segunda-feira, fevereiro 26, 2007


nunca me permiti não ter tempo. sempre tenho tempo para ler, para ouvir música, para fazer o que essa cabeça diletante quer. mas andava longe do jazz. longe, longe. mais uma falta do estado de espírito certo. mas ontem ouvi longamente um disco maravilhoso: thelonius plays duke ellington. cortazar vendo monk no palco, falou que lembrava muito de um urso bêbado se aproximando do piano. e não é difícil imaginar esse urso tocando. é como se suas patas não coubesse no teclado, os acordes são sujos, maravilhosamente impuros. e assimétricos e quase sobrepostos. é estranheza por toda parte. são espelhos quebrando por sobre as partituras de duke, é como um marciano tentando entender que coisa é esse piano, que coisa é essa música de duke ellington. eu podia amontoar metáforas aqui indefinidamente. basta dizer que é um disco muito rico, cheio de espaço e de humor, um lugar maravilhoso para se visitar. a capa é uma pintura de rousseau e tem um leão (ao invés de um urso) aparentemente embaraçado por ser interrompido no meio de uma refeição. ou talvez nós estejamos embaraçados por interrompê-lo. ele parece estar completamente à vontade com a boca cheia e metade de um animal para fora. um momento de humor e estranheza, perfeito para monk.

4 comentários:

quasechuva disse...

ahahahahahahaha, meu deus o. li esse e por um instante TE VI na sala da minha casa, ahahahahaha.
mas é tão bom manter a alma

Odyr disse...

Ah,sim, ainda me lembro de ser chamado de tiozinho por meus gostos musicais. Como esquecer?
:)

jackie disse...

entao,
a gente nao se conhece,
mas eu conheco a Rita.
e queria assim dizer...
que alem de tbem gostar de cortazar e thelonius, desejo a vcs uma bela caminhada juntos...
isso!

Odyr disse...

Merci, Jackie. Vou retransmitir para Jana Rita.
Beijo.