domingo, julho 30, 2006

que cidade é essa? que estação é essa? é realmente inverno no rio. milagre, epifania. por um dia, ou dois. o céu cinza, o dia frio, o que seria um dia ameno no inverno do sul.

não sou exatamente o caminhante, mas com um tema, com o inverno como cenário e meu ipod de pobre, percorro as ruas. há um prazer cão em pôr as mãos no bolso e andar fazendo uma cara discretamente infeliz.

sábado, julho 29, 2006

writing to j.:


o dia se pôe quase buenosaireano aqui. uno lembra de novo que piazzolla existe. embora esteja ouvindo pet shop boys, santa contradição, batman. so much confusion when autumn comes around / what to do about october / how to smile behind the frown? / its hard to settle down. should I revise or rewrite my october simphony / change the dedication from revolution to revelation?

sexta-feira, julho 28, 2006

ou renata se perdeu pelas selvas da bolívia ou su ñovio não aprovou de minha idéia. um silêncio boliviano no post abaixo.

mas agora é tarde, folks. a panamenha já está sendo desenhada. agora só me processando. :)

quarta-feira, julho 26, 2006

vivo com uma panamenha, desde ontem. mas ela diz que vive com outro. de fato, na primeira linha, ela diz: "soy panamenha y hace rato que vivo com Bix." bueno, um triângulo, então.
ela vive no conto de cortazar, o segundo do livro, e ontem comecei o processo de dar um rosto a ela. Bix já tem um, as fotos mostram e era bem feinho, coitado. mas tocava. ah, sim. ele vive nos anos 20, então, google I love you.

assim que panamenha. mas fazê-la demasiado étnica ia ser estranho. queria só que ela fosse, digamos, vagamente latina. o cabelo preto, aquele nariz importado da espanha que se vê muito nas mulheres de porto alegre... lembrei de alguém de quem tenho visto muitas fotos. assim, renatita, se você prometer não mover nenhum processo, nem mandar índios da floresta me amaldiçoar ou espada quebrada usar seu kung fu contra mim, ela vai se parecer um pouco com você.

segunda-feira, julho 24, 2006

um dos círculos do inferno tem que ser reservado pra gente sem imaginação ou senso de humor. que combinação devastadora, oh deus. eles vão ficar lá, dizendo: mas você não era um anjo? cadê sua asas? esse fogo não devia estar um pouquinho mais pra esquerda? esse tridente não está um pouco torto?
periga o demônio perder a paciência com eles e mandá-los de volta para a terra. já sei! é por isso que eles estão aí por toda parte: nem o demônio aguenta. mesmo para apreciar a danação eterna você precisa de um pouco de imaginação.

(sim, o motivo disso e a categoria para arquivar é problemas-no-trabalho.)
nada de novo no front? ah, que expressão odiosa. milhões de coisas acontecem sempre, todo o tempo, por supuesto. células morrem! sinapses! seu fígado e cérebro envelhecem mais um dia! o drama da existência! mas no meu front, se você estivesse observando, não pareceria muito. um final de semana em relativa calma e sem que um mínimo pedaço de papel fosse sacrificado com meus rabiscos. livros policiais, que nada pode ser tão entertaining, uma ida ao cinema para ver o trepidante e terrivelmente divertido piratas do caribe e muito tempo olhando para as paredes e para o cenário do rio. entenda-se como higiene mental. hoje volto para a escravidão escolhida, bola de ferro lustrada e tudo me esperando ao lado da mesa de desenho.

sexta-feira, julho 21, 2006

o fim do filme? quadrinista bêbado e deprimido é resgatado por amigo que consegue transformar a noite desastrosa em uma sessão de humor masculino sórdido mas eficaz. rir da desgraça nunca falhou. e como diz o mastercard, ter amigos não tem preço. grande lobo. i´m in debt.

quinta-feira, julho 20, 2006

o que teria acontecido se eu tivesse realmente começado a chorar e rasgar livros na livraria? adianta alguma coisa se perguntar sobre os grandes gestos não-realizados? em vez disso, segui vagando, bebendo mais, levando o desespero para passear. uma coisa eu posso dizer: ele é um companheiro fiel. depois que ele chega, custa a lhe deixar.

