sexta-feira, abril 28, 2006

e para combater as tentações do fim de semana, nada como esse edificante vídeo da associação por uma juventude sem mácula. amo a lauraaaaaa....

quinta-feira, abril 27, 2006

cena no bar: um idiota de gravata (do tipo que usa celular no cinto) com uma barriga meio obscena, se pavoneia com uma mulher mais velha. não é exatamente o objeto de desejo dele, que teria a metade da idade dela. parece uma colega. da firrrma. ele tenta explicar a idéia que teve para um portal. aham. lá pelas tantas, ele lembra de mencionar que eles teriam que contratar um uébi... uébi... "designer", completa a mulher. "Isso", diz ele. Ela all business e dizendo mentalmente, como todo herói de filme de ação: "Estou velha demais pra essa merda."

quarta-feira, abril 26, 2006

"Hoje a situação está ruim até para a gente de bem. Imagine para as pessoas humildes." - Deputado Delegado Cavalcante (PSDB)


lendo essa frase arrepiante no blog de aninha, acabei comentando lá e repetindo uma coisa que tenho dito e que quero desenvolver aqui: como o rio tem essa particularidade de misturar todas as classes sociais, você convive com todas as partes da pirâmide. e só tem aumentado minha admiração por quem está na base.

não é demagogia. eu simplesmente não tinha pensado muito nisso antes. no sul, se você é classe média, basicamente você convive com a classe média. aqui, no mesmo ônibus ou supermercado ou praia ou calçada, está o cara que mora na rocinha, o médio-executivo e a madame. no caminho para a casa na montanha, onde estou cercado por pessoas mais próximas do topo da pirâmide do que da base, passo sempre pelo meio de uns bairros de subúrbio. e a diferença é flagrante: as pessoas estão na rua, conversando, rindo, convivendo de fato. no condomínio, se alguém te der oi, você se espanta. se você bater na porta dela pedindo o mínimo favor, ela vai te olhar com um horror indisfarçável e um desprezo profundo: como é que você quebrou o códido não-escrito da inviolabilidade do lar?

na rua, no mercado, você vê: as pessoas mais simples (pra usar esse eufemismo horrível) são simpáticas com todo mundo. sorriem, brincam. estão indo para trabalhos duros e casas mínimas, mas estão de bem com a vida. as "de bem" só tem simpatia pelo seu mundinho. (se simpatia é a palavra certa. é mais um interesse reprodutivo darwiniano.) e as mulheres são as piores. essas pessoas que você vê escancarando os dentes nas páginas de caras andam pela cidade com uma máscara dolorosa, um rictus no rosto, uma espécie de contração ao redor dos lábios. não é só uma ausência de sorriso, mas é realmente uma dureza no rosto apavorante.

não vou dizer que eu queria morar na favela, mas realmente queria morar num lugar onde haja um pouco disso: alegria, confraternização, solidariedade, empatia, convívio. deus me livre de nossas elites. brrrr.

