sexta-feira, junho 27, 2003
Lu se me ler vai entender, que nao lembrava a complexidade que e diagramar um jornal. a direcao de arte para revistas te deixa preguicoso, e a verdade. depois de uns dias em minha ilustre posicao de consultor do jornal, me passaram umas paginas coloridas para fazer e me pus a, tranquilo, quase olimpico e tomei um cacete fenomenal das pagininhas. dio. muitas colunas, muitas materias. renovou meu respeito pelos que batalham em jornais. brava luta.
quinta-feira, junho 26, 2003
dois livros comprados no meu sebo favorito: manana digo basta, de silvina bullrich e herzog, do adoravel saul bellow.(me acostumei rapidamente a escrever sem acentos aqui,depois que ele sumiram. juro que me acostumo a tudo.)
os dois apontam para a desintegracao, tema perigoso pra mim, ja que me fascina um tanto. no argentino, uma mulher passa longas ferias em uma praia deserta no uruguai e vai se desprendendo de sua vida anterior. no de bellow, o protagonista esta de fato se desintegrando. cansado por demais de divorcios, problemas, cansado da vida. um sentimento que entendo. nao ocorre a voces que em algum momento voces se diriam - e isso, cansei, da muito trabalho se manter, se sustentar, procurar por sexo, pagar as contas, tomar banho?
a mim certamente ocorre e temo e tambem antecipo o momento. com frequencia olho meus objetos e eles me pesam tanto. o fardo de ter uma casa, livros, roupas, identidade. a mitologia franciscana me interessa quase nada (menos ainda andar descalzo) mas a ideia de nao ter nada...de se perder em um pais estranho onde nadie te conoce...
os dois apontam para a desintegracao, tema perigoso pra mim, ja que me fascina um tanto. no argentino, uma mulher passa longas ferias em uma praia deserta no uruguai e vai se desprendendo de sua vida anterior. no de bellow, o protagonista esta de fato se desintegrando. cansado por demais de divorcios, problemas, cansado da vida. um sentimento que entendo. nao ocorre a voces que em algum momento voces se diriam - e isso, cansei, da muito trabalho se manter, se sustentar, procurar por sexo, pagar as contas, tomar banho?
a mim certamente ocorre e temo e tambem antecipo o momento. com frequencia olho meus objetos e eles me pesam tanto. o fardo de ter uma casa, livros, roupas, identidade. a mitologia franciscana me interessa quase nada (menos ainda andar descalzo) mas a ideia de nao ter nada...de se perder em um pais estranho onde nadie te conoce...
voces nao querem saber, mas a umidade (nada relativa) do ar nessa cidade varia, no inverno, entre 90 a 100 por cento. literalmente, folks, nao e uma figura de linguagem. se voces estao imaginando como e, well, e como andar sobre agua, respirar agua, dormir envolto em um lencol de agua. tudo apodrece. forget about the lovely cliches of gray weather.
segunda-feira, junho 23, 2003
tomb raider
Coisas do entusiasmo. Aventuras domésticas. Minha casa tem um porao que é como um mundo, camadas de vidas dos proprietarios anteriores, soterradas em po. Ja resgatei de tudo por la - ventilador, luminaria, mesa, o que se possa imaginar. E na quinta, buscando uma antena para a tv, em um entusiasmo juvenil de tomb raider, acertei minha cabeça com todo entusiasmo em uma viga perversamente baixa. cena classica: você olha sua mao e é so sangue. jorrando. Alvoroço entre os parentes, roupas manchadas de sangue e um passeio ao hospital. o cérebro continua funcionando,in case you´re wondering, so passei um dia enfaixado como um paja. Tudo isso por uma antena de tv. Piada familiar do momento e moral da estoria: sempre achei que tv fazia mal à cabeça.
Coisas do entusiasmo. Aventuras domésticas. Minha casa tem um porao que é como um mundo, camadas de vidas dos proprietarios anteriores, soterradas em po. Ja resgatei de tudo por la - ventilador, luminaria, mesa, o que se possa imaginar. E na quinta, buscando uma antena para a tv, em um entusiasmo juvenil de tomb raider, acertei minha cabeça com todo entusiasmo em uma viga perversamente baixa. cena classica: você olha sua mao e é so sangue. jorrando. Alvoroço entre os parentes, roupas manchadas de sangue e um passeio ao hospital. o cérebro continua funcionando,in case you´re wondering, so passei um dia enfaixado como um paja. Tudo isso por uma antena de tv. Piada familiar do momento e moral da estoria: sempre achei que tv fazia mal à cabeça.
