quinta-feira, dezembro 30, 2004

bom, esse blog entra em recesso e volta em 2005. see you there, people. baccio a todos.
então eu já falei do momus, esse músico escocês que mora na alemanha, ama o japão e se veste como um elfo que tivesse tomado ácido. e que tem um blog muitíssimo bom, que leio quase sempre. como quase todos os humanos, no final do ano ele volta à terra natal. e, passando pela inglaterra, ele faz um relato tão brutal da situação lá. me pegou meio de surpresa, não era como eu, pobre-não-viajante via o país. gostaria bastante de saber o que consuelo tem a dizer sobre isso.

(curioso é que na seção de comments, apareceu um brasileiro desgarrado dizendo isso:

It's funny, but it sounds incredibly similar to the country where I was born, Brazil(or any other place in South America), despite the different economical and political situations of those countries. The nastiness, dirtiness, the 'everyone around you is dangerous' mentality, the 'breaking of the rules is the main rule' unwritten law. I don't know how marketing and the gap between rich and poor is going on these around those since I haven't been there in the last 5 years (when I was there, Brazil had one of the worst gaps between top and bottom classes in the world). Even though I was from one the 'richer', 'most European' parts of the country, I could not feel more uncomfortable and threatened there.


terça-feira, dezembro 28, 2004

Pra vocês não dizerem que eu não dei nada de natal, aqui está.

Todo mundo pergunta para os artistas: - Mas de onde vem as idéias?

Eu tenho a resposta.

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Da série Grandes Idéias: uma revista que dedica cada uma de suas edições a uma pessoa. Uma pessoa qualquer, comum, se isso existe. Fotos, entrevistas, matérias, todas as seções clássicas de uma revista, dedicadas a esse fulano ou fulana. Re-magazine.

Link roubado do grande Momus.

(Eu lembro de uma revista brasileira, acho que foi a TPM, que no lançamento fez umas minirevistinhas sobre algumas pessoas. Mas além da idéia ter sido surrupiada daqui, suponho, tinha um excesso de coolness nessas pessoas escolhidas que, a meu ver, comprometiam um pouco a idéia original.)
mas pra não perder o espírito de porco, vi um cartum muito bom: criança miserável na rua pede esmola pra papai noel. o velho batuta diz:
- você sabe a regra, rapazinho: criança que não come, não ganha presente.
então. aqui estou eu xingando o natal como sempre e na noite de 24/25 ganhei o melhor presente possível: um amor novo. papai noel, esse velho batuta, como diziam os ratos de porão, deve ter lido a ficha errada e acreditou que me comportei esse ano.

mas não estou reclamando. :)

quinta-feira, dezembro 23, 2004

eu sei, eu sei, o final de ano é uma época depressiva pra cacete. mas há esperança. quando se encontra alguém doente o suficiente para criar isso: o dia a dia do alien e predador.
no inferno é natal todos os dias.

terça-feira, dezembro 21, 2004

se você tem um cérebro e aprecia usá-lo, eu recomendo firmemente o site do músico imomus, o click opera.

segunda-feira, dezembro 20, 2004

então li o partículas elementares nesse final de semana. atomized, em inglês. é um livro sombrio, meus amigos. algo como o fracasso da experiência humana. e o que vem depois disso. não sei se recomendo a alguém, não. pelo menos não para ler no fim de semana.
Mister Adriano Moraes being held for public urination.

Ahhh, momentos incríveis da vida..

sexta-feira, dezembro 17, 2004

contradição é meu nome do meio. lendo um post de jorge, onde ele se descreve como um sujeito tranquilo, moderado, que não usa drogas e quase não bebe (tudo verdade) fico imediatamente meio exasperado. jorge é um tanto mais novo do que eu e tem um tipo de tranquilidade que pra mim ainda está longe no horizonte. parte de mim (uma paret bem pequena) admira essa tranquilidade yogue oriental. parte de mim acha que isso é uma fuga violentíssima da vida. que o caminho dos excessos, o palácio da sabedoria, etc.

voltando ao horizonte perdido, shangrilá tinha uma piscada de olho fenomenal pra isso. os monges viviam em um templo secular à beira de um vale. mas descendo o vale, eles chegavam numa cidade que tinha bares, bordéis... :)

acho que não vou estragar o livro pra ninguém contando que eles acharam uma forma de viver até os 160, 180 anos. então, digamos se você chegava em shangrilá aos 20 ou 30, eles aconselhavam uns 40 anos a mais pelo menos de pleno uso das facilidades da vila. para acalmar a carne. afinal você ia ter mais um século para se dedicar à vida da mente.

