segunda-feira, outubro 03, 2005

pubcrawling é um dos esportes ingleses por excelência que se espalhou pelo mundo, como o futebol. consiste basicamente sem sair bebendo pela noite, de pub em pub, ou no nosso caso de bar em bar até que uma das duas alternativas se apresente: acabem os bares para ir ou acabe sua capacidade de permanecer vertical. claro, existe também a terceira via, muito simpática que é encontrar alguém para ficar na horizontal.

como todo esporte, tem um custo no seu corpo. as zonas de impacto seriam o fígado, o cérebro e ocasionalmente ferimentos leves que você não sabe como aconteceram. e custos em geral: no seu bolso, no seu valor de mercado, etc, etc. como já foi debatido aqui nesse espaço público de auto-imolação, por todos esses motivos, ando tentando limitar minha prática desse esporte. mas um outro problema surge: sua vida fica inexoravelmente chata. de repente, sua situação de funcionário parece evidente: de casa para o trabalho, do trabalho pra casa. passagem pelo supermercado, ida ao cinema. sem surpresas. sem acontecimentos. você acorda sem ressaca, ainda com dinheiro no bolso, mas com a inequívoca sensação de que nada acontece em sua vida.

porque evidentemente há um componente de aventura em sair à noite. um grupo de adultos desconhecidos reunidos em lugares onde se vende droga legalizada, com a ocasional distração da música, mas o indisfarçável objetivo de contato. acontecimentos. química. una o elemento A com o elemento B (e às vezes o C também) e veja o que acontece. desastre, drama, comédia, porn, mas raramente o tédio. os impulsos primitivos estão em alta, há um desafio constante de superação. digamos que é difícil achar um substituto para isso. por mais que eu ame os livros, filmes, o desenho ou minha casa. todos parecem substitutos para a vida em si. e se a vida é a arte do encontro, como dizia o poeta, o que pode ser mais sintomático da vida do que essa busca pelo encontro?

cartas à redação.

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