terça-feira, abril 25, 2006

na hora do almoço, dez minutos de ulisses

nenhum outro jeito a não ser esse, enrolando devagar o resultado. as sementes na mão, o crunch crunch de quando se mastiga, ritmado ao caminhar. pessoas por todos os cantos do seu campo de visão. a ausência de desejo, impressionante. só na banca, claro, com as mulheres impossíveis. um seio se projeta em uma arquitetura inacreditável. se ela se curvar o mundo gira. minha cabeça gira olhando para aquele eixo. me dê uma alavanca e moverei o mundo. eu tenho a alavanca, está bem aqui, penso em dizer. mas da banca, impressa, ela não me ouve. a outra é distraída, a próxima nem pagando, aquela quem sabe, aquela muito jovem, aquela hmmm. arquivo X, segunda temporada. revistas com abdômens perfeitos perguntando se você é bom de cama. sol. sombra. cheiro de comida. supermercado. super, no sul. mercado, aqui. a rua, essa constante de carros em flecha sobre o asfalto. uma fonte no meio do caminho, você quer ser um menino de rua para pular nela. ali compro filmes, ali gasto bebendo, aqui pego meu dinheiro e nessa sombra descanso. no parque lage a sombra é sólida, úmida, sussurrante. os ônibus passam aqui e queria estar do outro lado do muro, ouvindo o mofo do parque. eventualmente você tem que ir trabalhar, mas até lá dá pra escrever um pedacinho de ulisses.
notas esparsas em um tempo escasso:
conheci uma baixa copacabana no feriado e talvez o melhor sebo da minha vida, o baratos da ribeiro. basicamente eu queria comprar tudo que tinha ali dentro. revoltante. comprei um livro bem interessante chamado the hungry years, que é e não é sobre comida, é e não é sobre dieta e é e não é sobre o sentido da vida. o autor é um jornalista que não tem nada de auto ajuda, na verdade escreve brutalmente bem e não quer ajudar nem a ele. os relatos de obsessão dele vão da comida à heroína, então, you get the idea. mas no meio disso tem um debate grande sobre a dieta atkins, o que fez com que eu esteja no meu segundo dia sem carbohidratos. a teoria é: carbs make you hungry. você come pão ou massa e te dá fome. (seu açúcar sobe, logo desaba, logo você quer mais) logo, você come mais. como eu vivo com fome e como muito pão e muita massa, estou fazendo uma experiência. a ver o que acontece. se perder uns quilos também não vou reclamar.

ainda sobre baixa copacabana: mulheres só as profissionais. e feias como o pecado, como diziam no passado. quer dizer, hoje em dia o pecado é bem mais ajeitadinho, mas aquelas ali são do tempo que o pecado era feio mesmo. aliás, mulheres, no rio.... oh boy. nessas horas me dá saudade do sul. sinto falta de torcer o pescoço olhando para alguém que você não podia deixar de olhar, sabe como é? sinto falta também de outras coisas, mas melhor deixar assim.

quarta-feira, abril 19, 2006

alguém já viu? tenho trailer em um dvd e é um daqueles trailers que é uma alegria em si só: já vi muitas vezes. uplifting é a palavra. fico de bom humor a cada vez. parece um daqueles filmes maravilhosos sobre nada em particular. e nicolas cage não é exatamente um ator: é uma personalidade. alguém que você gosta de ver na tela, fazendo qualquer coisa. faz você pensar sobre isso. o cinema está cheio disso: pessoas que você está pagando para que elas existam.

segunda-feira, abril 17, 2006

então no feriado andei por toda santa teresa. meus joelhos sentiram, mas a alma agradeceu. não consigo imaginar um bairro que possa me encantar mais ou que ganhe na categoria charme. não no brasil, pelo menos. os franceses que moram aqui falam que lembra montmartre. e, claro, ninguém bate a frança em charme.

na hipótese remota que algum dos meus viajados leitores não conheça, santa teresa é um desses redutos de linda decadência, um ponto antes endinheirado, posteriormente favelizado ao redor e subsequentemente desvalorizado e invadido por artistas. alguns diriam hippies. bom, tem dos dois. mas o certo é que é de uma beleza absurda. os desníveis do solo, as ladeiras extremas criam uma impressão estranhíssima de que aqueles prédios rebuscados e semi-castelos se projetam no ar, para cima e para baixo ao mesmo tempo. aliás, em cima e em baixo são altamente relativos ali. meio difícil de explicar, mas maravilhoso de ver. subi todo o bairro, cruzamos uma procissão católica, vimos uma baiana vendendo acarajé, uma velhinha tocando choro, uma quantidade absurda de turistas bebendo nos bares podres de charme e por fim um hotel que era praticamente uma fortaleza medieval. aqueles muros gigantescos de pedra, as alturas, as escadas e a vista impressionante do final de tarde, os morros majestosos e as luzes da favela se acendendo aos poucos. eu me mudaria para ali hoje, agora, mas ainda não foi dessa vez.

terça-feira, abril 11, 2006

a simple plan não é nada simples. é o que acontece quando a pior natureza do homem vem à tona. talvez seja a única e o resto seja perfumaria. ou simplesmente o que surge quando os básicos estão envolvidos - sobrevivência, procriação, prosperidade. é fácil ser civilizado na fila do teatro.

