como quase todo mundo, eu acho que a poesia morreu e teve um enterro muito lindo em que ninguém foi, mas angie é pop. ela dá a volta, ela não passa nem perto do cemitério, embora fale com os poetas mortos. ela é ana cristina césar com um controle remoto na mão, com a mesma finesse mas mais humor. i´m a fan.
meu bem, vou comprar a varig é tudo que sempre quis meu bem, vou comprar a varig e salvar este país
sexta-feira, junho 30, 2006
have you forgotten the face of your father?
numa certa saga medieval que estou lendo, essa é a maior ofensa que se pode dizer. o atingido baixaria a cabeça compungido e diria sim, eu esqueci o rosto de meu pai. ou puxaria a espada. significa que se esqueceu a honra, a dignidade, os bons exemplos, em última instância se esqueceu quem se é. muito lindo isso.
o desespero, um dos sete perpétuos, é um visitante inesperado, como se sabe. ontem ele veio e sentou ao meu lado enquanto eu jantava sozinho. e as coisas andaram como andam quando ele vem, a nuvem negra sobre tudo, as coisas terríveis que ele diz. hoje o sol veio, literal e metaforicamente e acordei lembrando do rosto do meu pai, sabendo exatamente quem sou. e há um conforto em saber que não há outra coisa que você possa ser.
numa certa saga medieval que estou lendo, essa é a maior ofensa que se pode dizer. o atingido baixaria a cabeça compungido e diria sim, eu esqueci o rosto de meu pai. ou puxaria a espada. significa que se esqueceu a honra, a dignidade, os bons exemplos, em última instância se esqueceu quem se é. muito lindo isso.
o desespero, um dos sete perpétuos, é um visitante inesperado, como se sabe. ontem ele veio e sentou ao meu lado enquanto eu jantava sozinho. e as coisas andaram como andam quando ele vem, a nuvem negra sobre tudo, as coisas terríveis que ele diz. hoje o sol veio, literal e metaforicamente e acordei lembrando do rosto do meu pai, sabendo exatamente quem sou. e há um conforto em saber que não há outra coisa que você possa ser.
segunda-feira, junho 26, 2006
displacement. o passarinho que passou por aqui comentava em seu próprio blog-ninho do seu estar fora de lugar. tell me about it, oh passarinho. estrangeiro. tentava ontem explicar muito toscamente ao telefone, (oh instrumento do demônio) essa delicada noção para uma dama em particular. (ocorre que quando pego o telefone toda minha articulação se vai. parece aquela sensação eterna dos sonhos: tentar andar e não conseguir. minha fala se esfacela.)
o que tentava explicar? que, por mais que tenha me mudado (e boy, me mudei muito) sou um animal territorial. profundamente territorial.
hoje meu território é pequeníssimo, como um cigano que carregasse um baú com seus pertences. não são os objetos, por supuesto, mas a carga deles, a lembrança, uma idéia de pertencer. lembrei de Dali, que andava com um medalhão com sua própria foto no peito, "para que todos soubessem que ele era Dali". meus lápis e pincéis representam a pátria, sem dúvida. estão sempre desenhando uma suposta bandeira. dentro de uma caixa, estão os poucos cds que trouxe, com os hinos desse país em movimento.meus livros se quedaram no sul, mas os que fui comprando são um espelho em miniatura de todas as bibliotecas que já montei. a medida que os nomes começam a se repetir, o colecionista sorri. estão dentro do guarda-roupa, o que é um lugar estranho, mas dá uma cara de conhecimento secreto a eles. e acrescenta carinho. toda minha vida portátil. a moveable feast, como dizia tio hemingway. minha paris levada junto ao peito.
e ainda não me explico. todo esse canto não é sobre a pátria perdida, que nunca houve uma. não é sobre um lugar. não é sobre objetos. o que quero dizer é que é fácil esquecer quem você é. passarinho tem razão: as pessoas que cresceram e vivem na mesma cidade tem uma apreciação mais tranquila da sua identidade. claro que eles sabem quem são. não estão aí os amigos, vizinhos, credores e amantes para confirmar? não está ali a padaria, aqui meu quarto, ali o café?
aqui somos mudas de árvore tentando sobreviver ao transplante, sem saber se parece(re)mos com o que éramos, sem saber se somos os mesmos, sem saber. e as explicações sobre quem afinal somos se vêem complicadas e cheias de galhos como essa.
o que tentava explicar? que, por mais que tenha me mudado (e boy, me mudei muito) sou um animal territorial. profundamente territorial.
