segunda-feira, dezembro 03, 2007

retorno à estação adolescência

nossas carreiras, nossas vidas, o mundo, nada anda em linha reta, não é mesmo? nasi, meu personal personal agent na descoberta de cool na web e no mundo apontou mais um tesouro: ubu, um repositório de coisas de vanguarda que parece uma caverna de tesouros inestimável. e oportuno, porque são coisas para as quais me vejo retornando. chamei de retorno à adolescência, mas seria o contrário, o princípio da idade da razão? não sei, mas vejo acontecer.

aos 18 ou 19 eu era uma torre de petróleo de pedantismo. eu não ligava muito nem para a música, o pop, até os quadrinhos estavam esquecidos. meu negócio era sartre (terrivelmente mal lido), kandinsky, klee e minha igreja particular de vanguarda. se era para ouvir música, eu ouvia gismonti, keith jarret e sonhava mesmo era em ouvir stockhausen, de quem só tinha ouvido falar. naquele momento, essas adesões eram simplesmente um sintoma da falta de sexo. como diz artaud, os adolescentes perdem suas inquietações metafísicas com a primeira amante. durou um pouco mais que isso, mas enfim em algum momento re-descobri as alegrias dessa droga que se chama pop. um amigo, (law, donde andas?) me levou de volta aos quadrinhos, à ficção científica, ao terminator, ao mundo das alegrias imediatas e do volume.

vivi nessa terra meio vegas, meio tokyo por muito tempo com um esquecimento quase completo de minha existência pré-matrix. troquei borges por stephen king sem olhar para trás.

continuo amando os dois, sem nenhuma culpa, sem nenhum revisionismo, mas me vejo voltando a esses prazeres mais lentos, a essa slow food do pensamento. a ler coisas que não são chiclete a ver filmes que não são só pixels explodindo. passei o final de semana lendo em câmera lenta um capítulo da biografia de duchamp. menos de 10 páginas. mas uma sinapse a cada 20 linhas. vi transformers, também. mas meu cérebro quase explodiu. vi 10 minutos de viver a vida, de godard. e senti o prazer de ter uma câmera que olha para as coisas, que leva o tempo em consideração. duchamp: só a arte nos leva a regiões que não são dominadas pelo espaço e tempo.

como sempre, esses esboços selvagens, digitados na hora do almoço, me irritam um pouco. mas são um boletim mal editado do que se passa na minha mente. como se interessasse a alguém.

4 comentários:

Eduardo Nasi disse...

Acho que estou nesse movimento, também. Espero que seja rumo à maturidade, que é o que me parece. Mas pode não ser.

Ana Margarites disse...

a mim, interessa horrores :)

Odyr disse...

minha desimportância agradece, aninha.

mudando de assunto, quanto tempo, hein?

Simone Iwasso disse...

nesse momento, me interessou. bacana a reflexão. é legal ver como a gente aprende, depois de um tempo, a misturar as referências e as estéticas. beijo!