quarta-feira, fevereiro 16, 2005

talvez numa cidade grande você veja malucos novos todo dia, mas numa cidade pequena, os loucos de rua são como seus pais: os mesmos e já estavam lá quando você chegou. no máximo alguns vão embora.

então foi com alguma excitação que vi ontem a estréia de um louco de rua novo, temporariamente batizado como o malandro da colher.
uniforme: a roupa de um malandro carioca antigo. terno branco, colete branco, camisa escura.
adereço: a colher.
modus operandi: aparentemente, ele dança com a colher.
e tudo o mais. ele entrou no café enquanto eu estava lá, foi ao banheiro, voltou, tudo com a colher na mão. o detalhe mais incongruente da coisa toda era uma bolsa de chimarrão no ombro. eu removeria esse adereço, mas talvez faça parte de toda a liturgia, vai saber.

claro, algum local pode acabar com minha ilusão e dizer que ele já circulava por aí. me informem.


e veja, quando eu ia pra casa não é que me aparece mais um? esse me tocou mais ainda, por dois detalhes: se entendi o que as roupas imundas significavam, ele quer ser um superherói. e estava no making off quando o vi. quando passei, ele dava os últimos ajustes no cinto que continha a espada. me cumprimentou muito candidamente. fiquei tocado com o paradoxo entre a ambição e o ar singelo. quase lhe desejei boa sorte na missão de salvar o mundo. o que, convenhamos, anda cada vez mais difícil.

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