quarta-feira, janeiro 19, 2005

confound it, archie!

esse é o xingamento favorito de nero wolfe, o detetive gênio, obeso, agorafóbico, misógino, glutão, amante das orquídeas e dos livros. já falei dele aqui antes, me parece. mas as paixões só crescem. ou dizendo melhor, as paixões morrem, mas acho que nero wolfe é um relacionamento que vou ter pra vida. já decidi como um dos meus planos de longo prazo conseguir todos os livros dele. são 73, mind you. mas é como um gigantesco e maravilhoso álbum de figurinhas, que se vai juntando ao longo de uma existência.

(claro, se eu fosse comprar em português e se estivessem todos disponíveis não seria lá grande projeto, mas comprando como eu compro, em sebos e no original, é quase como a coleção de orquídeas de nero.)

o primeiro comprei no escuro, sem ter idéia. love at first sight. é terrivelmente bem escrito, diabolicamente engraçado e envergonhadamente terno. estou no sétimo ou oitavo e acho que já me sinto autorizado a dizer que rex stout, o criador da série, nunca escreveu uma página ruim.

rex stout é, em si, uma figura rara. filho de quakers, criado na zona rural, foi reconhecido como gênio matemático muito cedo. tentou várias profissões, mas ali pelo 30, se entendo bem a biografia dele, criou um sistema bancário que foi aplicado em 400 cidades americanas e o tornou bem, digamos, rico. então ali pelos anos 20 ele fez o que todo autor americano que se prezava faria: foi pra paris, escrever ficção "séria". a biografia oficial diz que esses primeiros três livros foram recebidos com críticas favoráveis, o que não quer dizer muito, quase nada. (mas muito me interssaria ler esses primeiros.)

mas em 1934 estréia o primeiro romance de nero wolfe e o resto, como diz o clichê, é história. daí até os anos 70 saíram os tais 72 livros. um foi achado depois da morte dele. dá quase dois por ano. um absurdo.

nero wolfe nunca sai de casa. nunca. como ele resolve os casos? além de sua mente privilegiada, ele tem archie goodwin, o legman, o homem que conhece as ruas, as mulheres, os policiais e faz todo o trabalho sujo. e é nosso narrador. tudo se ouve pela voz dele, que é uma mistura maravilhosa de cinismo, humor seco e uma admiração velada por wolfe, porque como ele mesmo diz, "afinal ele é um gênio e eu não."

já me estendi além do bom senso e da paciência dos amigos. que posso dizer mais? nero wolfe is the man.

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