segunda-feira, fevereiro 26, 2007


nunca me permiti não ter tempo. sempre tenho tempo para ler, para ouvir música, para fazer o que essa cabeça diletante quer. mas andava longe do jazz. longe, longe. mais uma falta do estado de espírito certo. mas ontem ouvi longamente um disco maravilhoso: thelonius plays duke ellington. cortazar vendo monk no palco, falou que lembrava muito de um urso bêbado se aproximando do piano. e não é difícil imaginar esse urso tocando. é como se suas patas não coubesse no teclado, os acordes são sujos, maravilhosamente impuros. e assimétricos e quase sobrepostos. é estranheza por toda parte. são espelhos quebrando por sobre as partituras de duke, é como um marciano tentando entender que coisa é esse piano, que coisa é essa música de duke ellington. eu podia amontoar metáforas aqui indefinidamente. basta dizer que é um disco muito rico, cheio de espaço e de humor, um lugar maravilhoso para se visitar. a capa é uma pintura de rousseau e tem um leão (ao invés de um urso) aparentemente embaraçado por ser interrompido no meio de uma refeição. ou talvez nós estejamos embaraçados por interrompê-lo. ele parece estar completamente à vontade com a boca cheia e metade de um animal para fora. um momento de humor e estranheza, perfeito para monk.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

borges dizia que o romance é o monstro impuro. não há como manter a intensidade, a clareza, a excelência que é aplicada em um conto, onde cada linha importa. ou há como, mas o pobre romancista não acabaria um livro em vida. lidando com isso, dia a dia. em uma história de 4 ou 5 páginas, há dois ou três quadrinhos que você gostaria de mudar. em um álbum, quando você passa da vigésima página, você começa a se desesperar pensando nessas imperfeições. (by the way, estou chegando à trigésima.)

mais um pensamento incompleto para minha coleção.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

carnaval = estado de sítio. me sinto como o personagem de ionesco, cercado, a rua cheia de humanos que gritam que é ótimo ser rinoceronte. se sai de casa por sua conta e risco. uma mistura de calcutá com bahia. comprar pão ou devolver um filme é uma aventura. notas para o próximo ano: a casa tem que ter ar condicionado e o dobro de provisões.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

preparando meu pacote para o carnaval no rio. que se constitui de uma geladeira cheia, livros, filmes e minha mesa de desenho. e uma esperança enorme que os nativos passem longe lá de casa.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

hmmm, por supuesto não posso ser o único certo, mas me pergunto o que o mundo achou de errado em lady in the water, o novo shyamalayan. vi ontem, com algum atraso e fiquei absolutamente encantado. e encantado, por clichê que seja a palavra, é o termo exato. no sentido de estar sob o efeito de. achei que o filme tinha uma atmosfera palpável, que não se dissolvia ao acabar.
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mas eu sei, claro, o que o mundo achou de errado. eu li algumas críticas. me pergunto se ser um leitor de quadrinhos, como sou (e como o diretor é) não ajuda. porque nos quadrinhos não há idéia extravagante demais. hey, metade da indústria dos quadrinhos se sustenta com personagens que voam. basicamente parece que grande parte do público rejeitou a fantasia. essa estranha idéia de que o cinema deve ser mais realista. estranha para mim, eu entro no cinema querendo ser enganado. me engane! afinal, tudo é ilusão no cinema, tudo é maravilhosa mentira. eu odiava aquele infame mister M., com todas minhas forças. como é que uma criatura baixa daquelas ganhava a vida revelando os segredos dos mágicos? e como é que as pessoas queriam saber? dio mio.
eu sempre fico indatisfeito de postar aqui esses pensamentos quebrados e incompletos, mas o tempo anda tão escasso. são esboços, anotações no escuro. forgive me.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

o blogger descobriu que a maior parte dos sereshumanos não sabe html e agora ficou ridiculamente fácil mexer no layout do blog. então, deve melhorar aos poucos. paciência, amigos estetas.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

os dias, ah os dias. a tal vida de artista.acordo, como todo mundo. mais tonto de sono do que uns, mais devagar que outros. café, por supuesto. nicotina. depois preciso de uma meia hora sentado no sofá, ainda com os sonhos enredados no cabelo. olhando pro nada. depois, o transporte até o trabalho. no meu caso, são dois passos do sofá até a mesa. juro que às vezes parece longe. e se o sol está derretendo o rio de janeiro lá fora? fecho as janelas, portas, tudo. vampiro. hmm, deixa eu ver. tenho seis páginas prontas. faltam só cento e cinquenta. ah, tá.
o curioso é que o desafio não é desenhar melhor. é ter coragem de desenhar o que você sabe. e você quase sempre sabe (pode) mais do que pensa que sabe. dizendo,não faz muito sentido.mas quem faz, sabeo que é isso. você busca maneiras de se enganar, de desenhar enquanto está distraído. o melhor desenho, aquele que você busca, está logo ali, dobrando a esquina. se pelo menos você não prestasse tanta atenção. talvez leminski tivesse razão: distraídos venceremos.
eu ia fazer um relato mais detalhado, mas me perdi. ou perdi a paciência. tá bom assim?
ah, sim, tem um desenhinho do projeto ali no flickr.