. ahh.

do diário de joel: "why do I fall in love with every woman who shows me the least bit of attention?"

não sei, joel. não tenho idéia. juro.

sexta-feira, agosto 19, 2005

então pra consu ou pra quem quiser ouvir grande, grande música no final de semana, vitor assis brasil. nosso grande saxofonista. pra mim ele conseguia um negócio raro: fazer jazz legítimo que ao mesmo tempo tinha uma coisa da música brasileira muito forte. esse acervo é de um amigo de muito bom gosto, que disponibilizou tudo isso. pessoalmente eu acho que tudo vale a pena, mas na dúvida, baixe o disco chamado pedrinho. o nome é singelo, mas é um disco maravilhoso, com umas releituras de música brasileira reinventada como jazz e uns dois ou três standards. enjoy. bom findi a todos.

quarta-feira, agosto 17, 2005

coisas que estão na minha mente:

a vitrola vermelha de consuelo. nos últimos 10 minutos, quero dizer. mais como um exemplo de automatismo surrealista.

o filme perdido de jerry lewis. ok, esse é sério. fiquei um tanto obsecado. ontem, depois de ler a respeito, ver as fotos, fiquei com uma permanência incrível disso. aparentemente ele guarda os originais numa bolsa louis vuitton dentro do escritório dele. ah, e e ele tem uma fita de vídeo também, que mostra para poucos e bons. mas a reação aparentemente é sempre a mesma: algo deu terrivelmente errado com o projeto. algo de creepy nesse filme.

me fez lembrar o penúltimo livro do paul auster, The Book of Illusions, que é a história de um comediante do cinema mudo que se refugia em uma fazenda e faz filmes que ninguém vai jamais ver. very creepy.

sonhei de novo, pela quinta ou sexta vez com alguém que preferia não. geralmente meu processo de desintoxicação de uma pessoa é bem eficaz, mas essa em particular está dolorosamente presente. inferno.

terça-feira, agosto 16, 2005

Só pra somar ao assunto, uma das minhas fantasias é rever um monte de coisas. Rever bem, pegar uma caixa dessas coisas, ver em casa, com calma, re-rever, etc. jerry lewis já está em andamento, eu já tinha revisto recentemente o Professor Aloprado, que é sensacional. O próximo projeto é Bruce Lee, que é relativamente simples, porque a obra é curta, curtíssima. E estão vendendo os filmes em DVD nas bancas de jornal.

Outro, armazenado em minha mente é Trinity. Hoje olhando no IMDB descobri que:

Terence Hill chamava-se Mario Girotti, apesar de italiano cresceu na alemanha, tem hoje 66 anos (and damn, he´s still looking good), continua filmando e tem 80 filmes em sua folha corrida.

Lo chiamavano Trinità...
a infância nunca vai realmente embora, mas quando ela nos visita como adultos, o resultado é curioso, porque estamos os dois, adulto e criança olhando para o mesmo objeto e as visões se sobrepôem, criando uma espécie de 3D.

revi ontem O Terror das Mulheres, com Jerry Lewis. não tenho tempo aqui nem disposição pra organizar os tantos pensamentos que me ocorrem. não são poucos.

por um lado, jerry lewis está gravado em sua memória infanto-juvenil. por outra há o adulto que olha aquilo e vê tanta coisa. vê o comediante incrível que ele era, o domínio corporal, a sinfonia de tombos, desastres... as cores, incríveis. eu não lembrava que ele dirigiu alguns de seus filmes. esse em particular é uma tour de force, com um cenário único, montado como uma casa de bonecas gigantesca ou como um cenário de ópera, a casa sem a quarta parede.

de um lado então se ri, se olha com fascinação para aquela constelação de cores, para os vestidos coloridos das duzentas coadjuvantes de jerry subindo e descendo aquelas escadas vermelhas... ao mesmo tempo há algo de perturbador na idéia dele como um über-nerd que teme as mulheres patologicamente, se refugia em uma casa cheia de mulheres, onde ele pode viver virginalmente e se sente reconfortado com aquela dupla de dominatrix que controlam a casa: uma volumosa ex-cantora de ópera e aquela espécie de enfermeira nazista que está em tantos filmes dele. wow.