não temos esse prazo todo à nossa disposição. então, acho que tenho uma certa pressa de aproveitar meu tempo. :)
partículas elementares, de michel houellebecq, é um livraço. livraço. já tinha lido em português uns anos atrás, em uma tradução muito canhestra do juremir machado. como meu francês não vai além do bounjour mon amour, achei uma tradução em inglês agora onde deposito mais esperanças.
alguém me perguntou sobre o que é o livro. quando um livro é realmente importante é difícil responder essa pergunta. mas eu diria que é sobre dois assuntos importantíssimos no mundo: física quântica e sexo.
um climaço decadente de pós-revolução sexual, um cinismo que tomou conta do mundo. uma mistura de sacanagem com filosofia. o que é uma coisa tão francesa como baguette.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

por algum tempo eu vinha pensando que gabi era uma personagem, pronta para os quadrinhos. inclusive as fotos estavam lá como referência, tons of.

foi com algum desgosto que descobri que um par de americanos tiveram a mesma idéia. street angel é tudo que eu gostaria de ter feito para transformar gabi numa heroína de quadrinhos. está lá a atitude, os patins (no caso skate), o fator coolness...

too bad, mongabi. mas hey, ainda está em tempo de você tentar um processo contra eles. :)

terça-feira, dezembro 14, 2004

então não tinha lido nada do simenon até agora. estou lendo esse o fugitivo e é, como diz o clichê das resenhas, um vislumbre da mente criminosa bem impressionante. não por ser um vislumbre em um mundo alien, mas por mostrar que não é nada que eu, você ou o seu vizinho não possa fazer. saí de casa para o trabalho me sentindo incrivelmente culpado, como se o crime fosse meu ou como se todos soubessem o que minha mente criminosa tinha planejado.
ridículo, uh?
ah, sim e sonhei que era preso e era uma coisa incrivelmente dramática e filmesca. acho que ando lendo policiais demais.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

ok, mas se vocês acham que falta sordidez hoje nesse blog, que tal sexo explícito entre bonecos? é uma cena supostamente censurada de team america, o filme feito com bonecos pelos criadores de south park. enjoy.
outra muito boa do lama é que a missionária americana pergunta para ele o que fazem os lamas. eles responde:

-they meditate and look for wisdom.

- but that isn´t doing anything!

- then, madam, they do nothing.
felizmente, eu diria, não tenho nenhuma aventura para contar hoje. o final de semana foi tranquilo como pretendia e voltei à produção.

os livros salvam, sempre. na sexta feira passei num sebo e comprei meia dúzia. li uns dois e meio. um deles foi lost horizon, que tinha lido quando era garoto. e achei bem divertido. para quem não lembra é daonde veio o nome shangrila, aquela terra mítica de paz e tal. pois o lama de shangrila tinha um dito muito bom sobre essa coisa dos excessos (e o outro excesso que é o do asceta):

Nós praticamos aqui a moderação. Governamos nosso povo com rigor moderado e posso dizer que eles são moderadamente sóbrios, moderadamente castos e moderadamente honestos.

sexta-feira, dezembro 10, 2004

talvez eu precise casar, talvez eu precise jogar fora meu celular (e sonhei que fazia exatamente isso ontem). aliás, com tudo isso, os sonhos andam conturbadíssimos. maior climão david lynch com um toque de abel ferrara.

but watch me as I turn off my cell phone today and stay home.

quinta-feira, dezembro 09, 2004

eu pensava que o preta´s bar era o mais baixo que se podia descer, no estilo uma-parada-antes-do-inferno, mas o eggo´s consegue ser pior. embora infinitamente maior e mais, digamos, estruturado, o nível de sordidez é incomparável. nunca vi tanta gente feia, tanta música ruim, tantas más intenções no mesmo lugar. o ambiente é literalmente um calabouço, onde só faltam as correntes na parede ou uns legionários empurrando cristãos para a arena. as mulheres todas parecem profissionais, não pela beleza, (hahaha) mas pelo olhar fixo, reptiliano,a boca contorcida. não é nem luxúria. é uma forma menos viva de sexualidade que move aqueles corpos.

