quarta-feira, agosto 31, 2005

Audrey


Audrey
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twin peaks em imagens. fiz umas capturas de tela. wilbur tem razão. lynch é um pintor trabalhando em filmes. um crítico dizia isso em um dos extras: ele inventa histórias que caibam (mais ou menos) nas imagens que lhe ocorrem. é um processo ao contrário. talvez por isso funcione tanto. porque passa por cima do raciocínio dele mesmo.

cena ótima que o littleman from another place conta em um dos extras: que já na sala de edição, lynch, junto com a montadora olha para uma cena e diz: ah, vai ver que é isso que eu queria dizer.

The Bookhouse Boys


The Bookhouse Boys
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Shelly


Shelly
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welcome to twin peaks


welcome to twin peaks
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segunda-feira, agosto 29, 2005

chove em satolep. hoje escrevi num email: a chuva primeiro perturba, depois concentra.

chovia também onde passei o fim de semana: twin peaks. faziam muitos anos, quantos? 15? 20?

a cidade continua a mesma, cheia de maquinações, segredos, rosquinhas e a presença do mal pairando por sobre tudo, vagando pelas florestas. ninguém representa o mal como david lynch. seja uma sinaleira piscando sozinha na noite, um cigarro que é acendido, um passarinho em um galho... o desconforto está em tudo. não há onde se esconder.

nessas horas você vê como esses filmes de terror de dar pulo na cadeira são bobos. ou simplesmente terapêuticos. você leva uns sustos e se sente aliviado depois. em twin peaks não há alívio. há uma presença constante, há uma lembrança de como a humanidade pode ser perversa e uma insinuação de que nem tudo vem dos humanos, mas que formas mais amplas e não-personificadas de maldade existem. e interagem conosco.

ao mesmo tempo é muito engraçado, claro. o agente cooper é impagável, uma criança gênio, que tem todas as respostas e ao mesmo tempo uma capacidade de maravilhamento com as coisas mais simples que só uma criança tem. e usa métodos adivinhatórios do tibet para resolver o caso.

sei que apaguei a luz e custeeei a dormir.

sexta-feira, agosto 26, 2005

minha cabeça parece um vidro de compota chacoalhando. coisas de quem se perde pela noite. então isso é o máximo que articulo digitar. não esperem grandes insights de uma mente em ressaca profunda. hoje é dia e noite de detox.

terça-feira, agosto 23, 2005


charm
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so, to amuse and entertain my friends e dar razão à bitisa, mais um capítulo of my charmed life. esse pelo menos é engraçado. acho.

segunda-feira, agosto 22, 2005

charlie kaufman is a freaking genius. eu posso estar atrasado em chegar a essa conclusão, mas enfim. primeiro vi quero ser john malkovich, que é engraçado e quase brilhante, mas parecia mais uma esquisitice bacana do que qualquer outra coisa. aí vi adaptação. e disse uhhh. what a fucking script. e nesse final de semana, estreando (enfim também) a alegria de ter DVD em casa, vi eternal sunshine of the spotless mind. duplo uhhhhh.

no spoilers here. pra quem não viu ainda, melhor não saber nada. eu não tinha lido nem o resumo mais mínimo e foi infinitamente melhor assim. meu queixo foi caindo mais a cada momento.

francamente, só me ocorrem superlativos. é um dos filmes mais lindos que já vi. ok, lindo é cheesy, mas foda-se. é. fiquei o final de semana gravitando ao redor. vi o começo, vi o filme todo, vi mais pedaços... e fui enfiando mais o dedo na ferida. ahh.

do diário de joel: "why do I fall in love with every woman who shows me the least bit of attention?"

não sei, joel. não tenho idéia. juro.

sexta-feira, agosto 19, 2005

então pra consu ou pra quem quiser ouvir grande, grande música no final de semana, vitor assis brasil. nosso grande saxofonista. pra mim ele conseguia um negócio raro: fazer jazz legítimo que ao mesmo tempo tinha uma coisa da música brasileira muito forte. esse acervo é de um amigo de muito bom gosto, que disponibilizou tudo isso. pessoalmente eu acho que tudo vale a pena, mas na dúvida, baixe o disco chamado pedrinho. o nome é singelo, mas é um disco maravilhoso, com umas releituras de música brasileira reinventada como jazz e uns dois ou três standards. enjoy. bom findi a todos.

