sexta-feira, novembro 04, 2005

deixa eu rever o que disse antes: talvez a ressaca desorganize o cérebro, mas é uma desordem interessante. encontrei uns pensamentos confusos se mexendo dentro da caixa craniana. ingênuos, mas curiosos. um desejo meio súbito de que a escrita servisse para outras coisas. não seria interessante uma pintura que falasse ou um blog que cantasse? não é mais escrita automática aqui. mais um desarranjo de idéias. uma colagem, mas suponho que haja algum sentido.

o que é a escrita? para que serve?
angélica me mandou esse link do guardian de um texto absolutamente sensacional, escrito para vender uma calça de couro no ebay. um texto perfeito, engraçado, cheio de insights. e que, de fato, vendeu a calça.

por algum desencontro de agendas, até hoje não vi a sociedade dos poetas mortos. e hoje li uma citação do filme, onde o professor pergunta no primeiro dia de aula: para que serve a linguagem? e responde: to woo women! alguém que conheço diz: os homens se apaixonam pelo que vêem, as mulheres pelo que ouvem. ou lêem, eu suponho. ainda que tenha dúvidas. em hitch, um filmeco delícia sobre um especialista em dating, ele diz das mulheres e de como elas percebem o que você diz: 60% é linguagem corporal, 30% é o tom em que é dito. você faz as contas e vê quanto sobra para o conteúdo.

uma coisa que me encanta na escrita (ver maravilhamento, posts atrás) é ser tão...portátil. não há uma arte mais modesta em recursos, me parece. um canto de mesa, um pedaço de papel, um lápis. um computador, um emprego com tempo livre. uma mente. no meu caso em particular, meus posts ou cartas se escrevem na minha cabeça sozinhos. quando sento com o teclado, tenho pelo menos o primeiro parágrafo. o resto vem.

me perguntam com frequência porque não largo esse negócio dos quadrinhos e simplesmente escrevo. eu também me pergunto, mas tenho algumas respostas. uma é aquela cruel do schultz: um cartunista é alguém que não escreve bem o suficiente para ser um escritor nem desenha bem o suficiente para ser um artista. obviamente no mundo em que vivemos essa definição envelheceu um pouco, mas ainda guarda uma verdade. além disso, há livros demais no mundo. demaaaais. além disso, tanto foi feito em literatura e tão pouco ainda em quadrinhos. além disso... tem alguém aí ainda? alô?

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