quarta-feira, maio 25, 2005

Meio por acaso, como tudo, me tornei crítico gastronômico. não de fato, que isso seria coisa pro Augusto. Me tornei um palpiteiro, como sempre fui, com uma coluna no jornal local. Uma maneira fácil de consolidar a impressão que todo mundo tem de mim como esnobe e em breve ser mais amplamente odiado do que já era.

A primeira coluna foi um reaproveitamento de algo do blog, mas igual ponho aqui para divertir os amigos distantes. A próxima sai amanhã e ponho aqui outro dia. Enjoy. Or not.


Paris, Pelotas

Numa dessas negociações misteriosas entre as línguas, a palavra bistrô vem do russo. Segundo a lenda, oficiais russos impacientes com o serviço francês, famoso por seu ritmo próprio, demandavam: Bystro, que quer dizer rápido em russo. Pois o bistrô francês se tornou um lugar conhecido não só pela rapidez, mas por preços simpáticos e comida simples, mas saborosa.

Uma matéria recente no NYTimes perguntava se essa instituição ainda existiria: um lugar charmoso, simpático, de boa comida e preços aceitáveis. O resultado pode ter satisfeito os americanos, mas ainda é financeiramente obsceno para nós, que vivemos abaixo do Equador: o jornal encontrou (e comentou sobre) vários locais com - quase todas - as velhas características das casas parisienses. A média de preços, todavia, era de 30 euros por pessoa. Com o euro a R$ 3,50 em média, você faz as contas. Vinho não incluído.

Isso veio à minha mente um sábado atrás, quando fui provar o mocotó do Cruz de Malta. A conexão pode parecer absurda, mas veja: é tão fácil e simples resmungar da cidade em que moramos. No entanto, sentado a uma das mesas de janela de um sábado frio, no novo Cruz, versão revista e ampliada, eu e dois amigos tomamos um vinho chileno, comemos uma linguiça com provolone e tomamos o mocotó, que era o que esperávamos: quente, denso e reconfortante. Resultado: nossa conta deu 15 reais por pessoa. Algo em torno de 4 euros. Vinho incluído.

Algumas coisas, definitivamente você não encontra mais em Paris.

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