faz você se perguntar ( e eu também) que catzo eu fazia por ali. não sei. vou deixando a corrente da noite me levar e quando vejo estou em um lugar desses. vale lembrar que fica nos limites da civilização, saindo da cidade. ali pelas 5 da manhã fui resgatado por amigos que iam para o laranjal. então vimos o dia nascer com as ondas batendo, mas não havia nada de confortante na imagem. lembrei dos filmes de fellini, onde com frequência os personagens vão buscar alguma forma de absolvição na praia, uma epifania qualquer que não chega. me senti tão alien quanto no calabouço. é um mundo estranho.

segunda-feira, dezembro 06, 2004

então zé louco sozinho fez mais sucesso que todas as perversões juntas. ele nem imagina. :)

mas a diferença acho é de um post escrito por gosto e outro por encomenda. ficou como um catálogo e pouco convincente, uh?

além de jorge, que já conheceu um zé louco, já ouvi outros relatos. daí pra virar lenda urbana é um passo. a lenda do zé louco.
passei o fim de semana na companhia de uma loira de 17 anos que me deixou exausto.
o nome dela é joss stone e milhões de pessoas passaram o fim de semana com ela também. devem estar satisfeitos como eu, suponho. a garota é tudo o que o hype diz e muito mais. digo exausto porque é uma experiência exaustiva ouvi-la. experiência catártica, emocional, vibrante... não consigo imaginar baixar o som e fazer outras coisas enquanto ela canta. nem aquelas. o som tem que estar bombando e você tomado por essa voz absurda. soul, gospel, toda a música negra no corpo (sensacional) dessa loirinha americana. amen, joss. não podia recomendar mais.

(O segundo, é o que comprei, body, mind & soul. não consigo imaginar que o primeiro seja ruim, mas não posso jurar.)

sexta-feira, dezembro 03, 2004

bom, aparentemente meus leitores são bem versados nesses assuntos todos. comecei a série a pedido de jorge e ele não está impressionado. quer mais. more dirt! more details! eu tenho um certo receio que esse blog seja rebatizado como freak show, jorge.

além de tudo, hoje é sexta-feira. chega de falar de práticas sexuais degradantes e sórdidas. vamos ver se consigo realizar algumas. :)


Woody Allen: Não é verdade que sexo seja uma coisa suja e sórdida. só quando é bem feito.

eu vinha no caminho pra cá pensando em um fetiche bem mais popular que é o dos uniformes. esse não é difícil de entender ou simpatizar, não? o que eu entendo disso é que se trata de colocarmos sexo onde ele não está, nãodeveria estar. o que, convenhamos, é um impulso vital e e rebelde. mais ou menos o mesmo do sexo feito em lugares públicos. mas há variações, há temas diferentes sobrepostos. as enfermeiras, por exemplo me parecem um tanto regressivo. no sentido de ser cuidado, de voltar a ser criança. ( e sexualidade regressiva no brasil daria um post gigantesco, parece permear todo nosso imaginário.) já a colegial é o contrário, é uma pedofilia teatralizada, é uma adulta travestida de criança. os uniformes militares e policiais andam fazendo bastante sucesso entre as mulheres, aparentemente. os amigos no exterior talvez não saibam, mas andou havendo um frenesi com bombeiros por aqui. na vida pública de celebridades, na novela... existe um componente de risco aí, eu suponho, de trasngressão, de ter tesão por quem você deveria temer ou ter respeito. mas enfim. no fundo estamos sempre fantasiados disso ou daquilo.

eu tenho uma bronca em geral com regressão, com adultos que se comportam como criança e nada vai tão longe nisso como os abes. o que são abes? adult babies. criaturas cuja fantasia é estar de fraldas, num berço (enorme, eu suponho) e ser cuidado por uma enfermeira. vou pular os detalhes, acho. aliás eu acho que vou passar mal ali no banheiro e já volto. ugh.
alguém escreveu ( e eu mataria por essa descrição) que o trabalho eletrônico do Everything but The Girl era música "para dançar com lágrimas nos olhos". Ahh. Enfim. mas a questão aqui é: o pop pode ser incrivelmente sofisticado. corrigi essa semana um erro histórico de minha parte quando, num sebo comprei um vinil dos pet shop boys, por conta de uma música que me agradava. o álbum é o behaviour, aquele com as quatro fotos pequeninhas na capa. a música estava lá, mas dio, muito mais também. é como se fosse um mcdonald´s feito por um chef francês. de longe você vê aquele produto pop perfeito, mas de perto...