e nos extras você pode vê-lo ensaiando, como seu real self, confiante, agressivo, cheio de verve, energia e poder. é uma sobreposição inquietante. aquele homem que representava uma criança histérica visto como adulto, como criador...

eu lamento que isso não esteja fazendo muito sentido. é o tipo de coisa que teria que ser escrita com mais tempo, algum método, notas revisadas... mas eu não trabalho na Bravo. são
impressões, confusas como jerry lewis. vou pensar mais sobre isso e volto, acho.

jerry


jerry
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segunda-feira, agosto 15, 2005

ando pensando em fazer uma instalação para a Bienal: Objetos das Mulheres que Amei.

(Se bem que se fosse para a Bienal, tinha que ter um título tipo Memento: Memória e Relações Interpessoais no Contexto da Pós-Modernidade)

Não sou muito forte em fotos, mas tenho chinelos de uma, sutien de outra, livros de uma, brincos de várias... dava pra fazer um memorial.

Devia botar tudo fora, eu suponho, mas vai ficando, como camadas de pó sobre os móveis. Você abre uma gaveta e lá está: uma lembrança de coisas acontecidas. Às vezes traz um sorriso, às vezes um ranger de dentes. C´est la vie.
felizmente meus amigos são sofisticados o suficiente pra não achar que eu preciso de uma intervenção ou de uma overdose de prozac. :)

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by the way, benvindos. eu resmungo, resmungo, mas gosto do bar.

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vi melinda, melinda e não é por nada que amo woody allen há tantos anos. ninguém como ele para nos fazer rir de nossas misérias e nos lembrar que estamos todos na mesma. todo mundo fazendo merda nesse filme, tomando decisões erradas, se metendo com a mulher do próximo... delícia. e melinda, a real fucked up person,me espelha quando conta que, ao conhecer um estranho charmoso que mora na espanha, em dez minutos ela já está pensando: "do I see myself living in Barcelona?" :)

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Da série Grandes Trailers: mais uma tentativa de filmar o velho Bukowski. Agora é Factotum e o candidato é Matt Dillon! O que o tempo não faz com os humanos. O ex-candidato a James Dean está muito convincente, pelo menos no trailer. Gordo, pesado, barbudo, vermelho... e tem uma mulher cantando no trailer que te dói nos ossos. Se alguém souber quem é aquela voz desencarnada, por favor me avise. O trailer está disponível para download aqui. Bom pra quem gosta de mexer na ferida. :) Boa segunda-feira a todos.

sexta-feira, agosto 12, 2005

ok, pros poucos que seguiram as migalhas de pão e reencontraram o caminho até aqui, a história prometida. não sei se é a melhor, mas certamente é a coisa mais honesta que já fiz. tanto que começou como uma carta, real. aliás, não mudei o texto em nada. só três páginas, mas acredito que dizem bastante. aqui.

quinta-feira, agosto 11, 2005

encontrei no maravilhoso blog da alex de campi, roteirista de quadrinhos, essa observação, que vai exatamente de encontro ao que eu pensei, decidi e agi sobre:

You know, this thing I do, writing films and comics - I try to balance my own voice and brand of madness with the requisites of a commercially acceptable story, and then something like Swimini Purpose comes along and reminds me that there is no need whatsoever for balance and compromise. Not in comics, which in any case has always been a cult stepsister to the "proper" arts.

