quarta-feira, junho 09, 2004

o post abaixo rendia mais uns dois com essa relação doença-criação. os exemplos abundam. salinger, que buscava a perfeição absoluta no texto, já se sabe como vivia: como um ermitão completo. uma das poucas que morou com ele descrevia a aridez dessa vida, desesperadora para ela. exemplo de almoço: ervilhas. comidas em silêncio e lá ia ele de volta para o estúdio.

lourenço mutarelli, talvez o maior quadrinista brasileiro, é um quadro clínico completo. tem síndrome de pânico, medo do mundo, paixão por remédios... a lista é longa.

daniel clowes, o maior quadrinista alternativo americano. uma entrevista cruel na new yorker descrevia o dia a dia dele. a entrevistadora dizia que quadrinistas quando saem de casa parecem idosos saindo de uma internação no hospital. que ele se vestia como uma americano dos anos 50, etc.

enfim. raros são os picassos, que conseguiram gerar uma obra monumental e ao mesmo tempo estar tremendamente vivos. mas é um equilíbrio para se ter em mente. um equilíbrio delicado. para mim, o trabalho na prancheta me valida, me energiza, me faz sentir um ser humano. mas é preciso também ser humano, estar vivo, amar, ser hedonista aqui e ali. assim andamos sobre essa corda de equilibrista.

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