segunda-feira, maio 30, 2005

notas antes do apocalipse:

trabalhando, trabalhando muito.

os comments sumiram mesmo, mas aparentemente são como meu gato: voltam um dia.

vimos nesse final de semana o dvd de diana krall ao vivo em paris e defini meu free pass de vez, augusto. quem só viu fotos dela ou só ouviu a voz de veludo, mel e uísque não tem a visão completa: é vê-la, cantando.

o free pass, pra quem não lembra, vem de uma gag de friends: ross tem uma lista de free passes, atrizes de cinema com quem ele poderia ficar, se a oportunidade surgisse (haha) e sua namorada "entenderia". bitisa sugeriu chico buarque para ela, mas eu acho que ele está muito perto. :) hey, um marido carioca recentemente se arrependeu disso.

vamos, enfim, começar a semana. cheia.

quarta-feira, maio 25, 2005

Meio por acaso, como tudo, me tornei crítico gastronômico. não de fato, que isso seria coisa pro Augusto. Me tornei um palpiteiro, como sempre fui, com uma coluna no jornal local. Uma maneira fácil de consolidar a impressão que todo mundo tem de mim como esnobe e em breve ser mais amplamente odiado do que já era.

A primeira coluna foi um reaproveitamento de algo do blog, mas igual ponho aqui para divertir os amigos distantes. A próxima sai amanhã e ponho aqui outro dia. Enjoy. Or not.


Paris, Pelotas

Numa dessas negociações misteriosas entre as línguas, a palavra bistrô vem do russo. Segundo a lenda, oficiais russos impacientes com o serviço francês, famoso por seu ritmo próprio, demandavam: Bystro, que quer dizer rápido em russo. Pois o bistrô francês se tornou um lugar conhecido não só pela rapidez, mas por preços simpáticos e comida simples, mas saborosa.

Uma matéria recente no NYTimes perguntava se essa instituição ainda existiria: um lugar charmoso, simpático, de boa comida e preços aceitáveis. O resultado pode ter satisfeito os americanos, mas ainda é financeiramente obsceno para nós, que vivemos abaixo do Equador: o jornal encontrou (e comentou sobre) vários locais com - quase todas - as velhas características das casas parisienses. A média de preços, todavia, era de 30 euros por pessoa. Com o euro a R$ 3,50 em média, você faz as contas. Vinho não incluído.

Isso veio à minha mente um sábado atrás, quando fui provar o mocotó do Cruz de Malta. A conexão pode parecer absurda, mas veja: é tão fácil e simples resmungar da cidade em que moramos. No entanto, sentado a uma das mesas de janela de um sábado frio, no novo Cruz, versão revista e ampliada, eu e dois amigos tomamos um vinho chileno, comemos uma linguiça com provolone e tomamos o mocotó, que era o que esperávamos: quente, denso e reconfortante. Resultado: nossa conta deu 15 reais por pessoa. Algo em torno de 4 euros. Vinho incluído.

Algumas coisas, definitivamente você não encontra mais em Paris.

terça-feira, maio 24, 2005

night


night
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para dizer que estou vivo e produzindo. aqui vai um trechinho de uma historia comprida. nao chega a ser exatamente porn, mas tem bastante garotas seminuas, o que nao e exatamente um sacrificio de se desenhar. :)

quinta-feira, maio 19, 2005

walk, robot, walk.


walk, robot, walk.
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tudo que tenho a dizer:
ISSO EXISTE.
Mas custa 36 milhoes de yens.
:(
O cartaz de Herói, de Zhang Ymou, contém uma frase que parece absurda em sua pretensão: "talvez o mais belo filme já feito".

absurdo, uh?

bom, depois de sair do cinema eu não achava mais. honestamente: qual filme já vi mais espetacular visualmente, melhor coreografado com a câmera, com mais atenção a cores, ambientes, cenários, desenho de produção, etc? não consegui lembrar de nenhum.

a história, apesar de intrincada, é simples, tem um tom de parábola. Um Guerreiro Sem Nome chega ao Castelo do Imperador... mas é uma parábola relida, revista, quatro vezes (ou cinco?), cada uma com uma cor dominante, com uma visão diferente da história. A ação é espetacular, jet li não faz feio como ator e as chinesas são absurdamente lindas.

satisfação total.

quarta-feira, maio 18, 2005

para os desenhistas perdidos que passam por aqui.

uma palavra em inglês me mantém obsecado. não a palavra em si, claro, mas o significado dela. craft. algo difícil de traduzir. seria a técnica, a habilidade, o fazer, o artesanato, o knowhow.

