terça-feira, abril 12, 2005

foi uma boa noite. eu estava lendo mais um conto do livro de william gibson (wonderful, wonderful) quando o espaço entre uma linha e outra foi ficando maior e maior, como em cidadão kane. não era exatamente a realidade que se distendia, em algum realismofantásticogibsoniano. era o espaço da elucubração que crescia. entre uma linha e outra iam me ocorrendo cada vez mais coisas até eu me dar conta que estava lendo (ou escrevendo) outra história.

tive que deitar e olhar pro teto longamente enquanto a história se escrevia em minha cabeça. depois sentar e escrever um roteiro, que me agradou muito. tem quase nada do conto de william gibson, mas nasceu entre uma linha e outra. essas coisas.

( a cena de cidadão kane, caso você não lembre, é um prodígio de técnica: a câmera está na rua, se dirige à janela da biblioteca onde ele lê, passa silenciosamente pelo vidro, chega até ele, debruça-se sobre o livro, foca a página, o texto, um parágrafo, duas linhas, até sumir no espaço branco entre elas e emergir em um campo branco de neve. wow. pois é. )

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