a música que eu buscava era being boring, também um dos clips que mais amava na mtv, uma cena felliniana interminável de excessos, a fascinação adolescente de alguém que se vê em um mundo adulto, perverso e maravilhoso. rodado em película, em preto e branco em uma casa que é só luxúria e decadência, reencena uma festa sem fim, com pessoas andando de patins pelos corredores, casais na banheira, gente linda e louca. e a música é um coming at terms dele com sua figura adolescente... / When you?re young you find inspiration In anyone who?s ever gone/We had too much time to find for ourselves/And we were never being boring

Now I sit with different faces/ In rented rooms and foreign places / All the people I was kissing / Some are here and some are missing.../ eu poderia colocar a letra toda aqui, mas mas você pode ler aqui. no momento estou mais encantado com october simphony, que começa eletrônica pop e irrestistível e vais aospoucos adicionando maldades tão sutis...primeiro é a guitarra de johnny marr, que vem em intervalos, como que de longe...depois um vocal black..quando o quarteto de cordas entra é de um estranhamento e uma beleza... no final ele volta, quando o maquinário eletrônico vai diminuindo e parando as cordas ficam ali, ocupando o espaço, falando de uma festa que acabou.

beautiful.

quinta-feira, dezembro 02, 2004

eram 5 da manhã no preta´s bar e meu amigo gay estava dançando com um caminhoneiro chamado zé louco.
que tal isso para um começo? (eu também gostei.) minha acompanhante era uma amiga dele, que gostava de garotas, oh vida. uma coisa sussurrante e insinuante, que parecia deslizar quando andava. se comportava um pouco como uma princesa russa, levemente entediada, mas cheia de finesse e simpatia. mulheres. como uma garota pode ter esse savoir faire com vinte e poucos anos? algumas horas antes eu tinha descoberto que minha ex namorava agora o maior traficante da cidade, que me foi apresentado e se revelou uma criatura perfeitamente tranquila, que só tomava água.

zé louco tinha se juntado à nossa troupe umas duas horas atrás, em outra zona que fomos (noite longa) e parecia encantado com a situação. éramos 4 ou 5 perdidos numa noite suja, literalmente, mas bastante felizes.
um post encomendado sobre perversões, então? porquois pas?

por onde começar, se pergunta jack. se entendo bem o que freud quis dizer, perversões são práticas que substituem o ato sexual, em vez de se somar à ele. mas não vamos ser assim tão científicos.

jorge estava falando das dominatrix. como qualquer um desses ramos, comporta um sem fim de variações. existe uma linha mais clássica, digamos, que depende um pouco da mise en scene, da roupa de couro, do chicote.. mas isso não é uma regra. existe todo um movimento que se chama femdom, female domination, que é uma coisa mais complexa, menos teatral e mais vivida, digamos. é o tipo de de coisa que se desenvolve muito em casamentos. ao contrário de uma dominatrix, que geralmente é visitada esporadicamente e paga por sua performance, o sub busca uma mulher dominadora para relacionamento longo. porque a idéia é que essa dominação se estenda a todos os aspectos da sua vida. ele pode usar um cinto de castidade, por exemplo, artigo muito popular entre esses casais. a idéia é que ele a sirva oralmente todos os dias, use um consolo nela se assim solicitado e eventualmente assista ela receber um convidado que o substitua nas funções conjugais. uma vez por semana (ou uma por mês ou ou ou...) ela tira o cinto e permite algum alívio para seu exultante sub. geralmente isso é feito de forma ritualística. o fulano é algemado (para não sofrer a tentação de não pôr o cinto de novo) e aí os métodos variam. mas raramente envolvem penetração. a dele sim, em alguns casos. é tudo uma questão de níveis. alguns casais levam isso mais como um jogo, outros como um modo de vida. várias subescolas aqui também. em algumas o homem é transformado em uma mulher, com vestido, peruca, depilação, etc.

em defesa dessas criaturas, frente o olhar horrorizado dos meu leitores, eu acho que eles são violentamente felizes. você pode pensar que a vida dele é só privação, mas veja bem: ele está vivendo em tempo integral sua fantasia mais profunda. não é pouco e não se pode dizer isso de muitos de nós. se a curiosidade existir, esse aqui é um site bem interessante. além de mostrar fotos dos modelos mais populares dos cintos, tem um estoque interminável de ficção do gênero.

obviamente isso é a introdução da introdução da introdução de um só tópico, mas não posso passar o dia falando sacanagem com vocês, posso? :)

volto ao tema.