quarta-feira, agosto 17, 2005

coisas que estão na minha mente:

a vitrola vermelha de consuelo. nos últimos 10 minutos, quero dizer. mais como um exemplo de automatismo surrealista.

o filme perdido de jerry lewis. ok, esse é sério. fiquei um tanto obsecado. ontem, depois de ler a respeito, ver as fotos, fiquei com uma permanência incrível disso. aparentemente ele guarda os originais numa bolsa louis vuitton dentro do escritório dele. ah, e e ele tem uma fita de vídeo também, que mostra para poucos e bons. mas a reação aparentemente é sempre a mesma: algo deu terrivelmente errado com o projeto. algo de creepy nesse filme.

me fez lembrar o penúltimo livro do paul auster, The Book of Illusions, que é a história de um comediante do cinema mudo que se refugia em uma fazenda e faz filmes que ninguém vai jamais ver. very creepy.

sonhei de novo, pela quinta ou sexta vez com alguém que preferia não. geralmente meu processo de desintoxicação de uma pessoa é bem eficaz, mas essa em particular está dolorosamente presente. inferno.

terça-feira, agosto 16, 2005

Só pra somar ao assunto, uma das minhas fantasias é rever um monte de coisas. Rever bem, pegar uma caixa dessas coisas, ver em casa, com calma, re-rever, etc. jerry lewis já está em andamento, eu já tinha revisto recentemente o Professor Aloprado, que é sensacional. O próximo projeto é Bruce Lee, que é relativamente simples, porque a obra é curta, curtíssima. E estão vendendo os filmes em DVD nas bancas de jornal.

Outro, armazenado em minha mente é Trinity. Hoje olhando no IMDB descobri que:

Terence Hill chamava-se Mario Girotti, apesar de italiano cresceu na alemanha, tem hoje 66 anos (and damn, he´s still looking good), continua filmando e tem 80 filmes em sua folha corrida.

Lo chiamavano Trinità...
a infância nunca vai realmente embora, mas quando ela nos visita como adultos, o resultado é curioso, porque estamos os dois, adulto e criança olhando para o mesmo objeto e as visões se sobrepôem, criando uma espécie de 3D.

revi ontem O Terror das Mulheres, com Jerry Lewis. não tenho tempo aqui nem disposição pra organizar os tantos pensamentos que me ocorrem. não são poucos.

por um lado, jerry lewis está gravado em sua memória infanto-juvenil. por outra há o adulto que olha aquilo e vê tanta coisa. vê o comediante incrível que ele era, o domínio corporal, a sinfonia de tombos, desastres... as cores, incríveis. eu não lembrava que ele dirigiu alguns de seus filmes. esse em particular é uma tour de force, com um cenário único, montado como uma casa de bonecas gigantesca ou como um cenário de ópera, a casa sem a quarta parede.

de um lado então se ri, se olha com fascinação para aquela constelação de cores, para os vestidos coloridos das duzentas coadjuvantes de jerry subindo e descendo aquelas escadas vermelhas... ao mesmo tempo há algo de perturbador na idéia dele como um über-nerd que teme as mulheres patologicamente, se refugia em uma casa cheia de mulheres, onde ele pode viver virginalmente e se sente reconfortado com aquela dupla de dominatrix que controlam a casa: uma volumosa ex-cantora de ópera e aquela espécie de enfermeira nazista que está em tantos filmes dele. wow.

e nos extras você pode vê-lo ensaiando, como seu real self, confiante, agressivo, cheio de verve, energia e poder. é uma sobreposição inquietante. aquele homem que representava uma criança histérica visto como adulto, como criador...

eu lamento que isso não esteja fazendo muito sentido. é o tipo de coisa que teria que ser escrita com mais tempo, algum método, notas revisadas... mas eu não trabalho na Bravo. são
impressões, confusas como jerry lewis. vou pensar mais sobre isso e volto, acho.

jerry


jerry
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segunda-feira, agosto 15, 2005

ando pensando em fazer uma instalação para a Bienal: Objetos das Mulheres que Amei.