Foi exatamente o que fiz ontem, antes de ter lido isso: aboli a esquizofrenia de estar fazendo uma história que não tem nenhuma relação com o que estou passando. transformei minha miséria em quadrinhos e foi bom. não só como terapia, mas como resultado. you´ll see.

quarta-feira, agosto 10, 2005

do you ever feel dead? I feel. I can feel already dead sometimes, my body very heavy, my moves clumsy and difficult. a cloud around. or just plain very old. and tired. you feel your body, solid, but you can´t feel any energy. it´s a piece of flesh and bones without a spirit to animate it. it happens.

my chart says its a transit, a time of death and rebirth. last night I took a long hard look at my work and tried to make it new, to bring it closer to my heart. it makes no sense to go drawing funny stories when your heart its so heavy. its a matter of letting your heart goes to the page without it becoming just a confession, a whining. lets see if I can begin again.

terça-feira, agosto 09, 2005

uma das teorias diz que sonhar é um atividade completamente randômica, um defrag do cérebro. de maneira geral, estamos acostumados a que os sonhos sejam um sweet nonsense, algo engraçado pra se contar pra namorada de manhã. por isso ficamos sempre perturbados quando o sonho tem uma permanência, quando sonhamos com uma presença que não vai embora ou uma sensação que não se desfaz.

sonhei com o mal ontem. e foi bem perturbador. nesse caso, presença e sensação. um ser humano que irradiava maldade. executava também, mas a irradiação acho que era mais impressionante. você sabia que estava na presença do mal. e que estava fodido. not a nice thing to wake up with.

precisava escrever isso em algum lugar, então foi aqui.

quinta-feira, julho 21, 2005

Tá, vim aqui avisar que mudei de público. Cansei de seres humanos. Vou falar com aliens agora. Fê me informou que "Una empresa estadounidense otorgará un servicio gratuito de 'blogs' que podrán ser enviados al espacio en busca de contactos con posibles vidas extraterrestres, informa AFP.

Pretendo ser um pioneiro no Brasil e passar para os aliens uma visão franca e aberta do que é um ser humano. Algo como uma página central da Playboy. Vocês podem acompanhar meus esforços aqui.

terça-feira, julho 05, 2005

quinta-feira, junho 30, 2005

closed


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não é por nada que só faço histórias curtas. tenho uma tendência a me cansar de tudo rapidinho. esse blog, por exemplo. já fechei o bar umas duas vezes e estou tentado a fechar de novo. minha coluna no jornal estou prestes a matar. a verdade é que preciso ter bons motivos pra fazer qualquer coisa. então, um blog, uma coluna, se mantém por que motivo? até achar bosn motivos de novo, periga eu sumir daqui. até prova em contrário.

sexta-feira, junho 24, 2005

essa deve ser a semana queria-morar-nos-estados-unidos. ok, tem 200 bons motivos para não morar lá. mas essa foto do kevin me deixou abalado. eu entraria nesse lugar e talvez não saísse nunca mais. the paperback palace.

terça-feira, junho 21, 2005

uma certa tristeza se apodera de mim quando leio coisas assim. estou no país errado. nos estados unidos, os quadrinhos seguiram um longo caminho. desde o tempo dos "funnies", as tiras cômicas dos jornais, passando pelo reino dos super heróis, pelos quadrinhos alternativos, até chegar ao mundo das graphic novels. os quadrinhos encontraram uma espécie de maturidade por lá. agora, ainda um outro movimento de consolidação acontece: grandes editoras, sem tradição em quadrinhos, então entrando no jogo. contratando quadrinistas, colocando graphic novels em livrarias e catálogos. essa matéria descreve bem esse momento e é um grande momento, de fato. não posso deixar de me entristecer por saber que aqui paramos mais ou menos na primeira fase. para a absoluta maioria da população, os quadrinhos ainda são aquelas coisinhas publicadas no jornal, cada vez em menor número, cada vez menores. so sad.
conselho antigo de neil gaiman para quadrinistas (e criadores em geral): trust your obsessions. você não precisa procurar temas. teus temas te acham. ou dizendo de outra forma: você não pode fugir deles.

