a garçonete vive. ontem mesmo escrevi o roteiro e fui meio siderado pra casa, vendo as cenas. era só uma gag, mas na hora cresceu. aliás, essa é a beleza da coisa. lendo a biografia de fellini, me encantou muito ver como ele trabalhava. uma mistura de preparação com improvisação. fica mais claro pra mim com o tempo de que o roteiro é o que o nome diz. uma rota. mas às vezes o melhor da viagem tá naquela estradinha ali. onde ela vai dar?
nos primeiros desenhos aproximatórios, que eram só pra definir a garçonete, ela já saiu falando feito uma louca. eu só tentando acompanhar. leitores talvez achem incrivelmente mistificatório esse papo de criador, que o personagem fala, se escreve, se rebela. well, das duas uma: ou estamos todos full of shit ou gostamos muito de nos enganar. porque é o que acontece. really. e é a graça toda, folks. se eu tenho tudo resolvido, tudo pré-determinado, eu realmente vejo pouca graça de continuar. então, aos poucos, achando uma outra forma de trabalhar, que é parte preparada, parte sabe-se lá o que acontece.
a garçonete ficou menos caricata, a piada ganhou carne. na minha cabeça, eu vi um outro perfil. alguém que tinha uma mente apropriada para esse tipo de leitura e estudo, mas as coisas não aconteceram assim. ela descobriu essas coisas tardiamente. e sofre, digamos, de uma certa dissociação. uma inadequação, um não-saber o que é razoável. ela lê e ouve essas coisas com grande intensidade e lhe parecem normais.
enfim. esperem, folks.
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