eu sei, eu sei. deserto. mas como diz aquele livrinho do calvin, os dias estão simplesmente lotados. uma guloseima rápida, então:
lendo um livro muito lindo chamado The Perfect Stranger, de P. Kavanagh. Um parágrafo ficou na minha cabeça, a ponto de eu fazer uma tradução livre de memória aqui, mais uma transcriação:
" As meninas da turma avançada montaram um balé e eu assistia transfigurado seus pés flutuando sobre o palco. Me aproximava para ver melhor. Eu tinha oito anos e vivia num estado constante de paixão. Eu tinha loucura por uma amazona com um busto que quase estourava sua blusa. Como um adulto, me convenci que a odiava e lhe joguei uma maçã com toda a força. A acertei no olho. Esfregando um e me olhando com o outro, ela me convidou para um chá. Fiquei deliciado. Era tudo que eu queria. Parecia que, não importasse o quanto se fosse desajeitado, o amado nos compreendia."
quinta-feira, agosto 31, 2006
quinta-feira, agosto 24, 2006
não sou charly garcia para ficar demoliendo hoteles, mas posso destruir livros.
e por falar em argentinos, erico me lembrou da existência de outro argentino genial. liniers é tudo: engraçado, tocante, grande desenhista... me fez lembrar que estou com saudade de mim. de fazer coisas que tenham saído exclusivamente de minha cabeça, quero dizer. porque estou num momento meio tradutor inter-linguagens. (grimm, cortazar, outros escritores que vem, mais o roteiro de meu amigo que vai virar uma história policial em copacabana...) adaptações são trabalhosas e maravilhosas, mas saudade da maravilhosa irresponsabilidade de ir para a página em branco com nada em mente. preciso inventar um projeto paralelo, um canto surrealista para acumular meus elefantes cor-de-rosa. meu disco solo.
e por falar em argentinos, erico me lembrou da existência de outro argentino genial. liniers é tudo: engraçado, tocante, grande desenhista... me fez lembrar que estou com saudade de mim. de fazer coisas que tenham saído exclusivamente de minha cabeça, quero dizer. porque estou num momento meio tradutor inter-linguagens. (grimm, cortazar, outros escritores que vem, mais o roteiro de meu amigo que vai virar uma história policial em copacabana...) adaptações são trabalhosas e maravilhosas, mas saudade da maravilhosa irresponsabilidade de ir para a página em branco com nada em mente. preciso inventar um projeto paralelo, um canto surrealista para acumular meus elefantes cor-de-rosa. meu disco solo.
terça-feira, agosto 22, 2006
sexta-feira, agosto 18, 2006
se concentra nos ombros, passeia ao redor, parece com o macaco que desenhei um dia cavalgando suas vítimas: se chama tensão.
mas como? ontem não tinha sorte?
sim, hoje tenho azar. não é o outro lado da mesma moeda? que gira e gira sem parar?
é tudo parte da mesma coisa, os ventos da mudança, que chegam como o lobo soprando a casa dos porquinhos. muda o que vou fazer, como vou fazer, o quanto, o onde, o com quem quero estar, aonde vou morar, tudo.
não estou aqui me pondo críptico, mas também não são esses os diários de minha vida em detalhes. são comunicados, fragmentados, interceptados por essa rádio pirata que vocês ouvem. a questão é abraçar a mudança.
mas fumo demais, não durmo bem, bebo um tanto, não consigo desenhar e se sente a gravidade agindo como nunca. viver, um negócio complicado.
mas como? ontem não tinha sorte?
sim, hoje tenho azar. não é o outro lado da mesma moeda? que gira e gira sem parar?