nesse momento, oh admirável mundo novo, oh cena japonesa de nosso futuro agora, um corredor iluminado de pessoas se comunicando em seu cubículos, pessoas sérias ou rindo ou emocionadas, olhando para um monitor, a luz azulada sobre elas. bêbado no cybercafé. bukowski desaprovaria, but so what? oh solidão iluminada das grandes cidades. dinheiro no bolso, você pode pegar um táxi, ir para quaquer lugar, lembrei de um outro tempo em outra cidade, em uma situação parecida, eu gastava obscenamente em restaurantes e quase parava estranhas na rua, perguntando se elas não queriam ir ao japonês comigo. oh beauty, oh modern life, oh alegrias contemporâneas.

tudo isso porque acabei uma história, me dei um dia de folga e descobri que não sabia o que fazer comigo. o tio ensina, amiguinhos: só o trabalho salva.

quarta-feira, julho 19, 2006

eu não vou ao FLIP, mas cortazar vai. essa historinha psicografada vai sair em uma revista que vai circular por lá e faz uma espécie de propaganda descarada de meu livrinho.

terça-feira, julho 18, 2006

Não é que eu tenha deixado de existir ou de ter idéias. o cérebro parece estar no mesmo lugar, mas durante o dia ele está a serviço da editora e durante a noite, a serviço dos quadrinhos. Não sobra muito. All work and no play makes jack a dull lay? I hope not.

mas o certo é que a obra (leia-se em maiúsculas) tem lá suas demandas.

quarta-feira, julho 12, 2006

estamos procurando um estagiário para a editora e estou sofrendo o óbvio: a chatice dos currículos. preciso me controlar para não cair dormindo no segundo parágrafo. tudo é escrito por algum robô limitadíssimo que recita dados em BASIC. sexo:masculino estado civil: solteiro ( e eu com isso?) . isso sem falar de ficar sabendo que fulano fez o primeiro grau na escola coelhinho sabido ou que fez um curso para ser bombeiro.

então quando o sexto ou sétimo currículo chegou (mas parecia o milésimo), ele tinha um arquivo atachado mas só uma linha no corpo do texto:


Você quer respostas para suas perguntas? Ou você sabe muito e quer compartilhar seu conhecimento?

por um décimo de segundo, fiquei excitado. meu deus, alguém com imaginação. um ser humano.

no décimo seguinte, li o resto da frase: Experimente o Yahoo! Respostas!

ok, de volta aos currículos.
descobri como a musa soaria se estivesse nesse mundo: patricia barber. ela está sussurrando agora em meu ouvido: I could eat your words. no, patricia, I could eat yours.


syllogistically speaking, if a is you and b is me, logical proposition ´ll lead us to c. psychologically speaking, if the student can´t teach, the teacher can learn, lets leave the thinking to me.

Poets need a holiday, professors need adulation / You can talk and talk the night away / with no case for moderation / I drink remorse like a Cabernet, Champagne with indecision / I could eat your words
não tenho nem mais meu gato, pobre klimt que ficou no sul, para testemunhar minhas aflições, mas foram dois dias de aflição intensa e de uma quantidade obscena de papel gasta até que, no terceiro dia, duggu van resolvesse se manifestar. mas ele está entre nós.

ele é o personagem do primeiro conto de cortazar. que agora vai.

domingo, julho 09, 2006

do décimo quarto andar os carros são como playmobills em um autorama, mas em um momento que me debruço na janela, um carro pára e uma garota em nada parecida com um playmobill senta triunfantemente no capô do carro, uma starlet-por-um-minuto. abre os braços como agradecendo os fotógrafos que a rodeiam e se cannes fosse ali. em uma compensação possível, uma amiga desce correndo do carro e a fotografa em seu momento de glória sob o céu do rio. os carros de trás parecem ser dirigidos por homens, que não se importam assim terrivelmente de serem parados em um domingo por uma garota com um top mínimo e muito entusiasmo. ela volta ao carro, não sem dar um ciao de agradecimento aos fãs e sumir no trânsito.