de maneira geral, acho a parte da pesquisa muito chata. mas dessa vez está sendo um prazer. miles davis vai estrelar minha próxima história e é com prazer que estou somando conhecimentos aos que já tinha sobre ele. devagar, lendo textos, deixando ficar o que fica. lendo com uma peneira. cada vez mais acredito nesse aproach. quando a história me veio, não me dei nem ao trabalho de escrever. acabo mudando tudo mesmo. então vou montando as cenas em minha cabeça, vou deixando que a história se faça. é um processo interessante. castelos de areia.

quinta-feira, junho 16, 2005

esse nome absurdo que carrego sempre me deixou curioso. de onde catzo saiu isso? claro, saiu de meu avô, de quem o herdei. mas daonde os pais dele tiraram isso? o que beberam?

pesquisas nesses sites de nomes não encontraram nada. nem nas línguas mais bizarras. eu tinha uma suspeita nórdica, porque cada vez que digitava odyr no google, coisas estranhas apareciam. de fato, uma pesquisa de imagens no google mostrava as coisas mais disparatadas. algumas coisas associadas a turismo. eu pensei: hmm, não seria irônico ter meu nome associado a viagens?

depois de alguma pesquisa, mais ou menos cheguei à conclusão de que era uma palavra da islândia. a escrita correta é Ódýr .achei um dicionário online islandês-inglês. enfim, o significado, o sentido do meu nome! um motto, uma inspiração.

pois eis o que meu nome significa: cheap.

quarta-feira, junho 15, 2005

people are just plain crazy. fazia dias que eu não ia até o zombie tom para minha dose diária de brains, quando ele aponta para isso. deus, people are crazy. a quantidade de trabalho necessária para fazer uma bobagem dessas é algo que me impressiona.

terça-feira, junho 14, 2005

então agora com comments, que voltaram como um gato de rua vagabundo.

já que o jorge também voltou, deixa eu contar, que ele ficava me repetindo, como um mantra: fantagraphics, fantagraphics... bom, tá lá, jorge. graças ao esforço do wilbur, que pegou um stand numa convenção americana, a mocca, uma amostra do meu trabalho foi distribuída para alguns editores que faziam sentido com o perfil. faço questão de manter minhas expectativas violentamente baixas, porque não sou um iludido, sei que existem 200 artistas novos aparecendo todo dia. mas é bacana saber que o trabalho está lá. é um começo. e também me deu graça de montar uma amostra impressa. as falhas aparecem muito mais e você sofre como um cão, mas vale a pena.

(depois, lendo o relato que heidi faz do festival, mais uma frase, um motivo for sobering: As many people pointed out, the entrance level for new cartoonists is now so high that an excellence of craft is already assumed. )


terminando uma história longa e trabalhosa, que espero mostrar em breve aos amigos. e hoje acordei com a próxima, literalmente. sonhei ontem com o próximo personagem. é o tipo de coisa que me acontece. aí você vê, jorge, a utilidade de se lembrar dos sonhos. :)

quinta-feira, junho 09, 2005

sempre procurando inimigos novos, minha coluna amanhã vai ser uma carta de amor aos vegetarianos.

o arroz integral é seu amigo (não meu)


Quando eu era lamentavelmente jovem, entediei minha família com uma tentativa de dieta macrobiótica, o que hoje me parece uma forma moderada de loucura, sendo um sistema que tem como objetivo viver feliz comendo só arroz integral. Depois fui um vegetariano inconstante e hoje sou um onívoro feliz. Sobre a macrobiótica, basta lembrar uma tirada ótima de Tom Zé: se você está doente, ela pode lhe deixar saudável. E vice-versa.

Mas como todo mundo, depois de um final de semana de excessos, parece razoável limpar um pouco o sistema. Fui a um vegetariano. Não vou nem entrar no fato deles já serem baratos o sufiente para não precisar ser a quilo, mas enfim.

Consegui passar pelas saladas. Afinal, sou amigo das folhas, com um pouco de azeite se está bem. Mas quando voltei para me encontrar com um prato quente, honestamente meus sentidos preliminares, visão e olfato, me avisaram o suficiente que o paladar não encontraria nada ali. Uma tristeza de se ver. Paguei minha salada e continuei meu almoço em outro lugar. Não foi a primeira vez.