eu me mato pelo craft. eu arranco meus cabelos todo dia, em busca de mais e melhor craft. eu olho com horror para páginas que fiz meses atrás e com esperança para as próximas. eu estou convencido de que nunca vou desenhar nada próximo do modelo que almejo.

e hoje eu esbarro com esse texto do james kochalka: craft is the enemy. uma espécie de hino punk. aqui você encontra o texto original e aqui uma entrevista onde ele desenvolve esses pensamentos e outros.

que possa lhe servir de algum alívio. temporário. mas alívio.

segunda-feira, maio 16, 2005

ando pouco dedicado ao blog. projetos, trabalhos, conspirações.

nesse meio tempo, montei um princípio de site com os quadrinhos em inglês. pra quem vem sempre aqui, a maior parte é conhecida, mas aqui está. talvez em breve ponha mais.

como dizia bacon, champagne for my real friends, real pain for my sham friends.

terça-feira, maio 10, 2005

portrait


portrait
Originally uploaded by Odyr.
Autoretrato.
Nanquim e colagem.

segunda-feira, maio 09, 2005

chegando atrasado no dia, que segunda-feira tem dessas coisas. a dureza de começar.

final de semana completamente (sensacionalmente) hedonista. não fiz nada de útil, nada de produtivo e de alguma forma consegui driblar a culpa. comi excepcionalmente.

esse artigo no NYTimes comentava de como ainda era possível encontrar um bistrô barato em paris, um lugar onde se comesse bem e barato, como por exemplo esses citados, lugares de menu fixo de 30 euros por pessoa.

sábado no almoço comentava isso com augusto. eu, ele e bitisa almoçamos no cruz de malta, nosso pub ou bistrô local. na verdade é um boteco maravilhoso, templo do melhor croquete do universo. ele foi ampliado recentemente, mas sem perder a personalidade. ficou maior, mais confortável, mas ainda nosso lar. e agora tem mocotó aos sábados. pois sentamos, eu, augusto e bitisa, falando agradavelmente sobre nada em uma mesa com janela, tomamos um casillero del diablo, comemos uma linguiça na grelha coberta por provolone e depois um mocotó muito reconfortante. resultado: nossa conta não deu 4 euros por pessoa. eu dizia em algum lugar que cada um tem a paris que merece, mas essa nossa paris tem suas alegrias.

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no mesmo sábado, o incansável augusto nos fez jantar, um porco com pimenta chinesa, cominho e coentro que quase me tirou lágrimas (de pimenta) e no domingo, famigerado dia das mães, almoçei com minha família na casa da avó , em pedro osório. banquete rural, com ovelha local, macia e muito, muito saborosa e muitas outras carnes. só de linguiça eram quatro tipos diferente. ah, e domingo de noite, bitisa fez chuleta (arte que ela domina como poucos) e vimos doris day.

resumindo, um final de semana de pesadelo para os vegetarianos, um festim pantagruélico, mas que me fez um homem feliz e bem alimentado. sim, a vida É bella.

quinta-feira, maio 05, 2005

essa é uma história comprida. talvez comprida demais. bom, vamos ver até onde vai sua paciência com minha fascinação por tecnologia. foi escrito em muitos pedaços, idas e vindas, conforme eu ia seguindo os links, então, perdão se não fizer muito sentido. afinal, isso não é jornalismo. :)
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começa com a leitura diária do momus. que vive uma vida ridiculamente charmosa, digamos. ele estava em paris, para ser fotografado para uma exposição que fará junto com uma artista japonesa. e fez um videozinho de seus passeios indolentes pela cidade. subitamente, no meio do video, eu vejo algo que me interessa por demais. uma curiosidade antiga. flashback:

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um brinquedo tecnológico novo, que me intrigava há algum tempo, era o It. foi assim que ouvi falar dele, alguns anos atrás. It. um projeto secreto que ia ser a maior invenção da humanidade (ou outra frase grandiosa do gênero).
hoje descobri que ela tem nome, existe e é realmente sensacional.

