segunda-feira, novembro 21, 2005

eu já falei que tenho às vezes a ilusão infantil de que minha vida seria mais fácil se eu simplesmente escrevesse. o que obviamente é ridículo, porque, em vez de me atormentar com meu desenho, eu me atormentaria com minha escrita.

mas, como já disse antes, a portabilidade da escrita me encanta. o desenho tem um... cenário que é mais duro de conjurar. com a escrita, só sua mente tem que estar afiada. com o desenho, os lápis tem que estar afiados, sua mão, firme e relaxada ao mesmo tempo e uma espécie de visão gráfica tem que estar instalada. essa visão é difícil de explicar para quem não desenha, mas é uma capacidade ou disposição de enxergar o que você vai desenhar, antes de. uma gestalt no papel, uma visão de conjunto e de detalhe. sem falar que os papéis se acumulam, a tinta vira, os lápis quebram... como diz dave sim, você tem que ser seu roadie, seu contraregra todo o tempo. sem perder esse estado puro de visão. não é fácil.

o desejo de escrever se intensifica quando leio alguém como alex de campi, que escreve co uma elegância absurda, uma cor, um tom únicos.

talvez também porque vi swimming pool esse final de semana, um filme que além de ter a beleza de ruína grega de charlotte rampling e os peitos hipnóticos de ludmille savigner, tem todo o mistério e agraça da escrita. belo, belo filme.

e nesse meio tempo, tudo que escrevo são explicações de porque não desenho. lindo, uh?

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edit: vou responder os comentários por aqui, já que o sistema de comments não me ama mais.

estou frequentando esse blog de quadrinistas em crise, que é uma espécie de Procastinadores Anônimos. :) aúltima coisa que ouvi de interessante ali foi a de um cara que se determinou 15 minutos obrigatórios de produção todo dia, chova pedra ou cachorros. claro, 15 minutos é ridículo, mas a idéia de se obrigar todo dia a estar ali faz sentido pra mim. lembro que funcionava bem quando eu tinha o improvisation society. vou tentar algo nesse sentido.

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