Jeffrey Steingarten, que escreveu o sensacional O Homem que Comeu de Tudo, definiu bem esse drama: as pessoas esquecem que para fazer uma salada (e comida vegetariana em geral) se precisa mais arte. Não menos. Um peixe, por exemplo, se faz quase sozinho. Mas para transformar folhas e legumes em algo atraente um pouco de esforço se faz necessário. Imaginação. Alguma maldade. Mas há uma mortificação nos vegetarianos. Uma culpa cristã, uma condenação do prazer. Não basta ser saudável?

Uma dieta exclusiva de pasto é o suficiente para bovinos. Ou de carne crua para felinos. Animais não conhecem o tédio. Mas uma da coisas que nos faz humanos é nosso desejo de variedade. Uma certa perversão dos alimentos. A busca por especiarias fez os homens atravessarem oceanos desconhecidos.

São característica compartilhadas por vegetarianos em várias cidades, mas aqui, o Tao oferece um cenário mais simpático. Ao chegar, a visão de um cardápio na mesa já oferece consolo. É sempre um sinal de civilização, de que escolhas lhe são oferecidas.

Possivelmente condenado pelo cânone, por oferecer peixe e frango, o lugar comete outros pecados, como ostentar temperos na mesa. Se pode fazer uma refeição leve, barata e saborosa.
Há vida além do arroz integral.

quarta-feira, junho 08, 2005

isso deve ser a coisa mais politicamente incorreta que já vi, mas é brutalmente engraçado. conheça o mundo sem sair de casa com foreigners around the world, by the national lampoon.

segunda-feira, junho 06, 2005

é tão raro, tão raro, mas a semana foi tão produtiva que consegui entrar na sexta sem culpas. começar o final de semana devendo nada pra mim. dever pra si é pior do que para os outros. não, é tão ruim quanto.

assim, consegui flanar pelos dias sem pensar em quadrinhos. nem um pensamento furtivo, fugidio e atormentado. nada. eu era um operário padrão de férias. merecidas.

hoje, cheio de alegria de pensar em voltar para a mesa de desenho.

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the dean´s december

lembro de momus descrevendo saul bellow como seu tipo de papa. um papa humano e humanista, iluminado. me reencontrei com ele (bellow, não momus) nesse fim de semana e é sempre o mesmo rosto que ele oferece: a cara marcada pelo tempo, o corpo se desintegrando, mas a mente um prodígio ainda de análise, interna e externa. unforgiving. nada passa por ele. nenhuma das 200 circunstâncias e detalhes e fatores que envolvem a conversa mais breve em um café. todo mundo tem um passado, um set de origens, um set de pensamento, uma filosofia, mesmo que não saiba; e quando dois humanos se encontram, uma biblioteca inteira os cerca. uma multidão ouve sua conversa e oferece insights ou perturbações. não é só na cama que nunca estamos sozinhos.

e de alguma maneira, o fantasma de bellow me segue depois pelo dia, dando palpites nas minhas meditações, como fantasmas mais ilustres davam a ele. é uma boa companhia.

eu reconheço essa voz, cheia de dúvidas, uma virtude que o conhecimento não apagou. pelo contrário. ele descreve seu personagem como alguém que leu livros demais. como alguém que não teve a sabedoria prática de desconsiderar esses livros, depois de uma certa idade. o reencontro do personagem com um companheiro de geração mais bem sucedido em se descolar desses livros é muito significativo. esse amigo dele parou de ouvir vozes. nenhum daqueles pensadores do passado que enchiam de entusiasmo as tardes adolescentes dos dois aparece mais para ele. ele pode exercitar suas mesquinharias sem pensar em rilke ou walt whitman. eles não estão mais por perto para ouvi-lo ou vê-lo fazer isso. a vida fica mais fácil.

você fica com a impressão que os escritores são como as fadas de peter pan. só vivem enquanto você acredita neles ou nelas.