(Se bem que se fosse para a Bienal, tinha que ter um título tipo Memento: Memória e Relações Interpessoais no Contexto da Pós-Modernidade)

Não sou muito forte em fotos, mas tenho chinelos de uma, sutien de outra, livros de uma, brincos de várias... dava pra fazer um memorial.

Devia botar tudo fora, eu suponho, mas vai ficando, como camadas de pó sobre os móveis. Você abre uma gaveta e lá está: uma lembrança de coisas acontecidas. Às vezes traz um sorriso, às vezes um ranger de dentes. C´est la vie.
felizmente meus amigos são sofisticados o suficiente pra não achar que eu preciso de uma intervenção ou de uma overdose de prozac. :)

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by the way, benvindos. eu resmungo, resmungo, mas gosto do bar.

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vi melinda, melinda e não é por nada que amo woody allen há tantos anos. ninguém como ele para nos fazer rir de nossas misérias e nos lembrar que estamos todos na mesma. todo mundo fazendo merda nesse filme, tomando decisões erradas, se metendo com a mulher do próximo... delícia. e melinda, a real fucked up person,me espelha quando conta que, ao conhecer um estranho charmoso que mora na espanha, em dez minutos ela já está pensando: "do I see myself living in Barcelona?" :)

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Da série Grandes Trailers: mais uma tentativa de filmar o velho Bukowski. Agora é Factotum e o candidato é Matt Dillon! O que o tempo não faz com os humanos. O ex-candidato a James Dean está muito convincente, pelo menos no trailer. Gordo, pesado, barbudo, vermelho... e tem uma mulher cantando no trailer que te dói nos ossos. Se alguém souber quem é aquela voz desencarnada, por favor me avise. O trailer está disponível para download aqui. Bom pra quem gosta de mexer na ferida. :) Boa segunda-feira a todos.

sexta-feira, agosto 12, 2005

ok, pros poucos que seguiram as migalhas de pão e reencontraram o caminho até aqui, a história prometida. não sei se é a melhor, mas certamente é a coisa mais honesta que já fiz. tanto que começou como uma carta, real. aliás, não mudei o texto em nada. só três páginas, mas acredito que dizem bastante. aqui.

quinta-feira, agosto 11, 2005

encontrei no maravilhoso blog da alex de campi, roteirista de quadrinhos, essa observação, que vai exatamente de encontro ao que eu pensei, decidi e agi sobre:

You know, this thing I do, writing films and comics - I try to balance my own voice and brand of madness with the requisites of a commercially acceptable story, and then something like Swimini Purpose comes along and reminds me that there is no need whatsoever for balance and compromise. Not in comics, which in any case has always been a cult stepsister to the "proper" arts.

Foi exatamente o que fiz ontem, antes de ter lido isso: aboli a esquizofrenia de estar fazendo uma história que não tem nenhuma relação com o que estou passando. transformei minha miséria em quadrinhos e foi bom. não só como terapia, mas como resultado. you´ll see.

quarta-feira, agosto 10, 2005

do you ever feel dead? I feel. I can feel already dead sometimes, my body very heavy, my moves clumsy and difficult. a cloud around. or just plain very old. and tired. you feel your body, solid, but you can´t feel any energy. it´s a piece of flesh and bones without a spirit to animate it. it happens.

my chart says its a transit, a time of death and rebirth. last night I took a long hard look at my work and tried to make it new, to bring it closer to my heart. it makes no sense to go drawing funny stories when your heart its so heavy. its a matter of letting your heart goes to the page without it becoming just a confession, a whining. lets see if I can begin again.

terça-feira, agosto 09, 2005

uma das teorias diz que sonhar é um atividade completamente randômica, um defrag do cérebro. de maneira geral, estamos acostumados a que os sonhos sejam um sweet nonsense, algo engraçado pra se contar pra namorada de manhã. por isso ficamos sempre perturbados quando o sonho tem uma permanência, quando sonhamos com uma presença que não vai embora ou uma sensação que não se desfaz.

sonhei com o mal ontem. e foi bem perturbador. nesse caso, presença e sensação. um ser humano que irradiava maldade. executava também, mas a irradiação acho que era mais impressionante. você sabia que estava na presença do mal. e que estava fodido. not a nice thing to wake up with.

precisava escrever isso em algum lugar, então foi aqui.