quinta-feira, junho 30, 2005

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Originally uploaded by Odyr.

não é por nada que só faço histórias curtas. tenho uma tendência a me cansar de tudo rapidinho. esse blog, por exemplo. já fechei o bar umas duas vezes e estou tentado a fechar de novo. minha coluna no jornal estou prestes a matar. a verdade é que preciso ter bons motivos pra fazer qualquer coisa. então, um blog, uma coluna, se mantém por que motivo? até achar bosn motivos de novo, periga eu sumir daqui. até prova em contrário.

sexta-feira, junho 24, 2005

essa deve ser a semana queria-morar-nos-estados-unidos. ok, tem 200 bons motivos para não morar lá. mas essa foto do kevin me deixou abalado. eu entraria nesse lugar e talvez não saísse nunca mais. the paperback palace.

terça-feira, junho 21, 2005

uma certa tristeza se apodera de mim quando leio coisas assim. estou no país errado. nos estados unidos, os quadrinhos seguiram um longo caminho. desde o tempo dos "funnies", as tiras cômicas dos jornais, passando pelo reino dos super heróis, pelos quadrinhos alternativos, até chegar ao mundo das graphic novels. os quadrinhos encontraram uma espécie de maturidade por lá. agora, ainda um outro movimento de consolidação acontece: grandes editoras, sem tradição em quadrinhos, então entrando no jogo. contratando quadrinistas, colocando graphic novels em livrarias e catálogos. essa matéria descreve bem esse momento e é um grande momento, de fato. não posso deixar de me entristecer por saber que aqui paramos mais ou menos na primeira fase. para a absoluta maioria da população, os quadrinhos ainda são aquelas coisinhas publicadas no jornal, cada vez em menor número, cada vez menores. so sad.
conselho antigo de neil gaiman para quadrinistas (e criadores em geral): trust your obsessions. você não precisa procurar temas. teus temas te acham. ou dizendo de outra forma: você não pode fugir deles.

de maneira geral, acho a parte da pesquisa muito chata. mas dessa vez está sendo um prazer. miles davis vai estrelar minha próxima história e é com prazer que estou somando conhecimentos aos que já tinha sobre ele. devagar, lendo textos, deixando ficar o que fica. lendo com uma peneira. cada vez mais acredito nesse aproach. quando a história me veio, não me dei nem ao trabalho de escrever. acabo mudando tudo mesmo. então vou montando as cenas em minha cabeça, vou deixando que a história se faça. é um processo interessante. castelos de areia.

quinta-feira, junho 16, 2005

esse nome absurdo que carrego sempre me deixou curioso. de onde catzo saiu isso? claro, saiu de meu avô, de quem o herdei. mas daonde os pais dele tiraram isso? o que beberam?

pesquisas nesses sites de nomes não encontraram nada. nem nas línguas mais bizarras. eu tinha uma suspeita nórdica, porque cada vez que digitava odyr no google, coisas estranhas apareciam. de fato, uma pesquisa de imagens no google mostrava as coisas mais disparatadas. algumas coisas associadas a turismo. eu pensei: hmm, não seria irônico ter meu nome associado a viagens?

depois de alguma pesquisa, mais ou menos cheguei à conclusão de que era uma palavra da islândia. a escrita correta é Ódýr .achei um dicionário online islandês-inglês. enfim, o significado, o sentido do meu nome! um motto, uma inspiração.

pois eis o que meu nome significa: cheap.

quarta-feira, junho 15, 2005

people are just plain crazy. fazia dias que eu não ia até o zombie tom para minha dose diária de brains, quando ele aponta para isso. deus, people are crazy. a quantidade de trabalho necessária para fazer uma bobagem dessas é algo que me impressiona.

terça-feira, junho 14, 2005

então agora com comments, que voltaram como um gato de rua vagabundo.

já que o jorge também voltou, deixa eu contar, que ele ficava me repetindo, como um mantra: fantagraphics, fantagraphics... bom, tá lá, jorge. graças ao esforço do wilbur, que pegou um stand numa convenção americana, a mocca, uma amostra do meu trabalho foi distribuída para alguns editores que faziam sentido com o perfil. faço questão de manter minhas expectativas violentamente baixas, porque não sou um iludido, sei que existem 200 artistas novos aparecendo todo dia. mas é bacana saber que o trabalho está lá. é um começo. e também me deu graça de montar uma amostra impressa. as falhas aparecem muito mais e você sofre como um cão, mas vale a pena.

(depois, lendo o relato que heidi faz do festival, mais uma frase, um motivo for sobering: As many people pointed out, the entrance level for new cartoonists is now so high that an excellence of craft is already assumed. )


terminando uma história longa e trabalhosa, que espero mostrar em breve aos amigos. e hoje acordei com a próxima, literalmente. sonhei ontem com o próximo personagem. é o tipo de coisa que me acontece. aí você vê, jorge, a utilidade de se lembrar dos sonhos. :)

quinta-feira, junho 09, 2005

sempre procurando inimigos novos, minha coluna amanhã vai ser uma carta de amor aos vegetarianos.

o arroz integral é seu amigo (não meu)


Quando eu era lamentavelmente jovem, entediei minha família com uma tentativa de dieta macrobiótica, o que hoje me parece uma forma moderada de loucura, sendo um sistema que tem como objetivo viver feliz comendo só arroz integral. Depois fui um vegetariano inconstante e hoje sou um onívoro feliz. Sobre a macrobiótica, basta lembrar uma tirada ótima de Tom Zé: se você está doente, ela pode lhe deixar saudável. E vice-versa.