quinta-feira, junho 02, 2005

é um dia do inferno, então nada mais apropriado que recomende a vocês zombieeatbrains, um blog sobre o quê? ah sim. um zombie crazy for braaaaaains. fucking hilarious. depois do vigésimo post intitulado brains, eu não podia mais parar de rir como um maníaco. isso em um dia ruim.

segunda-feira, maio 30, 2005

notas antes do apocalipse:

trabalhando, trabalhando muito.

os comments sumiram mesmo, mas aparentemente são como meu gato: voltam um dia.

vimos nesse final de semana o dvd de diana krall ao vivo em paris e defini meu free pass de vez, augusto. quem só viu fotos dela ou só ouviu a voz de veludo, mel e uísque não tem a visão completa: é vê-la, cantando.

o free pass, pra quem não lembra, vem de uma gag de friends: ross tem uma lista de free passes, atrizes de cinema com quem ele poderia ficar, se a oportunidade surgisse (haha) e sua namorada "entenderia". bitisa sugeriu chico buarque para ela, mas eu acho que ele está muito perto. :) hey, um marido carioca recentemente se arrependeu disso.

vamos, enfim, começar a semana. cheia.

quarta-feira, maio 25, 2005

Meio por acaso, como tudo, me tornei crítico gastronômico. não de fato, que isso seria coisa pro Augusto. Me tornei um palpiteiro, como sempre fui, com uma coluna no jornal local. Uma maneira fácil de consolidar a impressão que todo mundo tem de mim como esnobe e em breve ser mais amplamente odiado do que já era.

A primeira coluna foi um reaproveitamento de algo do blog, mas igual ponho aqui para divertir os amigos distantes. A próxima sai amanhã e ponho aqui outro dia. Enjoy. Or not.


Paris, Pelotas

Numa dessas negociações misteriosas entre as línguas, a palavra bistrô vem do russo. Segundo a lenda, oficiais russos impacientes com o serviço francês, famoso por seu ritmo próprio, demandavam: Bystro, que quer dizer rápido em russo. Pois o bistrô francês se tornou um lugar conhecido não só pela rapidez, mas por preços simpáticos e comida simples, mas saborosa.

Uma matéria recente no NYTimes perguntava se essa instituição ainda existiria: um lugar charmoso, simpático, de boa comida e preços aceitáveis. O resultado pode ter satisfeito os americanos, mas ainda é financeiramente obsceno para nós, que vivemos abaixo do Equador: o jornal encontrou (e comentou sobre) vários locais com - quase todas - as velhas características das casas parisienses. A média de preços, todavia, era de 30 euros por pessoa. Com o euro a R$ 3,50 em média, você faz as contas. Vinho não incluído.

Isso veio à minha mente um sábado atrás, quando fui provar o mocotó do Cruz de Malta. A conexão pode parecer absurda, mas veja: é tão fácil e simples resmungar da cidade em que moramos. No entanto, sentado a uma das mesas de janela de um sábado frio, no novo Cruz, versão revista e ampliada, eu e dois amigos tomamos um vinho chileno, comemos uma linguiça com provolone e tomamos o mocotó, que era o que esperávamos: quente, denso e reconfortante. Resultado: nossa conta deu 15 reais por pessoa. Algo em torno de 4 euros. Vinho incluído.

Algumas coisas, definitivamente você não encontra mais em Paris.

terça-feira, maio 24, 2005

night


night
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para dizer que estou vivo e produzindo. aqui vai um trechinho de uma historia comprida. nao chega a ser exatamente porn, mas tem bastante garotas seminuas, o que nao e exatamente um sacrificio de se desenhar. :)

quinta-feira, maio 19, 2005

walk, robot, walk.


walk, robot, walk.
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tudo que tenho a dizer:
ISSO EXISTE.
Mas custa 36 milhoes de yens.
:(
O cartaz de Herói, de Zhang Ymou, contém uma frase que parece absurda em sua pretensão: "talvez o mais belo filme já feito".

