terça-feira, julho 17, 2007

Como dizia Mário de Andrade, se o escritor mostra o que escreve, é por vaidade. E se não mostra, também é por vaidade. Então, com plena consciência do pecado, vou mostrar aqui umas letrinhas minhas que tem sido impressas: sou o orelha-man informal de alguns livros da Desiderata. É uma das (muitas) alegrias do clima informal de nossa editora, que possamos fazer coisas assim, de graça e por graça.

Essa aqui escrevi hoje, de um de nossos próximos livros, a Antologia da Lapa.


Cabarés, madames, malandros e poetas: a Lapa em preto e branco

Os arcos da Lapa, esse inesperado cenário romano na antiga capital do império, fazem parte da imagem do Rio de Janeiro como o Cristo Redentor. Mas ao contrário do Cristo, que simboliza o Rio todo, de ontem e de sempre, eles são só da Lapa. E são símbolo de um outro tempo. Como Roma, a Lapa teve seu apogeu e decadência. E se agora ela ressurge, reinventada e de novo adotada pelos cariocas, ela certamente é outra.

A Lapa de que fala este livro é o bairro mítico, boêmio, em preto e branco, que a maior parte de nós não viu. E quem melhor para nos guiar por suas ruas escuras e movimentadas do que esses protagonistas fabulosos? Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, Di Cavalcanti, Rubem Braga, Antônio Maria, e outros nos levam por esses becos e ruelas onde Madame Satã amava e enfrentava policiais, Villa-Lobos tocava piano nos salões enfumaçados das pensões e Manuel Bandeira escrevia seus poemas com um olho melancólico na festa que acontecia debaixo de sua janela. Como na Paris dos anos 20, até a pobreza era charmosa e as prostitutas, francesas.
Cantada em prosa e verso e contada por seus protagonistas, essa época fabulosa da qual só os arcos restaram, está nas páginas deste livro.

Um comentário:

Anônimo disse...

odyr, tão camaleão. agora também um perfeito escritor de orelhas.
beijo.