chama-se segway e é difícil explicar o que é. você pode colocar a palavra no google e clicar no botão imagens para vê-lo. digamos o patinete dos jetsons. parece só um brinquedo sensacional, mas segundo seu criador, ele está para o carro como o carro para os cavalos. pense bem: é não poluente, silencioso, movido a uma bateria recarregável...
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ah, o criador é um caso a parte. trechos da biografia dele: The world of technology has never been short of eccentrics and obsessives, of rich, brilliant oddballs with strange habits and stranger hobbies. But even in this crowd, Dean Kamen stands out. The 50-year-old son of a comic-book artist, he is a college dropout, a self-taught physicist and mechanical engineer with a handful of honorary doctorates, a multimillionaire who wears the same outfit for every occasion: blue jeans, a blue work shirt and a pair of Timberland boots.
A bachelor, Kamen lives near Manchester in a hexagonally shaped, 32,000-sq.-ft. house he designed. Outside, there's a giant wind turbine to generate power and a fully lighted baseball diamond; in the basement, a foundry and a machine shop. Kamen's vehicles include a Hummer, a Porsche and two helicopters--both of which he helped design and one of which he uses to commute to work each day. He also owns an island off the coast of Connecticut. He calls it North Dumpling, and he considers it a sovereign state. It has a flag, a navy, a currency (one bill has the value of pi) and a mutual nonaggression pact with the U.S., signed by Kamen and the first President Bush.

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tudo muito bem, o futuro chegou, o homem é brilhante...but I did smell a rat: como é que não se falava disso? afinal, não vivemos exatamente no sertão. fiz uma outra busca. escrevi no google segway failure. oh oh.

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apareceram coisas como esse cartum. ou esse comentário revoltado . ou essa notícia. curioso é que a pesquisa foi de fato avançando no tempo. e eu seguindo a saga como uma novela.
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basicamente, o que eu pude apreender é: ele termina sua bateria abruptamente. (pessoas caíram dele assim). ele é caro (4.000 dólares ou mais). americanos realmente amam seus carros. ponto.

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o fato é que ele ainda não morreu. o mercado empresarial continua grande. aparentemente o serviço de correios vai usá-lo, a polícia... mas também não se configura um futuro como o que steve jobs descreveu: Cities will be built around it .
aqui, você encontra o site deles.

aqui, eu encontrei o sucessor dele, construído pela mesma companhia. mas você sente nele um clima de "bom, vai ser mesmo um brinquedo para ricos, então let´s make it even more fun."

para quem pretendia mudar o mundo, não é muito.

quarta-feira, maio 04, 2005

publicar links, não se enganem, é um ato bastante egoísta. além da vaidade envolvida (eu encontrei isso), serve como um bookmark mais encontrável, um marcador no livro de areia que é a internet. e o blog se torna entre outras coisas, além de diário, café, pub, mesa de bar, uma agenda onde se anotam coisas.

então, ironicamente, em um dia que não posso entrar e aproveitar, encontro uma porta para a biblioteca de babel. como eles mesmo citam, There is no other archive quite like The Paris Review interviews. Se não todos os fantasmas queridos, os mortos amados, pelo menos um número impressionate deles. Bem entrevistados e com uma formatação bonita, em PDF, que se lê com mais prazer do que aqueles textos intermináveis em letrinha miúda.

pegue um café, acenda seu cachimbo, charuto, cigarro e enjoy.

terça-feira, maio 03, 2005

talvez eu ande falando demais de william gibson? hmm, talvez.

aqui, em um trecho de Idoru, um executivo das comunicações do futuro descrevendo sua audiência (ideal?):

"Which is best visualized as a vicious, lazy, profoundly ignorant, perpetually hungry organism craving the warm god-flesh of the anointed. Personally I like to imagine something the size of a baby hippo, the color of a week-old boiled potato, that lives by itself, in the dark, in a double-wide on the outskirts of Topeka. It?s covered with eyes and it sweats constantly. The sweat runs into those eyes and makes them sting. It has no mouth, Laney, no genitals, and can only express its mute extremes of murderous rage and infantile desire by changing the channels on a universal remote. Or by voting in presidential elections."
passei os dois últimos dias em outro lugar. sabe aquela brincadeira juvenil de perguntar: se não eu estou em milão nem em NY, eu devo estar em outro lugar, certo? logo não posso estar aqui. pois eu não estava aqui. na verdade estou chegando devagar. não fui abduzido, não experimentei um surto psicótico, mas passei dois dias me sentindo intensamente deslocado do mundo. hoje em pleno café aquário, eu olhava de fato por trás do vidro do aquário, humanos que passavam como peixes. são deslocamentos, dissociações suaves. afinal, trabalhei nesses dias, falei com os outros, mas a sensação era intensa de falar por trás de uma máscara.

devo dizer que a culpa não foi de philip K. dick e seu how to build a universe that doesn´t fall apart two day later embora seja um texto maravilhosamente perturbador.

falando nele, certamente vale apontar para essa pérola: ele sim teve um breakdown ou uma epifania ou uma iluminação ou. nem ele sabia como interpretar o que aconteceu. os relatos são de que ele passou o resto da vida tentando. mas o que nos interessa é que crumb quadrinizou o evento. ou o relato do. just go and look a master in action.