sexta-feira, maio 24, 2002
Jazzman
Lendo Bird Lives, uma maravilhosa biografia de Charlie Parker. Se você viu Kansas City, de Robert Altman, você viu a cena: o jovem Charlie, com seus 14 anos escondido em um dos bares onde se tocava jazz, para poder ver seus ídolos. A cada noite, quando sua mãe ia fazer faxinas noturnas, ele ia perambular pelos clubes. Jogado para fora de novo e de novo pelos seguranças, ele achava sempre uma maneira de se infiltrar pelos fundos e ficar em um canto, admirando por horas a música de Webster Brown, Lester Young ou Count Basie.
Difícil imaginar que para um desses garotos que estudam jazz na Berkeley, o jazz possa ter o mesmo significado. Aliás, o jazz está em uma encruzilhada e faz tempo. É uma música que parecia depender de uma certa mística e os sucessores musculares do gênero, como Winton Marsalis, que parece estar fazendo musculação com o trompete, francamente não tem muito o que dizer. Você vê John Pizarrelli ou a bela Diana Krall, e, por mais agradáveis que eles sejam de se ouvir (e são), eles estão fazendo entretenimento.
Devem, precisam haver novos caminhos. Ano passado tive o prazer de ver Joshua Redman ao vivo e ele me parece tentar articular coisas novas. Mas o assunto é longo e o post já se alongou demais. Volto ao assunto.
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