um desses momentos supremamente silly e sweet ao mesmo tempo. você não pode deixar de apreciar e olhar com carinho uma humanidade que é tão vã em sua mortalidade. como borboletas que batem asas com tanta tranquilidade em um espaço de vida tão curto. e não é fato que ao inventar a máquina xeróx, um prodígio de possibilidades de democratização da comunicação, a primeira idéia que nos ocorreu foi: - hey, vamos sentar aqui e xerocar nossa bunda?

we are silly, its a fact. and its ok.
and we´re all stars now, baby, parecia que ela estava dizendo.

sábado, julho 08, 2006

ouvi a voz de julio hoje. uma espécie de sociedade patafísica cortazariana informal se reuniu. futuros conspiradores, companheiros de projeto. um tradutor e uma biógrafa de tio julio. que se manifestou em objetos que eram passados com volúpia - um CD onde lê coisas, a voz de barítono, o gigante gentil. fotos. uma edição negra de rayuela. entre lulas, pimentas, cogumelos e cerveja evocamos o mestre. evoé.

e temos fotos para provar.

sexta-feira, julho 07, 2006

pára tudo. não vou mais desenhar mulher pelada. pelo menos por agora. em vez disso vou desenhar mortos ilustres. e estou feliz com a troca. por quê? porque enfim vai sair meu projeto do livro dos escritores. o primeiro de uma série. quadrinhos sobre escritores e quadrinizações de obras. o primeiro é o cortazar e não podia haver um melhor. as mulheres peladas vão sair um pouquinho depois, mais para o fim do ano. com esse são 3 livros em que meu nome vai estar presente esse ano. se melhorar estraga.

claro, diz o insatisfeito, podia haver também o amor, esse fantasma elusivo. mas aí também como diz minha editora, depois de publicar o primeiro livro, eu vou ficar instantâneamente mais bonito. :)

só vendo pra crer.

mas 2006 está sendo um grande ano.

terça-feira, julho 04, 2006

coisas assim, confesso, me dão um aperto de saudade do sul. só falta o vitor cantando deixei a velhaaaa querênciaaaaa. aí eu me rasgo. :)

segunda-feira, julho 03, 2006

respirando entre dois projetos. entre dos aguas, como disse paco(que rico título). a respiração é longa (em intenção, mas breve em tempo), porque o próximo é longo. esse que acabei agora foi, digamos, 400 metros com obstáculos. o próximo é uma maratona.

a fábula foi difícil pelos elementos que envolveu, a pesquisa que tive que fazer, as coisas que tive que aprender a desenhar (ou enganar). mas eram 8 páginas. um curta-metragem. o próximo pode chegar a 200, certamente meu primeiro longa. com toda a ansiedade que isso traz. mas vai ser menos... travado. não preciso parar e pensar - era assim que um conde da era medieval se vestiria?
não, esse se passa nesse mundo, nesse tempo e estou vivendo na cidade onde ele se passa. já é alguma coisa.

se trata de enxergar e visualizar (conjurar) os personagens, dominar o cenário e enfim, movê-los ali. ou melhor dizendo, soltá-los e ver o que eles fazem. com um roteiro escrito por outra pessoa, eles não estão livres para fazerem tudo que querem, mas eles sempre nos surpreendem fazendo algo que não esperávamos. nesse sentido é muito como cinema. as coisas não saem exatamente como você espera, os atores tem idéias próprias, chove quando devia fazer sol e isso é bom. é o que mantém o interesse.

sábado fui a "locação": copacabana. que é, mais do que o cenário, praticamente um personagem dessa história. o autor do roteiro mora em copa e a idéia era fotografar referências visuais e ver coisas. os dois alienados se esqueceram do jogo, se é possível acreditar nisso. acabamos não saindo, adiando as fotos e conversamos por horas, enquanto o brasil perdia, longe dali. estranho, insensível talvez. mas juro que não foi culpa minha. :)