hoje meu território é pequeníssimo, como um cigano que carregasse um baú com seus pertences. não são os objetos, por supuesto, mas a carga deles, a lembrança, uma idéia de pertencer. lembrei de Dali, que andava com um medalhão com sua própria foto no peito, "para que todos soubessem que ele era Dali". meus lápis e pincéis representam a pátria, sem dúvida. estão sempre desenhando uma suposta bandeira. dentro de uma caixa, estão os poucos cds que trouxe, com os hinos desse país em movimento.meus livros se quedaram no sul, mas os que fui comprando são um espelho em miniatura de todas as bibliotecas que já montei. a medida que os nomes começam a se repetir, o colecionista sorri. estão dentro do guarda-roupa, o que é um lugar estranho, mas dá uma cara de conhecimento secreto a eles. e acrescenta carinho. toda minha vida portátil. a moveable feast, como dizia tio hemingway. minha paris levada junto ao peito.
e ainda não me explico. todo esse canto não é sobre a pátria perdida, que nunca houve uma. não é sobre um lugar. não é sobre objetos. o que quero dizer é que é fácil esquecer quem você é. passarinho tem razão: as pessoas que cresceram e vivem na mesma cidade tem uma apreciação mais tranquila da sua identidade. claro que eles sabem quem são. não estão aí os amigos, vizinhos, credores e amantes para confirmar? não está ali a padaria, aqui meu quarto, ali o café?
aqui somos mudas de árvore tentando sobreviver ao transplante, sem saber se parece(re)mos com o que éramos, sem saber se somos os mesmos, sem saber. e as explicações sobre quem afinal somos se vêem complicadas e cheias de galhos como essa.
quinta-feira, junho 22, 2006
e depois desse sermão da montanha, eu tenho que subir no púlpito também e dizer: ele está certo, brothers. estou enfim realizando as coisas que queria realizar e nada, nada se compara a isso que ele descreve como the hapiness to serve your own good opinion. sim, eu tenho um emprego e um paychek, mas tenho saído dele reto para casa e para a pequena mesa onde desenho. e a sensação no final do dia (da noite, na verdade) ao guardar as folhas e saber que você está, no more excuses, no more delay; realmente fazendo o que deveria fazer, não tem preço, como diz o mastercard.
eu não voltei exatamente e acho que os comentários ainda estão desativados depois de minha última incursão aqui, mas só vim colar esse texto que é um daqueles que devia estar impresso em nosso cérebro. alex de campi encontrou e eu aqui reproduzo, with awe.
"You will encounter in your travels folks of your own age who chose the institutional path, who became the arts administrators rather than the actors, the casting agents rather than the writers. These folks chose to serve an institutional authority in exchange for a paycheck, and these folks are going to be with you for the rest of your life, and you actors and writers and people who come up off the street, who live without certainty day to day and year to year are going to have to bear with being called children by these institutional types; you will, as Shakespeare tells us, endure 'the spurns that patient merit of the unworthy takes'.
"It is not childish to live with uncertainty, to devote oneself to a craft rather than a career, to an idea rather than an institution. It's courageous and requires a courage of the order that the institutionally co-opted are ill equipped to perceive [...]
"Art is an expression of joy and awe. It is not an attempt to share one's virtues and accomplishments with the audience, but an act of selfless spirit. Our effect is not for us to know. It is not in our control. Only our intention is under our control. As we strive to make our intentions pure, devoid of the desire to manipulate, and clear, directed to a concrete, easily stated end, our performances become pure and clear.
"Eleven o'clock always comes. In the meantime, may you know the happiness of working to serve your own good opinion. Invent nothing, deny nothing, speak up, stand up, stay out of school.
"From David Mamet's marvellously idealistic True and False: Heresy & Common Sense for the Actor.
"You will encounter in your travels folks of your own age who chose the institutional path, who became the arts administrators rather than the actors, the casting agents rather than the writers. These folks chose to serve an institutional authority in exchange for a paycheck, and these folks are going to be with you for the rest of your life, and you actors and writers and people who come up off the street, who live without certainty day to day and year to year are going to have to bear with being called children by these institutional types; you will, as Shakespeare tells us, endure 'the spurns that patient merit of the unworthy takes'.
"It is not childish to live with uncertainty, to devote oneself to a craft rather than a career, to an idea rather than an institution. It's courageous and requires a courage of the order that the institutionally co-opted are ill equipped to perceive [...]
"Art is an expression of joy and awe. It is not an attempt to share one's virtues and accomplishments with the audience, but an act of selfless spirit. Our effect is not for us to know. It is not in our control. Only our intention is under our control. As we strive to make our intentions pure, devoid of the desire to manipulate, and clear, directed to a concrete, easily stated end, our performances become pure and clear.
"Eleven o'clock always comes. In the meantime, may you know the happiness of working to serve your own good opinion. Invent nothing, deny nothing, speak up, stand up, stay out of school.
"From David Mamet's marvellously idealistic True and False: Heresy & Common Sense for the Actor.
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