mas sam raimi, que nos acostumamos a ter como um nerd inofensivo, mostra esse lado negro, ou simplesmente básico em todo seu esplendor-horror. agiríamos diferente? no lo sé. com alguns milhões de dólares entre nós, o homem das cavernas retorna.

sexta-feira, abril 07, 2006

tem umas coisinhas novas no flickr. meu carnet du voyage.

quinta-feira, abril 06, 2006

Aliás, por falar em celebrity, eu sou completamente cúmplice da estupidificação midiática que nos assola. Eu adoro bobagem. E das bobagens da televisão, uma que eu adoro acima de todas é American Idol. Acho que Simon é uma das criaturas pop mais engraçadas com sua virulência fleumática, sua maldade blasé implacável e acho que ele está certíssimo com frequência. Ontem vi a estréia de Ídolo, no SBT e acho que vai ser igualmente hilário. Apesar dos dois apresentadores revoltantemente estúpidos, os jurados são ótimos. Se não fosse por mais nada, já valia ver Carlos Eduardo Miranda falar com aquele portoalegrês impagável: "Velhiiiinho, tu pode agradar essas fãs de subpagode, mas tá muito ruim. Deixa de ser careta, veeelho." Aliás, é uma festa de sotaques. A jurada nordestina, além de ser cute as hell, é um primor: "Flor, cê não canta, né?"

Hoje, 10:15 tem mais e vale ver a humanidade se submeter ao ridículo de novo e, quem sabe, alguém que canta de verdade aparecer no meio daquele circo.
celebrity spotting

já tinha visto uns atorzinhos por aí. mas hoje tomei o café da manhã no balcão da padaria ao lado de jards macalé. esse é um cara que vale a pena ser visto. e não incomodado, por supuesto. só ouvir aquela voz cavernosa fazendo piadas com a moça do caixa. graaaande macalé.

terça-feira, abril 04, 2006

o ônibus errado de novo. damn. desci na frente da rocinha. tranquilo. como diz o popular na entrevista, na favela tem mais trabalhador do que bandido. o problema é outro. e não dei dez passos, pá: polícia. fazendo o quê aqui? vem de onde? vai pra onde? faz o quê? deixa eu ver sua bolsa. tem flagrante? tinha nada. e dei sorte, muita sorte. não só por não ter nada, mas por ter pego uma dupla tranquila. o joelho deu aquela baqueada discreta, mas fora isso e uma inspeção minuciosa da minha bolsa (comentário dele: pô, mas você fuma pra caralho, uh?), fui liberado. primeiro atraque da minha vida, acreditem. acho que sempre tive cara de bom moço. mas cabeludo, razoavelmente bem vestido, na frente da rocinha, ia estar fazendo o quê?

o pior é o momento da inevitabilidade, tão bem descrito no cinema. você está andando e vê eles chegando. por um momento pode não ser com você, mas daí é. e depois que começa, claro, você nunca sabe como vai acabar. lição aprendida: não erre o ônibus, mané!

segunda-feira, abril 03, 2006

tanto vegetarianos quanto carnívoros devem achar isso o conceito mais nojento já pensado.
chove no rio. as pessoas apressam o passo, o dia fecha, eu prolongo o almoço e fumo mais um pouco. sanduíche de pernil com abacaxi é um achado. o pernil quente, o abacaxi gelado...os sucos que se misturam... e a cidade de repente cinzenta. subi santa teresa no sábado e vaguei pelo centro no domingo. desenhei muito os prédios antigos. dia desses ponho no ar. nada mais complicado que isso. enquanto mudo de casa como de roupa, não dá pra começar nada. mesmo na festa, olhava tudo de longe. minha vida aqui é só uma preview ainda. mas o filme vai ser bom.

ah, sim, a notícia da década: voltou a coca-cola da garrafa clássica aos supermercados. se tem um objeto de design mais bonito que aquele, não sei.