é tudo parte da mesma coisa, os ventos da mudança, que chegam como o lobo soprando a casa dos porquinhos. muda o que vou fazer, como vou fazer, o quanto, o onde, o com quem quero estar, aonde vou morar, tudo.
não estou aqui me pondo críptico, mas também não são esses os diários de minha vida em detalhes. são comunicados, fragmentados, interceptados por essa rádio pirata que vocês ouvem. a questão é abraçar a mudança.
mas fumo demais, não durmo bem, bebo um tanto, não consigo desenhar e se sente a gravidade agindo como nunca. viver, um negócio complicado.
terça-feira, agosto 15, 2006
quando um professor do rio levou um grupo de respeitosos jovens para visitar millôr em seu estúdio, pediu ao mestre um conselho, uma palavra de sabedoria para essas almas esperançosas. ele me contou que quase arrancou os cabelos que não tinha mais, mas lembrou a tempo que tinha um conselho importante para dar a eles:
- tenham sorte.
eu não acredito em nada, por supuesto deus nenhum podia se importar comigo e desprezar milhões morrendo na áfrica ou no oriente médio, e os detalhes do que acontece agora não importam muito, então digamos só que estou tendo uma quantidade ridícula de sorte.
- tenham sorte.
eu não acredito em nada, por supuesto deus nenhum podia se importar comigo e desprezar milhões morrendo na áfrica ou no oriente médio, e os detalhes do que acontece agora não importam muito, então digamos só que estou tendo uma quantidade ridícula de sorte.
quarta-feira, agosto 09, 2006
"sem tempo para escrever" é uma frase que fica infinitamente mais linda quando alguém sabe escrever. caso de alex de campi, já citada aqui, mas nunca elogiada o suficiente. faço minhas as palavras dela. e recomendo.
I have wanted to write to you of so many things, gentle stranger. Of dog dreams. Of misty mornings and the queerly perfect solitude of Wigmore Street at dawn. Of moments caught, of time sculpted onto digital tape. But instead I leave you only with half-formed thoughts about clouds and an already out-of-date image. I'm too busy for much else. I still have the daydreams, but there's not the time to write them down. More, anon.
I have wanted to write to you of so many things, gentle stranger. Of dog dreams. Of misty mornings and the queerly perfect solitude of Wigmore Street at dawn. Of moments caught, of time sculpted onto digital tape. But instead I leave you only with half-formed thoughts about clouds and an already out-of-date image. I'm too busy for much else. I still have the daydreams, but there's not the time to write them down. More, anon.
Piada do dia: fui ver um filme japonês violento e comento com um amigo.
Meu amigo: - Mas a violência é gratuita?
Eu - Não, a entrada custa 16 reais.
Pano rápido.
Chama-se Consumido Pelo Ódio e boy, pôe consumido e pôe ódio nisso. É Takeshi Kitano, meu ator cult japonês, o que me faz ir sem nem ler a resenha. Kitano, ou Beat Takeshi, como o conhecem no Japão é ator, diretor, roteirista, pintor, humorista, tem um programa na tv japonesa... o homem é renascentista. Seus filmes tem uma mistura de violência seca e não coreografada com um humor inesperado e um lirismo sobre tudo. Sonatine, Hana-bi, Brother, Zatoichi... todos grandes filmes. Nesse ele está só como ator e ele é mau. Maaaaaau. Uma força da natureza, como diz a resenha que li depois. Um pai abusivo. Aliás pai, esposo, vizinho, chefe... abusivo com qualquer ser humano que cruze seu caminho. Duro assimilar esse papel com um ator pelo qual você tem grande carinho. Kitano teve um derrame há muitos anos atrás, então ele é literalmente um ator de um rosto só. Nada se move naquela máscara kabuki. Mas o corpo.. ele anda como um urso nesse filme. Violento, imprevisível, seco, quase completamente sem sentimentos.
Enfim. Vou tentar esquecer que vi. E não recomendo. Particularmente se você quer manter a imagem que já tem do Yakuza com um senso de humor.
(Claro, se eu fosse uma pessoa séria, escreveria uma pequena tese sobre como a violência gratuita e gráfica é entretenimento e a violência contextualizada não e blah blah blah. A sorte de vocês é que não sou sério.)
Meu amigo: - Mas a violência é gratuita?
Eu - Não, a entrada custa 16 reais.
Pano rápido.
