terça-feira, março 12, 2002

A mania, que pode ser catalogada como patologia-compulsão, de achar que há a coisa certa para fazer a cada momento.
Sair para almoçar sem saber onde, andando em linha reta indefinidamente, naquele estado de espírito vagamente distraído, de onde geralmente saem as boas coisas.
(Um gigantesco parênteses podia ser aberto aqui, claro, sobre a ingenuidade desse pensamento, do nosso estado de espírito influenciar a realidade de fato. Eu sei, eu sei, os defensores. Enfim.)
Almoço por fim no clássico chinês duvidoso, aquela banalização cruel da comida oriental - ou aquela comida sem nenhuma qualidade, amparada pela vaga franquia étnica.
A decoração dolorosa no olhar.E no entanto, parecia certo. Por quê?

Aftertoughts:

* A comida, triste e degradada, como era de se esperar. No entanto, misteriosamente senti alguma satisfação comendo meu macarrão.
Por um segundo, pude fantasiar que eu era um chinês comendo comida ruim na china. Just your everyday noddles.

** Casais improváveis no restaurante. Ou altamente prováveis, no tipo de falta de fluência e intimidade que eles demonstravam.
Um desconforto familiar. Acostumados a se entediar juntos. Por algum motivo eles preferem isso qualquer dia a a uma solidão decente.

*** O tipo de lugar onde até as frutas parecem tristes.

**** Depois tomei café em um lugar com pretensões e Pepe Legal voava no Cartoon Network, o que interpretei como bom sinal. Aquelas linhas
tão cuidadosamente traçadas e aquelas nuvenzinhas fakes se movendo no fundo tinham um efeito reconfortante. O mundo salvo pelos cartoons.
Talvez só sobrem eles no final. VIsão apocalíptica: uma tv em uma locadora passando cartoons em tempo integral em uma cidade vazia de habitantes.
Mas eles não sabem, e continuam perpetrando suas gags indefinidamente, enquando houver luz elétrica e cabo. Não é confortante?

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