quarta-feira, junho 18, 2003
segunda-feira, junho 16, 2003
mirando longamente o patio. juro que por meia hora foi so que fiz. houve um tempo em que o patio era a alma da casa, me dizia andrea. onde ficava o poço e os suprimentos. e um sapo.
basicamente livros espalhados pela casa, uma cama no quarto do andar de cima, um fogao deliciosamente velho, uma geladeira idem e é isso. so peças e mais peças de espaço. nao me canso de percorrer, de demarcar, de visualizar. ha um vao misterioso embaixo da escada, um porao abissal que é um mundo de objetos e dust, um elevador de comida desativado... a casa é cheia de sinais mudos, de coisas que nao aconteceram ou que deixaram de. o domingo foi passado assim, andando, vendo, considerando.
basicamente livros espalhados pela casa, uma cama no quarto do andar de cima, um fogao deliciosamente velho, uma geladeira idem e é isso. so peças e mais peças de espaço. nao me canso de percorrer, de demarcar, de visualizar. ha um vao misterioso embaixo da escada, um porao abissal que é um mundo de objetos e dust, um elevador de comida desativado... a casa é cheia de sinais mudos, de coisas que nao aconteceram ou que deixaram de. o domingo foi passado assim, andando, vendo, considerando.
terça-feira, junho 10, 2003
segunda-feira, junho 09, 2003
Ainda a anti-mona-lisa
Outra explicação: ela tem consciência de classe. Ou algo assim. Ela vê o mundo com um balcão no meio. Quem está do outro lado está do outro lado. Eu a vi com os rapazes do posto:rindo, fazendo piadas. Ela é one of the guys, you know? No momento que volta para o balcão, ela fecha a cara. Cortesia profissional, mínima. So, I´m the enemy.
Outra explicação: ela tem consciência de classe. Ou algo assim. Ela vê o mundo com um balcão no meio. Quem está do outro lado está do outro lado. Eu a vi com os rapazes do posto:rindo, fazendo piadas. Ela é one of the guys, you know? No momento que volta para o balcão, ela fecha a cara. Cortesia profissional, mínima. So, I´m the enemy.
sexta-feira, junho 06, 2003
Noticias de casa
E Oh finds a home. Uma casa no horizonte. Absurdamente grande, como podem ser as casas daqui. Tres quartos, patio, uma garagem estudio em que uno pode se perder...por metade do que pagava por um apartamento em Porto Alegre. Ele sorri a toa imaginando desenhos para a casa. Uma cesta de basquete no estudio? Um quarto so para os livros? Espaco para andar remoendo pelas noites. Ah, e nenhum vizinho, oh dio. Oh compra discos e arquiteta montar um daqueles sons antigos, com prato e caixas enormes. Os mates nesse patio prometem. A vida sorri.
E Oh finds a home. Uma casa no horizonte. Absurdamente grande, como podem ser as casas daqui. Tres quartos, patio, uma garagem estudio em que uno pode se perder...por metade do que pagava por um apartamento em Porto Alegre. Ele sorri a toa imaginando desenhos para a casa. Uma cesta de basquete no estudio? Um quarto so para os livros? Espaco para andar remoendo pelas noites. Ah, e nenhum vizinho, oh dio. Oh compra discos e arquiteta montar um daqueles sons antigos, com prato e caixas enormes. Os mates nesse patio prometem. A vida sorri.
segunda-feira, junho 02, 2003
A Anti-Mona-Lisa
Intrigado com a garota do posto. Um mês nessa cidade, três ou quatro vezes por semana estou lá comprando cigarros e não consigo nunca que ela me chame de outra coisa além de senhor. O mesmo olhar fechado de desconhecimento. Não consigo evoluir para um oi amigável. Não consigo que ela lembre qual é meu cigarro.
Ela tem aquele rosto vagamente masculino que me encanta, as maçãs do rosto proeminentes, aquele ar de quem está no mundo, sem dúvidas. E no entanto. É como se ela sofresse do mal do personagem de Amnésia - a cada dia sou um novo estranho querendo sabe-se lá o quê. Um sorriso parece um ideal inalcançável.
Intrigado com a garota do posto. Um mês nessa cidade, três ou quatro vezes por semana estou lá comprando cigarros e não consigo nunca que ela me chame de outra coisa além de senhor. O mesmo olhar fechado de desconhecimento. Não consigo evoluir para um oi amigável. Não consigo que ela lembre qual é meu cigarro.
Ela tem aquele rosto vagamente masculino que me encanta, as maçãs do rosto proeminentes, aquele ar de quem está no mundo, sem dúvidas. E no entanto. É como se ela sofresse do mal do personagem de Amnésia - a cada dia sou um novo estranho querendo sabe-se lá o quê. Um sorriso parece um ideal inalcançável.
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