Chama-se Consumido Pelo Ódio e boy, pôe consumido e pôe ódio nisso. É Takeshi Kitano, meu ator cult japonês, o que me faz ir sem nem ler a resenha. Kitano, ou Beat Takeshi, como o conhecem no Japão é ator, diretor, roteirista, pintor, humorista, tem um programa na tv japonesa... o homem é renascentista. Seus filmes tem uma mistura de violência seca e não coreografada com um humor inesperado e um lirismo sobre tudo. Sonatine, Hana-bi, Brother, Zatoichi... todos grandes filmes. Nesse ele está só como ator e ele é mau. Maaaaaau. Uma força da natureza, como diz a resenha que li depois. Um pai abusivo. Aliás pai, esposo, vizinho, chefe... abusivo com qualquer ser humano que cruze seu caminho. Duro assimilar esse papel com um ator pelo qual você tem grande carinho. Kitano teve um derrame há muitos anos atrás, então ele é literalmente um ator de um rosto só. Nada se move naquela máscara kabuki. Mas o corpo.. ele anda como um urso nesse filme. Violento, imprevisível, seco, quase completamente sem sentimentos.
Enfim. Vou tentar esquecer que vi. E não recomendo. Particularmente se você quer manter a imagem que já tem do Yakuza com um senso de humor.
(Claro, se eu fosse uma pessoa séria, escreveria uma pequena tese sobre como a violência gratuita e gráfica é entretenimento e a violência contextualizada não e blah blah blah. A sorte de vocês é que não sou sério.)
sexta-feira, agosto 04, 2006
uma coisa que voltou nesses dias frios e meu bom amigo augusto pode martelar minha cabeça indefinidamente pela obviedade, mas é - que bebida civilizatória é o vinho.
augusto, que é altamente civilizado nesse aspecto, bebe vinho o ano todo, adaptando o vinho ao clima, à comida, ao estado de espírito e, se bobear, à pressão atmosférica. mas eu, selvagem, tinha abandonado por completo desde minha chegada aqui. esses dias de frio estimularam uma volta, e lá estava ele. em um almoço, a lembrança de como ele se harmoniza com a comida, em vez de chocar-se com ela. e de como cria bem estar, ao invés do torpor (ou euforia) da cerveja. depois uma garrafa argentina me acompanhou por umas duas noites. hoje o sol retorna, mas estou pronto para voltar à cerveja? acho que não. matter of fact, I´m thinking champagne. Indeed.
UPDATE: nosso boletim especial informa que nosso herói foi afastado de planos gloriosos de champagne e conversações inteligentes com ele mesmo em prol de cerveja em uma mesa totalmente ocupada por membros da editora, em estado variados de embriaguez. discutimos em detalhes nossa dominação do mundo, quase perdemos as provas do livro de millôr, mas fora isso estamos todos bem.
augusto, que é altamente civilizado nesse aspecto, bebe vinho o ano todo, adaptando o vinho ao clima, à comida, ao estado de espírito e, se bobear, à pressão atmosférica. mas eu, selvagem, tinha abandonado por completo desde minha chegada aqui. esses dias de frio estimularam uma volta, e lá estava ele. em um almoço, a lembrança de como ele se harmoniza com a comida, em vez de chocar-se com ela. e de como cria bem estar, ao invés do torpor (ou euforia) da cerveja. depois uma garrafa argentina me acompanhou por umas duas noites. hoje o sol retorna, mas estou pronto para voltar à cerveja? acho que não. matter of fact, I´m thinking champagne. Indeed.
UPDATE: nosso boletim especial informa que nosso herói foi afastado de planos gloriosos de champagne e conversações inteligentes com ele mesmo em prol de cerveja em uma mesa totalmente ocupada por membros da editora, em estado variados de embriaguez. discutimos em detalhes nossa dominação do mundo, quase perdemos as provas do livro de millôr, mas fora isso estamos todos bem.
quarta-feira, agosto 02, 2006
é verdade que diana krall vem nos envergonhando há algum tempo, gravando discos de natal, cantando besame mucho para as massas, mas o casamento com elvis costello fez toda a diferença. obviamente ter em casa um dos maiores compositores contemporâneos, da grande escola cole porter forçou a loira a pensar um pouco. e the girl in the other room mostra que ela ainda não está embalsamada. grandes canções. vinha ouvindo departure bay no ônibus, a chuva caindo, um filme passando... aquelas coisas. elvis, you´re the king.
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