absurdo, uh?

bom, depois de sair do cinema eu não achava mais. honestamente: qual filme já vi mais espetacular visualmente, melhor coreografado com a câmera, com mais atenção a cores, ambientes, cenários, desenho de produção, etc? não consegui lembrar de nenhum.

a história, apesar de intrincada, é simples, tem um tom de parábola. Um Guerreiro Sem Nome chega ao Castelo do Imperador... mas é uma parábola relida, revista, quatro vezes (ou cinco?), cada uma com uma cor dominante, com uma visão diferente da história. A ação é espetacular, jet li não faz feio como ator e as chinesas são absurdamente lindas.

satisfação total.

quarta-feira, maio 18, 2005

para os desenhistas perdidos que passam por aqui.

uma palavra em inglês me mantém obsecado. não a palavra em si, claro, mas o significado dela. craft. algo difícil de traduzir. seria a técnica, a habilidade, o fazer, o artesanato, o knowhow.

eu me mato pelo craft. eu arranco meus cabelos todo dia, em busca de mais e melhor craft. eu olho com horror para páginas que fiz meses atrás e com esperança para as próximas. eu estou convencido de que nunca vou desenhar nada próximo do modelo que almejo.

e hoje eu esbarro com esse texto do james kochalka: craft is the enemy. uma espécie de hino punk. aqui você encontra o texto original e aqui uma entrevista onde ele desenvolve esses pensamentos e outros.

que possa lhe servir de algum alívio. temporário. mas alívio.

segunda-feira, maio 16, 2005

ando pouco dedicado ao blog. projetos, trabalhos, conspirações.

nesse meio tempo, montei um princípio de site com os quadrinhos em inglês. pra quem vem sempre aqui, a maior parte é conhecida, mas aqui está. talvez em breve ponha mais.

como dizia bacon, champagne for my real friends, real pain for my sham friends.

terça-feira, maio 10, 2005

portrait


portrait
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Autoretrato.
Nanquim e colagem.

segunda-feira, maio 09, 2005

chegando atrasado no dia, que segunda-feira tem dessas coisas. a dureza de começar.

final de semana completamente (sensacionalmente) hedonista. não fiz nada de útil, nada de produtivo e de alguma forma consegui driblar a culpa. comi excepcionalmente.

esse artigo no NYTimes comentava de como ainda era possível encontrar um bistrô barato em paris, um lugar onde se comesse bem e barato, como por exemplo esses citados, lugares de menu fixo de 30 euros por pessoa.

sábado no almoço comentava isso com augusto. eu, ele e bitisa almoçamos no cruz de malta, nosso pub ou bistrô local. na verdade é um boteco maravilhoso, templo do melhor croquete do universo. ele foi ampliado recentemente, mas sem perder a personalidade. ficou maior, mais confortável, mas ainda nosso lar. e agora tem mocotó aos sábados. pois sentamos, eu, augusto e bitisa, falando agradavelmente sobre nada em uma mesa com janela, tomamos um casillero del diablo, comemos uma linguiça na grelha coberta por provolone e depois um mocotó muito reconfortante. resultado: nossa conta não deu 4 euros por pessoa. eu dizia em algum lugar que cada um tem a paris que merece, mas essa nossa paris tem suas alegrias.

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no mesmo sábado, o incansável augusto nos fez jantar, um porco com pimenta chinesa, cominho e coentro que quase me tirou lágrimas (de pimenta) e no domingo, famigerado dia das mães, almoçei com minha família na casa da avó , em pedro osório. banquete rural, com ovelha local, macia e muito, muito saborosa e muitas outras carnes. só de linguiça eram quatro tipos diferente. ah, e domingo de noite, bitisa fez chuleta (arte que ela domina como poucos) e vimos doris day.

resumindo, um final de semana de pesadelo para os vegetarianos, um festim pantagruélico, mas que me fez um homem feliz e bem alimentado. sim, a vida É bella.