muitas coisas me espantam no mundo. de fato, uma das coisas que me fazem feliz é manter minha capacidade de me espantar com as coisas. um maravilhamento mantido da infância. (que é um dos motivos que me faz odiar as formas mais comuns de infantilização: as pessoas escolhem os aspectos errados das crianças para manter. mas enfim.)
um das tantas coisas que me espanta é saber que j.d. salinger está vivo e pode estar batendo à máquina nesse momento em que escrevo no computador. que, em sua casa em cornish, ele esteja escrevendo, como tem estado há quarenta anos. sem deixar que uma linha dessas veja a luz do dia.
quase todos sabem a lenda: salinger não dá entrevistas, não posa para fotos e não publica. seu último livro é de 1963. joyce maynard, a jovem que viveu com ele, diz que ele nunca parou de escrever. ele tem agora 86 anos. dentro de alguns anos, seus filhos, ao abrir a velha casa, vão descobrir se há um cofre cheio de originais ou cinzas de uma fogueira com sua decisão final pelo silêncio.
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