Mas como todo mundo, depois de um final de semana de excessos, parece razoável limpar um pouco o sistema. Fui a um vegetariano. Não vou nem entrar no fato deles já serem baratos o sufiente para não precisar ser a quilo, mas enfim.

Consegui passar pelas saladas. Afinal, sou amigo das folhas, com um pouco de azeite se está bem. Mas quando voltei para me encontrar com um prato quente, honestamente meus sentidos preliminares, visão e olfato, me avisaram o suficiente que o paladar não encontraria nada ali. Uma tristeza de se ver. Paguei minha salada e continuei meu almoço em outro lugar. Não foi a primeira vez.

Jeffrey Steingarten, que escreveu o sensacional O Homem que Comeu de Tudo, definiu bem esse drama: as pessoas esquecem que para fazer uma salada (e comida vegetariana em geral) se precisa mais arte. Não menos. Um peixe, por exemplo, se faz quase sozinho. Mas para transformar folhas e legumes em algo atraente um pouco de esforço se faz necessário. Imaginação. Alguma maldade. Mas há uma mortificação nos vegetarianos. Uma culpa cristã, uma condenação do prazer. Não basta ser saudável?

Uma dieta exclusiva de pasto é o suficiente para bovinos. Ou de carne crua para felinos. Animais não conhecem o tédio. Mas uma da coisas que nos faz humanos é nosso desejo de variedade. Uma certa perversão dos alimentos. A busca por especiarias fez os homens atravessarem oceanos desconhecidos.

São característica compartilhadas por vegetarianos em várias cidades, mas aqui, o Tao oferece um cenário mais simpático. Ao chegar, a visão de um cardápio na mesa já oferece consolo. É sempre um sinal de civilização, de que escolhas lhe são oferecidas.

Possivelmente condenado pelo cânone, por oferecer peixe e frango, o lugar comete outros pecados, como ostentar temperos na mesa. Se pode fazer uma refeição leve, barata e saborosa.
Há vida além do arroz integral.

quarta-feira, junho 08, 2005

isso deve ser a coisa mais politicamente incorreta que já vi, mas é brutalmente engraçado. conheça o mundo sem sair de casa com foreigners around the world, by the national lampoon.

segunda-feira, junho 06, 2005

é tão raro, tão raro, mas a semana foi tão produtiva que consegui entrar na sexta sem culpas. começar o final de semana devendo nada pra mim. dever pra si é pior do que para os outros. não, é tão ruim quanto.

assim, consegui flanar pelos dias sem pensar em quadrinhos. nem um pensamento furtivo, fugidio e atormentado. nada. eu era um operário padrão de férias. merecidas.

hoje, cheio de alegria de pensar em voltar para a mesa de desenho.

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the dean´s december

lembro de momus descrevendo saul bellow como seu tipo de papa. um papa humano e humanista, iluminado. me reencontrei com ele (bellow, não momus) nesse fim de semana e é sempre o mesmo rosto que ele oferece: a cara marcada pelo tempo, o corpo se desintegrando, mas a mente um prodígio ainda de análise, interna e externa. unforgiving. nada passa por ele. nenhuma das 200 circunstâncias e detalhes e fatores que envolvem a conversa mais breve em um café. todo mundo tem um passado, um set de origens, um set de pensamento, uma filosofia, mesmo que não saiba; e quando dois humanos se encontram, uma biblioteca inteira os cerca. uma multidão ouve sua conversa e oferece insights ou perturbações. não é só na cama que nunca estamos sozinhos.

e de alguma maneira, o fantasma de bellow me segue depois pelo dia, dando palpites nas minhas meditações, como fantasmas mais ilustres davam a ele. é uma boa companhia.

eu reconheço essa voz, cheia de dúvidas, uma virtude que o conhecimento não apagou. pelo contrário. ele descreve seu personagem como alguém que leu livros demais. como alguém que não teve a sabedoria prática de desconsiderar esses livros, depois de uma certa idade. o reencontro do personagem com um companheiro de geração mais bem sucedido em se descolar desses livros é muito significativo. esse amigo dele parou de ouvir vozes. nenhum daqueles pensadores do passado que enchiam de entusiasmo as tardes adolescentes dos dois aparece mais para ele. ele pode exercitar suas mesquinharias sem pensar em rilke ou walt whitman. eles não estão mais por perto para ouvi-lo ou vê-lo fazer isso. a vida fica mais fácil.

você fica com a impressão que os escritores são como as fadas de peter pan. só vivem enquanto você acredita neles ou nelas.

quinta-feira, junho 02, 2005

é um dia do inferno, então nada mais apropriado que recomende a vocês zombieeatbrains, um blog sobre o quê? ah sim. um zombie crazy for braaaaaains. fucking hilarious. depois do vigésimo post intitulado brains, eu não podia mais parar de rir como um maníaco. isso em um dia ruim.